TANURE & GAZETA
“Tanure, do JB, negocia mais uma vez a compra da Gazeta Mercantil”, copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 24/7/03
“O imbróglio em torno de uma solução para a crise financeira do jornal Gazeta Mercantil, que há dois anos enfrenta dificuldades para se manter, pode estar próximo de um desfecho: estão sendo acertados os detalhes de uma parceria com Nelson Tanure, dono do Jornal do Brasil, o JB.
?Ainda não definimos juridicamente se será uma espécie de arrendamento, cessão ou uso da marca para a empresa de Tanure?, afirmou à Reuters o diretor jurídico da Gazeta, Aílton Trevisan.
Fundado há 8 décadas, o jornal enfrenta dificuldades atribuídas à retração no mercado publicitário. A empresa ainda não depositou os salários de junho e deve outros oito dos últimos 24 meses. Os funcionário chegaram a fazer greve por quase um mês.
Não é a primeira vez que Tanure, que também é proprietário da Companhia Brasileira de Mídia (CBM), tenta assumir a Gazeta Mercantil. O empresário chegou a injetar R$ 2,6 milhões no jornal em 2001, quando chegou a ser desenhado um acordo.
Como o negócio não avançou na ocasião, a relação entre Tanure e o dono da Gazeta, Luiz Fernando Levy, ficou abalada com o início de briga jurídica, inclusive com acusações mútuas pela imprensa.
As negociações entre Tanure e Levy teriam sido retomadas depois do fracasso da venda do controle da Gazeta para o dono da empresa Marítima Petróleo e Engenharia, German Efromovitch. Nesse ínterim, O Estado de S. Paulo também teria negociado com Levy.
O diretor de assuntos corporativos do JB, Reinaldo Paes Barreto, disse que ainda não há data para a assinatura do acordo, mas até o final da próxima semana as partes envolvidas terão nova reunião.
Segundo Barreto, junto com a marca arrestada pela Justiça a pedido dos funcionários por conta de salários não pagos, cujo valor é estimado em R$ 60 milhões, o passivo total da Gazeta gira entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões.
?Para resgatar a marca, o passivo terá que ser pago?, disse Barreto, informando que se for fechado o negócio a intenção é renegociar esse passivo com os empregados.
A notícia pegou os funcionários de surpresa e o advogado da associação que os representa, Ronaldo Martins, informou que vai retomar todas as ações na Justiça que haviam sido suspensas. ?Demos uma trégua pois haviam sinais de normalização?, disse.
Martins afirmou que o Levy não pode arrendar o jornal para o empresário Tanure. ?Qualquer coisa que se faça com a marca, vender, arrendar, é cabível de recurso, porque está arrestada?, afirmou Martins, que aguarda apenas a confirmação do negócio para entrar com recurso judicial.”
“Nelson Tanure fecha acordo para arrendar a marca Gazeta Mercantil”, copyright O Globo, 24/7/03
“O diretor-responsável e presidente da Gazeta Mercantil S/A, Luiz Fernando Levy, anunciou ontem um acordo firmado com o empresário Nelson Tanure e a Editora JB, para criação de uma nova empresa, além do arrendamento da marca Gazeta Mercantil pela Companhia Brasileira de Mídia (CBM), hoje proprietária do ?Jornal do Brasil? e da revista ?Forbes Brasil?. A assinatura do contrato está marcada para o dia 4 de agosto.
Pelo acordo, no dia 31 de julho, todos os funcionários da Gazeta no Brasil (cerca de 600) serão demitidos e a empresa deixa de existir. Os empregados desligados cumprirão um mês de aviso prévio e, em seguida, serão contratados pela nova empresa, ainda sem nome.
A equipe de jornalistas contratada será responsável pela produção do jornal. A Editora JB se encarregará da impressão e comercialização. Os termos do negócio incluem também a Brasilinvest, do empresário Mario Garnero. Sua empresa será a representante oficial de Tanure na captação de novos investidores para a empresa.
Funcionários querem receber salários atrasados
Mas o acordo só será sacramentado com o aval dos membros da Associação de Empregados, Prestadores de Serviço e Credores da Gazeta Mercantil, detentores da marca da empresa, por meio de liminar. Os empregados aprovam a negociação, desde que garanta o pagamento das dívidas trabalhistas, hoje em torno de R$ 100 milhões.
– Não vamos tomar qualquer iniciativa de barrar o acordo ou colocar obstáculos desde que sejam cumpridos os interesses dos funcionários – diz o advogado Ronaldo Martins, que representa a associação.
O diretor da Companhia Brasileira de Mídia, Paulo Marinho, confirmou o acordo:
– Nossa intenção é recuperar a companhia do ponto de vista financeiro, mantendo o comando editorial nas mãos do Luiz Fernando Levy. Editorialmente, não haverá modificações. Faz parte do acordo o pagamento, aos funcionários, do passivo trabalhista – disse Marinho.
O negócio com a Gazeta segue o modelo adotado por Tanure quando se tornou controlador do ?Jornal do Brasil?. A antiga Gazeta Mercantil S/A deve ficar com a maioria dos passivos da companhia (com exceção do trabalhista) e a nova empresa, com a mesma marca, mas sem dívidas, passa a tocar o negócio.
Tanure já havia investido R$ 3 milhões na Gazeta num acordo preliminar que acabou não sendo concluído. O empresário havia comprado também, ano passado, créditos do Bank of America referentes a um lote de debêntures emitido pelo jornal e adquirido pelo banco em 1997. As debêntures tinham como garantia o controle do grupo editorial. Os papéis venceram em novembro de 1999 e não foram quitados. Tudo indica que o acordo fechado ontem leva à execução das garantias em consideração, o que não foi confirmado por Paulo Marinho.”
“Tanure negocia com a ‘Gazeta Mercantil'”, copyright Folha de S.Paulo, 25/7/03
“A CBM (Companhia Brasileira de Mídia), empresa controlada pelo empresário Nélson Tanure, que administra o ?Jornal do Brasil?, decidiu negociar o arrendamento da ?Gazeta Mercantil?, controlada pelo empresário Luiz Fernando Levy.
De acordo com Reinaldo Barreto, diretor de assuntos institucionais do ?JB?, serão necessários pelos menos mais 90 dias de conversas entre as partes ?para que exista algo mais concreto?.
A Folha tentou entrar em contato com Luiz Fernando Levy, mas até o final da tarde de ontem ele não havia se manifestado.
A meta é criar outra empresa, livre das dívidas da atual (exceto as trabalhistas), que arrendará e passará a explorar a marca do jornal. Com isso, a companhia terá espaço para operar sem ter de lidar com a questão das dívidas.
Isso porque os débitos ficarão concentrados na empresa que já existe. A gestão editorial deve ficar com Levy.
A negociação pressupõe um acerto com os empregados do jornal sobre os créditos a receber.”