LULA E O SUPREMO
Marinilda Carvalho
Uma chamada no Jornal Nacional da quinta-feira (18/9) dizia: "O presidente Lula não comparece à cerimônia de aniversário do Supremo". A notícia era igualzinha, nada acrescentava, praticamente uma repetição da chamada. A Globo, assim como boa parte dos jornais, parecia querer insinuar que o não-comparecimento do presidente à cerimônia refletia de alguma maneira desentendimento entre Lula e os ministros, especialmente o presidente do STF, Maurício Corrêa, que andou criticando a reforma da previdência e aproveitou a "intriga" para fazer declarações bombásticas, tipo "o não-comparecimento afeta a Casa, não a mim". Mas há outra versão para a ausência: simplesmente, o presidente estava numa cerimônia no Itamarati. E por que ir à cerimônia no Itamarati, e não à do Supremo?
Anualmente, comemora-se em abril o Dia do Diplomata, em que ocorrem três cerimônias no Itamarati: a formatura de uma turma do Instituto Rio Branco, uma série de condecorações (não somente de diplomatas, mas também de autoridades diversas, ministros como Marina Silva, políticos como João Paulo Cunha etc.) e um almoço. Tradicionalmente, as três cerimônias contam com a presença do presidente. Como a agenda de Lula não permitia que ele comparecesse em abril, transferiram-se as comemorações para setembro, exclusivamente por causa dos compromissos do presidente.
Apuração fácil
Depois de tudo marcado, veio o convite do Supremo a Lula. O que o presidente deveria fazer? Deixar de ir ao Itamarati, que mudou a data do Dia do Diplomata exclusivamente para adequar-se à agenda do presidente?
Na verdade, Lula até se atrasou, chegou tarde à comemoração. Soube-se depois que o atraso se deu porque Lula chegou a considerar a hipótese de não aparecer a nenhuma das cerimônias, para evitar ciúmes de um lado ou de outro. Por fim, decidiu-se pelo Itamarati, que o convidara primeiro, e com muita antecedência.
Portanto, essas notícias da imprensa cheiram a intriga. E logo num assunto tão fácil de apurar.