FSP & OESP, JUNTOS
"Folha e Estadão: agora, a tiragem e a venda de verdade", copyright CidadeBiz (www.cidadebiz.com.br), 28/09/01
"Fora o ineditismo, aqui no Brasil, de uma associação comercial que reúna dois dos mais ferozes competidores na área da imprensa, a empresa S. Paulo Distribuição e Logística Ltda., anunciada na quinta-feira pelos Grupo Estado e Folha, traz outra novidade.
Pela primeira vez, os concorrentes vão ter acesso à informação sobre a tiragem dos jornais alheios e a venda real deles. Os números divulgados até hoje são mutuamente contestados.
A joint-venture de logística e distribuição (O Estadão e o Jornal da Tarde, de um lado, a Folha e o Agora, de outro) é comum nos Estados Unidos. Onde, aliás, esse tipo de tarefa é terceirizado pelas empresas jornalísticas."
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"Estado e Folha unificam suas empresas de distribuição", copyright CidadeBiz (www.cidadebiz.com.br), 27/09/01
"Com 30 anos de atraso nasceu, enfim, uma associação entre as duas maiores empresas jornalísticas de São Paulo, Estado e Folha, para a distribuição conjunta de seus jornais – e buscar abrir, pela prática da convivência, uma nova frente de oportunidades na mídia brasileira.
O que agora se tornou possível devido à pressão de custos e da concorrência, em 1971 só não aconteceu por causa da recusa do grupo Estado em ter qualquer tipo de sinergia com o rival da manchete de cada dia.
Partilhada igualmente pelas duas empresas a S. Paulo Distribuição e Logística, anunciada nesta quinta, é o primeiro exercício concreto, na mídia brasileira, da saudável fusão de serviços comuns entre grupos similares, sem qualquer ameaça à independência do negócio principal de cada um.
Já é assim em diversos setores no Brasil e lá fora. Mesmo no encarniçado mercado de cartões de crédito, as três bandeiras inimigas – Visa, Master e Amex -, partilham um centro unificado de transações, em Phoenix, Estados Unidos, controlado e administrado por um dos concorrentes, o American Express. Dividem os custos no que é comum a todos, e se esfolam no mercado, um querendo tirar o cliente do outro.
Com cabeça fria e pragmatismo, Folha e Estado deverão comportar-se do mesmo modo. Mas não deixou de ser perturbador para alguns ver a nova geração dos dois jornalões – Francisco Mesquita, diretor-superintendente do Estado, e Luis Frias, presidente da Folha – juntas numa mesma mesa, anunciando metas comuns. Eles esperam reduzir de 20% o custo de cada exemplar distribuído, aumentando portanto a margem por jornal vendido – e chegar em dois anos a uma economia global de 25%.
A nova empresa vai começar a atuar de maneira gradual, e até agosto do ano que vem já deverá estar cuidando da distribuição de todas as publicações dos dois veículos. O acordo prevê outras possibilidades de redução de custos comuns, mas por enquanto a união das frotas das duas empresas é o grande objetivo.
Logística revolucionária
No início da década de 70, Estado e Folha eram jornais que fechavam suas edições sem horário rígido. Foi quando a Folha inovou, estabelecendo que a redação tinha de terminar a edição até as 21h00, de forma que o primeiro exemplar começasse a sair da gráfica exatamente às 23h00.
Graças a essa logística, revolucionária para a época na mídia brasileira, a Folha foi durante anos o único jornal que a 1h00 já estava nas bancas paulistanas. E de manhã cedo em todo o interior e nas principais capitais.
Naquela ocasião, o então acionista da Folha, Carlos Caldeira, responsável pela parte industrial e comercial da empresa, propôs à família Mesquita uma parceria. Os dois jornais continuariam distintos em seu conteúdo, mas, segundo o visionário Caldeira, uma única estrutura se encarregaria de levá-los até as bancas. Os Mesquita disseram não.
Caldeira, já falecido, e seu sócio Otávio Frias, hoje único dono da Folha, não eram bem vistos pelos Mesquita. Jornalistas de velha estirpe, estranhavam o interesse dos dois empresários por um setor no qual não tinham nenhuma tradição.
Os Mesquita também torciam o nariz para a proximidade de Caldeira e Frias com os governos paulistas da época. Ambos, por exemplo, eram os concessionários da única rodoviária da cidade, que ficava na região da Luz. Com dificuldades, anos depois o Estado se equiparou à Folha em eficiência de logística de distribuição.
A nova geração no comando das duas empresas se encarregou de pôr fim às idiossincrasias entre suas famílias. E enfim os dois grupos, acossados também por um aumento brutal de custos, entenderam que era melhor juntar esforços naquilo que nada interfere na substância do que fazem – a opinião e o estilo editorial.
Novelo cheio de nós
Além dos custos, as duas empresas se vêem hoje também diante de um risco ainda não muito bem dimensionado, mas certamente não desprezível: a chegada a São Paulo do grupo Globo, da família Marinho, com a compra do Diário Popular. Que acaba de ser reestilizado e relançado com o nome Diário de São Paulo.
Com um concorrente poderoso no calcanhar, as duas grandes famílias da imprensa paulista acharam por bem que era hora de unir forçar e dividir o mesmo binóculo na prospecção do futuro. Francisco Mesquita e Luis Frias são defensores da abertura do mercado de mídia ao capital estrangeiro, até o limite de 30% de participação. E sobretudo consideram canhestra a proibição de que pessoas jurídicas, brasileiras ou não, sejam sócias de empresas jornalísticas.
Os irmãos Marinho concordam. Mas, veladamente, pressionam para que tais mudanças não sejam para já. Em 1997 eles chegaram a propor associação aos Mesquita, para lançar um novo jornal em São Paulo. E acabaram sócios dos Frias no jornal de economia Valor. Mas vincularam-se também aos Mesquita ao se associaram ao site de internet Planeta Imóveis.
A mídia brasileira se parece cada vez mais com um novelo cheio de nós. A aliança Estado-Folha é apenas mais um, e a tendência é de mais consolidações no setor em prazo bem curto."
"Folha e ?Estado? terão distribuição conjunta", copyright Folha de S. Paulo, 28/09/01
"A Folha e o ?O Estado de S. Paulo?, os dois maiores jornais do país, anunciaram ontem a criação de uma nova empresa para a distribuição de seus exemplares em todo o Brasil.
A S. Paulo Distribuição e Logística Ltda. é uma parceria inédita entre os grupos que editam a Folha e o ?O Estado de S. Paulo?.
Os dois grupos serão sócios em partes iguais na nova companhia, que nasce com uma previsão de faturamento anual da ordem de R$ 150 milhões.
Com a criação da nova empresa, os grupos Folha e Estado, rivais históricos no mercado jornalístico paulista, pretendem garantir a entrega dos jornais que editam até, no máximo, 6h30 da manhã na Grande São Paulo.
O ganho de escala e a melhoria na logística de distribuição também deverão antecipar o horário de entrega dos jornais no interior de São Paulo e em outros Estados.
A nova empresa ainda fará a entrega de outros produtos editoriais, encomendas expressas e material vendido pela internet.
Vai atuar em 927 cidades do Brasil, percorrendo mais de 50 mil quilômetros, e terá a maior cobertura, entre as grandes do setor, no Estado de São Paulo.
Diariamente, a S. Paulo Distribuição e Logística Ltda. entregará 1 milhão de jornais, tornando-se a maior empresa do gênero da América Latina.
Além da distribuição dos dois principais jornais editados pelos grupos Folha e Estado, a nova empresa será responsável pela entrega dos títulos ?Agora?, do Grupo Folha, ?Valor Econômico?, resultado de parceria entre Grupo Folha e Organizações Globo, e ?Jornal da Tarde?, do Grupo Estado.
A distribuição dos cinco jornais editados por Folha e Estado garantirá a presença diária da logística da S. Paulo Distribuição e Logística Ltda. em 700 mil domicílios do país.
A operação contará com uma frota de mais de mil veículos e envolverá cerca de 30 mil pessoas.
Independência
A parceria entre os grupos Folha e Estado na distribuição de jornais e demais produtos não terá nenhuma influência na independência editorial e financeira das duas empresas jornalísticas. Também continuarão distintas todas as operações comerciais que mantêm atualmente.
?Com a revoluç&aatilde;o digital, a competição concentrou-se na qualidade editorial de cada produto e não mais na distribuição?, diz Luís Frias, presidente do Grupo Folha. ?Então, nada mais lógico do que aumentar a eficiência para os assinantes e leitores dos dois lados via aumento de escala.?
Para Francisco Mesquita Neto, diretor-superintendente do Grupo Estado, ?a parceria entre empresas modernas é uma tendência mundial e uma forma de atender, com uma logística sofisticada, a demanda crescente e variada de seus clientes quanto a horários de entrega, serviços e qualidade?.
A iniciativa de otimizar a circulação dos jornais editados por Folha e Estado deve representar uma melhora de 30% nos índices de eficiência e de qualidade de distribuição em função do aumento de escala.
A criação da S. Paulo Distribuição e Logística Ltda. segue tendência mundial de vários setores, de alimentos a bancos, de reduzir despesas com transporte a fim de manter investimentos e a qualidade de seus produtos finais.
Implantação progressiva
O principal executivo do novo empreendimento será contratado no mercado e responderá a um conselho de administração formado por quatro representantes, sendo dois de cada lado.
A implantação dos serviços da empresa será progressiva. Estima-se que toda a carga de exemplares esteja sendo distribuída por ela até agosto de 2002.
No mercado editorial, a necessidade de eliminar custos vem se acentuando por dois fatores principais: aumento no preço do papel e queda na receita publicitária.
Nos últimos 18 meses, o preço da tonelada do papel dobrou, passando de R$ 800 para R$ 1,6 mil. Dentro e fora do Brasil, o papel é cotado em dólar. O reflexo de uma recente queda de preços no mercado internacional não beneficiou o Brasil, pois o dólar se valorizou cerca de 40% no ano em relação ao real.
O consumo de papel e tinta representa cerca de 30% dos custos totais da Folha. Os jornais também vêm sentindo os efeitos do desaquecimento do mercado publicitário, que prevê uma queda em torno de 15% no faturamento este ano.
Na área de transporte, também tem havido aumentos significativos, especialmente nos preços dos combustíveis e dos pedágios.
Paralelamente ao aumento nos custos, há um acirramento da concorrência entre as empresas jornalísticas, com o surgimento de novos títulos, entre jornais e revistas.
No início de abril, por exemplo, as Organizações Globo compraram em São Paulo o título ?Diário Popular?. O jornal passou por uma reforma gráfica e mudou de nome para ?Diário de S. Paulo?."