THE WASHINGTON POST
Nas últimas semanas, duas grandes histórias foram manchetes nos jornais americanos: a reorganização do departamento de Segurança Interna e o anúncio da detenção de um suspeito que planejava explodir uma "bomba suja" (que dispersa substâncias radioativas) na capital dos Estados Unidos.
As notícias surpreenderam a todos ? a reestruturação da pasta de Segurança estava sendo feita em segredo desde abril, e o suposto terrorista está sob custódia desde 8 de maio. Michael Getler, ombudsman do Washington Post, comenta em sua coluna de 16/6 que tais revelações sucederam um período de intensa reportagem sobre o que as agências de espionagem e o governo sabiam antes do 11 de setembro.
Conta o ombudsman que o plano de reorganização foi anunciado no mesmo dia em que Coleen Rowley, do FBI, depôs no Congresso, dizendo que a burocracia da agência e seus procedimentos secretos atrapalharam a luta contra o terrorismo. A história saiu na página 2 porque os editores do Washington Post não acharam que o testemunho trazia fatos novos. Getler, no entanto, pensa que tal evento "extraordinário" é notícia por si só, e merecia espaço na primeira página, como de fato ganhou em outros veículos. Para ele, a comparação com os concorrentes passa a impressão de que o jornal se deixou levar pela revelação oportuna do governo Bush.
Já a história da bomba suja foi destaque em toda a imprensa, e embora a matéria do Post ? publicada na página 11 ? incluísse depoimentos muito menos alarmantes do que a declaração do secretário de Justiça John Ashcroft, foi o USA Today que reuniu tais opiniões divergentes e deu a manchete: "Ameaça de ?bomba suja? abrandada: advertência de Ashcroft aborrece Casa Branca". No dia seguinte, matéria do Post dizia que membros do governo acharam o discurso desnecessariamente alarmista. Novamente, Getler acha que esta história, por ser um assunto importante, merecia a primeira página.