PULITZER
A predominância dos quatro grandes jornais na premiação do Pulitzer gerou polêmica. E os outros 1.474 diários americanos? Alguns culpam o ano de 2001, que foi realmente extraordinário: a maior matéria dos últimos tempos caiu literalmente no quintal do New York Times, que levou sete prêmios.
Mas, segundo Brent Cunningham, da Columbia Journalism Review (edição de março/junho), pesquisa dos vencedores desde 1950 revela que há uma tendência de concentração de prêmios: cada vez mais, poucos jornais ganham um número maior. A porcentagem de Pulitzers colecionados a cada década pelos cinco principais vencedores cresceu de 26% a 41% e, embora as categorias tenham aumentando de 85 para 140, a quantidade de publicações premiadas praticamente não se alterou.
Brent pergunta como explicar que apenas quatro jornais ? NYT, Washington Post, Los Angeles Times e Wall Street Journal ? possam esperar ganhar ao menos um prêmio por ano. Para Jay Harris, ex-publisher do San Jose Mercury News e integrante do conselho do Pulitzer, há uma disparidade de qualidade, "e temo que ela esteja crescendo". "Testemunhamos a redução do número de jornais com correspondentes na capital, em outros países ou com habilidade e disposição de enviá-los. Hoje, muitos diários dependem do NYT e dos serviços do LAT e do Post para quase todas as coberturas maiores."
A "corporativização" das notícias desempenhou um papel importante no aumento desta disparidade. Atualmente, muitos jornais pertencem a grandes companhias midiáticas e são administrados por executivos com pouca ou nenhuma ligação com a redação. Outro fator é o tamanho do orçamento: diários pequenos e com poucos recursos não podem sustentar projetos mais ambiciosos, e esta talvez não seja mesmo a melhor maneira de servir à comunidade.
Há quem defenda a criação de categorias para estes jornais, como James Ottaway Jr., presidente da Ottaway Newspapers Inc., que propõe a premiação de diários com circulação abaixo de 100 mil exemplares (que representam 93% do mercado americano). Mesmo assim, pergunta Brent, que limite estipular ? uma publicação de 5 mil cópias pode competir de forma igual com uma de 100 mil? A melhor maneira seria estabelecer critérios para escolha dos finalistas; atualmente, cabe aos jurados determinar o que torna uma matéria digna de reconhecimento.
INTERNET
A Belo, empresa proprietária de jornais e canais de TV a cabo nos EUA, exigiu que o sítio BarkingDogs.org parasse de dar links de notícias de seu diário, o Dallas Morning News, alegando que isso prejudica os lucros com patrocínio e viola direitos autorais. A única forma de remissão aceita seria para a página principal do sítio do jornal. O responsável pelo BarkingDogs.org, Avi Adelman, disse que não cumprirá a exigência.
No dia 9/5, a Public Citizen, organização de advogados sem fins lucrativos, interveio no desentendimento mandando carta à Belo na qual se diz contra o pedido da companhia. O presidente da instituição, Paul Levy acha que "a restrição a links diretos ameaça a viabilidade da internet". Ele aponta diversos casos semelhantes em que juízes consideraram improcedentes as reclamações de infração aos direitos autorais. De acordo com Carl Sullivan [Editor&Publisher, 10/5/02], a Public Citizen se dispôs a dar auxílio caso o problema vá parar na justiça.
Contudo, parece que isso não acontecerá, pois a Belo não tem enfatizado o caso. Seu porta-voz, Scott Baradell, disse houve muitos "problemas de comunicação e confusão sobre o assunto". Não quis nem citar que o desentendimento ocorreu entre o Dallas Morning News e o BarkingDogs.org: "Isto envolve a nós e um sítio em particular… É um caso isolado". Ele fez questão de dizer que não se tratava de uma perseguição aos links diretos em geral, provavelmente pela má repercussão que o incidente teve na comunidade da internet. De qualquer maneira, a argumentação da Belo perde muita força pelo fato de um de seus sítios também utilizar links diretos para páginas externas.