Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Cidade Biz

ASPAS

FOLHA vs. GLOBO?

"Folha reedita coluna de TV para atacar Rede Globo", copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 13/07/01

"A Folha de S. Paulo resolveu antecipar a volta da coluna assinada pelo crítico Nelson de Sá, Editor da Ilustrada, no primeiro caderno do jornal.

O crítico olha a política pela lente da tevê. Como a Folha é uma velha companheira de estrada do editor da Record, Boris Casoy, acaba sobrando apenas para o noticiário político veiculado pela Rede Globo.

Coincidência ou não, o jornal da família Frias aciona suas baterias contra o grupo editorial que, parceiro seu no jornal Valor Econômico, decidiu vir competir pelo mercado paulista com o Diário Popular, adquirido ao ex-governador Orestes Quércia.

Em fase de reestruturação, o Diário vai mudar de linha editorial e talvez até de título. Vai brigar com os grandes. A Folha é, assim como o Globo, o tipo de empresa que odeia concorrência.

"Bajuladores e azedos", copyright No. (www.no.com.br), 4/07/01

"Ainda não vi o show de Caetano Veloso, mas ainda não vi também maneira mais esquisita de criticar um show do que a de Pedro Alexandre Sanches, na Folha de S. Paulo de sábado, dia 30. Como um herói solitário a brandir inconformismo diante das mesuras que o compositor e cantor baiano estaria a receber de todos, Pedro dá voltas e voltas, distribuindo alfinetadas e provocações, para concluir que se trata, afinal… de um ?grande show?. É mesmo o que se diz. Mas o assunto aqui não é bem esse. E sim um pequeno trecho da crítica, que me parece expressar o sentimento de alguns círculos jornalísticos de São Paulo em relação à mídia do Rio. Diz o crítico que há na imprensa carioca um ?pique de direita festiva? a serviço da bajulação de Caetano. A observação, embora direcionada, extrapola, na verdade, o caso citado. Há, de fato, em áreas do jornalismo paulista, a percepção de que no Rio a imprensa tende a ser, de um modo geral, menos crítica, mais promíscua e condescendente com as estrelas.

Há algum fundamento nisso. O Rio é o centro do star-system tupiniquim, que se aglutina em torno da Rede Globo, a grande central do show-business brazuca, capaz, com suas novelas e programas, de catapultar pretendentes e veteranos a posições invejáveis na ?indústria?. A cidade convive, bem mais do que São Paulo, com um formigueiro de artistas, oriundos dos quatro cantos do país, que vivem correndo freneticamente em torno da emissora. Estar na Globo é a glória, é chegar ?lá? – e não vamos esquecer a emblemática reação do energético paulista Luciano Hulk, aos ser convidado pela Vênus, proclamando que tatuaria o logotipo Global em sua própria pele…

No jornalismo, apesar da concorrência, a Globo também exerce enorme atração no Rio. Há uma legião de candidatos ao estrelato jornalístico Global. Gente jovem, que tem como padrão aquelas matérias adocicadas e boazinhas com as quais a emissora brinda, bajula e realimenta sua própria fábrica de celebridades. Em outra escala, a bem da verdade, nossa Hollywood tropical não funciona de forma muito diferente do padrão internacional.

Esquematicamente, São Paulo, em sentido inverso, vestiu-se (tendo como paradigma a Folha) do papel de consciência crítica, estabelecendo como referência importante, embora não única, um padrão anti-Globo. O brilho do jornalismo cultural paulista tem sido o da polêmica, do ataque e, freqüentemente, o da demolição. Assessores de imprensa têm medo da imprensa paulista. Ficam em pânico com o que fulaninho da Folha vai dizer ou deixar de dizer.

É desejável que a opinião de um veículo seja temida, se o temor significa respeito e reconhecimento do rigor. Bem diferente é o temor pela bala perdida, pelo tiro a esmo, pelas oscilações do humor ou pela predisposição irremovível ao ataque. Se no Rio o padrão oba-oba Global seduz as mentes de jovens candidatos ao jornalismo cultural, em São Paulo, ser malvado e ?crítico? virou receita de sucesso.

Digo isso com tranqüilidade, porque tenho muitos laços com tudo isso, tendo participado do processo de transformação da Ilustrada numa referência importante do jornalismo cultural, numa época em que o ataque a determinados dogmas e personagens hegemônicas da cultura tinha conteúdo político e casava-se com a estratégia estridente do jornal. Tratava-se, ainda, de fustigar o padrão populista da cultura, a tradição do intelectual do Partido, o preconceito nacionalista, o recalque das manifestações desviantes, dos internacionalismos e da produção tida como meramente formalista.

Mais recentemente, o jornalismo cultural paulista veio a contrapor-se de forma sistemática à geléia-geral do primeiro Brasil tucano, ao acriticismo generalizado e à a condescendência alegre de certas estrelas com um ambiente cultural bunda e borbulhante, caricatura cafona da cafonice show-business LA-Miami. Ambiente, diga-se, que teve e ainda tem no mercado de São Paulo seu principal alimentador. Resultou daí alguma polêmica de interesse, com o próprio Caetano procurando reverter a leitura, acusando os promotores (entre eles eu) de preconceituosos em relação à cultura de massas. Boa tentativa. Hoje, não consigo perceber direito que combate se trava, se é que se trava. É como se a forma do jornalismo cultural crítico tivesse definitivamente virado fórmula, ganhando autonomia em relação ao conteúdo, que é convocado como disfarce, de forma confusa, para encenar uma politização que, na verdade, é o vácuo.

Bajulação carioca e azedume paulista. Duas más escolhas."

 

"Azedume, de Caetano a FHC", copyright Folha de S. Paulo, 10/07/01

"O jornalista Marcos Augusto Gonçalves escreveu na internet contra a crítica que Pedro Alexandre Sanches fez do show de Caetano Veloso, ?Noites do Norte? (Ilustrada, pág. E2, 30/6). Disse que a crítica, ou melhor, que o espírito crítico do jornal se tornou ?azedo?.

Incomodou em especial a politização buscada pela crítica, o paralelo -aliás, perfeito, cabal- que ela ergueu entre Caetano Veloso e a era FHC/ACM/Jader.

Não é o caso de replicar, neste espaço. O próprio crítico, se achar que vale a pena, cuidará disso. O citado jornalista, registre-se, andou pedindo a ele que respondesse.

Mas essa história não é nova e acho que já é hora de lembrar que a crítica, azeda, insistente ou o que for, é talvez o melhor que este jornal trouxe ao país. Muitas vezes repetitiva, muitas vezes negativa, mas ninguém fica aqui para agradar a Caetano ou a Fernando Henrique.

Por crítica, é claro, não se entenda somente a resenha de um show ou a cobertura de artes -embora esta seja uma das áreas em que isso é mais marcante há quase três décadas, desde que Paulo Francis e Tarso de Castro apareceram na Redação com a bagagem de ?O Pasquim?.

Desde então, muita coisa passou, a crítica andou por vezes adormecida. Mas ela é persistente por aqui, sempre acorda.

O artigo contra a crítica saiu num site dos grupos Opportunity, GP Investimentos e La Fonte, de repercussão entre jornalistas.

O grande legado da era FHC é o encontro do capital estrangeiro com esses e outros grupos de investimento, que ganharam expressão nos anos de privatização. Foi o que o sociólogo Francisco de Oliveira disse ao editor de Brasil, Fernando de Barros e Silva (ed. de 7/5, pág. A6), numa entrevista que acabou detonando uma corrida para o balanço dos anos Fernando Henrique.

O grande legado é toda uma ?nova burguesia?, na expressão cunhada na entrevista. Ela mostra seus efeitos em muitas partes, da internet à televisão, do futebol às artes -com peças milionárias, por exemplo, intituladas ?Les Misérables?.

Mas é preciso tomar cuidado com tal raciocínio, avisa o mesmo Fernando Barros, também ele ?azedo?. Neste momento em que muitos querem fazer o balanço, um ano e meio antes da hora, uma tese assim é tudo o que desejam os sofistas tucanos.

Em outras palavras, essa ?nova burguesia?, tão próxima do poder quanto a ?velha?, ainda será trombeteada pelos porta-vozes como uma vitória da modernização.

A ?velha burguesia? dá de ombros e, renovada ela também por capital externo, já se prepara para a sucessão em Brasília. Ou, como sempre faz, prepara a sucessão. Com um pé num governo e tentáculos no próximo, seja ele o que for.

Que o diga a petista Marta Suplicy, ela que se elegeu com agradecimentos públicos à Rede Globo.

Aproveito isso tudo, da crítica à sucessão, para avisar ao leitor (e a Janio de Freitas, que tanto queria) que a azeda coluna ?No Ar? estará de volta a partir de amanhã. (Nelson de Sá é editor da Ilustrada.)"

 

"Caetano", copyright Folha de S. Paulo, 11/07/01

"O maledicente ?registro? feito pelo sr. Nelson de Sá ontem (?Azedume, de Caetano a FHC?, Opinião, pág. A2) não corresponde à realidade. Não ?andei pedindo?, coisíssima nenhuma, que o crítico da Ilustrada Pedro Alexandre Sanches respondesse à crítica que escrevi na internet. Apenas lhe enviei um e-mail avisando-o da crítica (temos um relacionamento, até aqui, cordato) e colocando o espaço à disposição, caso desejasse usá-lo para responder. Marcos Augusto Gonçalves, São Paulo, SP)"

 

"Quatro cebolas médias", copyright Folha de S. Paulo, 13/07/01

"- Depois de salgado tem que ficar 24 horas na água. Pode ser um pedaço menor, depende do gosto.

Era o ministro da Educação, que sonha ser candidato, em mangas de camisa, diante da mesa com carne seca, cebola, alho – dando sua receita de arroz-de-carreteiro.

O diálogo seguiu com Claudete Troiano, do programa Note e Anote, lendo a receita:

– Duas xícaras de chá de arroz. Quatro cebolas médias. Cinco tomates, com a pele sem semente. Um pimentão amarelo. Óleo de milho?

E o ministro Paulo Renato, tentando:

– É o ideal. Eu uso de milho.

– Sal a gosto?

– Sal em geral eu não ponho, porque sempre fica um pouquinho. Só se saiu muito.

Não estava colando ? e a apresentadora perguntou, desconfiada:

– Mas é verdade? O senhor cozinha mesmo ou é só aqui?

– Não, eu cozinho em muito fim de semana.

– Qual é o nome da sua esposa?

– É a Carla. Minha namorada.

Pausa. E foram fritar cebolas. É o que dá tentar ser candidato a qualquer preço.

***

Paulo Renato estivera horas antes na platéia do discurso eleitoral de FHC, no aniversário do Plano Real, bem como Tasso Jereissati.

José Serra e Geraldo Alckmin, que fecham a lista dos quatro principais nomes tucanos para presidente, tinham mais o que fazer -ao que parece.

Boris Casoy comentou, depois de FHC criticar as oposições e dizer que vai vencer quem estiver à sua frente:

– Depois de sete anos, as pessoas querem olhar para a frente. Não querem ficar comemorando o Plano Real para o resto da vida.

***

Um dia antes, quarta-feira, FHC falou à solta do ?risco de crise institucional? na Argentina. Ontem, só faltou pedir desculpas, no discurso, nos telejornais:

– Nós ardentemente torcemos para que a Argentina resolva suas questões. Não é certo que o governo esteja esperando alguma explosão. Portanto, nós não estamos nessa torcida. Nossa torcida é outra.

***

De William Bonner, depois do ?pânico? em Salvador:

– Estudantes protestaram contra o ex-senador Antonio Carlos Magalhães.

A Globo não dá folga."

    
    
                     

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