FOLHA DE S.PAULO
Na Ilustrada de sábado, 12/10, sob a retranca "Livros & Lançamentos" há cinco resenhas de novas obras: duas são internacionais e, das três restantes, nacionais, duas referem-se a livros de autores que pertencem ao quadro de colaboradores. No rigoroso The Economist (tão citado pela Folha) o leitor é informado num visível rodapé quando o autor do livro resenhado pertence ou pertenceu à revista. O mesmo acontece com os resenhistas que pertencem ou pertenceram à revista. O aviso tem duas funções: alertar os futuros críticos para não se exceder nos elogios e avisar os leitores para dar um desconto em eventuais louvores. Esta incidência de obras da Folha na Folha classifica-se como "reserva de mercado" ou "conflito de interesses"?
Isso é proteção! (A.D.)
ANALISTAS DE OCASIÃO
O trabalho que está sendo desenvolvido neste momento pela embaixada brasileira em Washington para consolidar o acervo produzido pelos brazilianistas é da maior importância para os estudos brasileiros. A designação apareceu nos anos 60 quando um grupo de jovens historiadores e cientistas sociais americanos (depois incorporando outras nacionalidades) veio fazer aqui o que era vedado aos colegas brasileiros: investigar o país e publicar as conclusões sem qualquer tipo de pressão ou embargo. Graças ao trabalho desses brazilianistas a bibliografia sobre o nosso país tornou-se uma das mais ricas do continente. Muitas dessas obras foram decisivas para alimentar a resistência intelectual ao regime militar. Com a redemocratização, mantiveram seu interesse continuando a produzir trabalhos de grande quilate. Além disso, manifestam-se freqüentemente na mídia brasileira com a indispensável postura e distanciamento acadêmicos mesmo quando tratam da conjuntura atual. Outros abrasileiram-se ? caso de um emérito estudioso da história luso-brasileira, Kenneth Maxwell, que, nas páginas vibrantes de Época, ganhou um recanto para dar apressadas entrevistas sobre o processo eleitoral em curso, sacada pura.
Isso não pega bem! (A.D.)
ÉPOCA
Em matéria eleitoral, até o presente momento, há duas unanimidades: o jubilo pela aposentadoria de alguns caciques jurássicos e o reconhecimento de que a mídia comporta-se razoavelmente. Mídia enquanto fenômeno, manifestação plural e genérica, já que é impossível estabelecer um ranking para as centenas de páginas publicadas diária ou semanalmente.
Natural que a sempre-jovem Folha seja a primeira a anunciar que foi (ou é) a melhor e já o fez nesta temporada arrogando-se à qualificação de mais imparcial dos jornais.
Agora, num surto de segunda mão, o semanário Época (7/10) proclama-se e autocongratula-se como o veículo mais imparcial de todos os impressos ? mais ainda que o carro-chefe do Grupo Globo ao qual pertence.
Para dar suporte ao imparcialíssimo certame sobre imparcialidade convocou um grupo de "argutos" críticos de mídia para endossar o resultado.
Isso pode ser fatal! (A.D.)