CHOCOLATE COM PIMENTA
“Horário pobre”, copyright Folha de S. Paulo, 31/08/03
“?Chocolate com Pimenta? estréia no próximo dia 8 com uma dura missão: colocar um ponto final na crise de audiência das 18h na Globo e voltar a dar repercussão ao horário, que já contou com as inesquecíveis ?Escrava Isaura? (76/77), ?Cabocla? (79) e ?Mulheres de Areia? (93).
A dificuldade de emplacar uma novela das seis de sucesso será um dos temas debatidos a partir de amanhã por autores, diretores e a cúpula da Globo, num encontro de três dias, em Angra dos Reis.
O assunto vai ser colocado em pauta por Ana Maria Moretzsohn, autora de ?Estrela-Guia? (2001), a novela da Sandy, a última a não dar problemas de audiência à emissora nessa faixa horária, com média de 31 pontos no Ibope (cada ponto equivale a 48,5 mil domicílios na Grande SP).
?É claro que há questões específicas de cada trama, mas o horário é bastante sacrificado. Novela das seis é coisa do tempo em que as pessoas já estavam em casa nessa hora. Hoje em dia, muita gente está presa nos congestionamentos?, diz Moretzsohn.
O autor Gilberto Braga, que se prepara para estrear sua nova novela das oito, ?Celebridade?, consagrou-se no horário das seis, nos anos 70, com várias novelas de sucesso, entre elas ?Escrava Isaura?. Mais de 20 anos depois, no entanto, penou nessa faixa com ?Força de um Desejo? (1999/2000).
?Comparando as novelas das seis que fiz nos anos 70 a ?Força de um Desejo?, a repercussão, agora, é bem menor. Algo mudou. Acho ?Força? bem superior ao que escrevi antes. E a repercussão deixava muito a desejar. Tenho a impressão de que as pessoas chegam mais tarde em casa?, disse Braga.
Moretzsohn, apesar do sucesso de ?Estrela-Guia?, também já teve muita dor de cabeça com o horário, quando escreveu ?Sabor da Paixão? (2002), que amargou 24 de média. ?Sabor? foi vítima de grande problema para as seis: o horário de verão. Quem se lembra de ver TV com sol às 17h? Até eu tinha de colocar despertador para não me esquecer de assistir à novela que eu mesma escrevia.?
O horário de verão é um problema já diagnosticado pela Globo. Tanto é que a emissora desistiu de prorrogar a atual ?Agora É que São Elas?, que, na fase final, recuperou-se no Ibope, para estrear ?Chocolate com Pimenta? um mês antes do início do horário de verão. Assim, a novela tem um tempo para conquistar o telespectador, antes da queda provocada pelo adiantamento dos relógios.
Rumo incerto
?Agora É que São Elas?, que começa amanhã sua última semana, foi mais uma das recentes tramas das seis a mudar de rumo para tentar melhorar a audiência.
Depois de um início com o ibope baixo, sofreu intervenções orientadas por pesquisas com telespectadores. O humor perdeu espaço, o protagonista, interpretado por Miguel Falabella, deixou de ser vilão para se tornar galã romântico, e a novela se recuperou.
Walcyr Carrasco, já conhecido autor das seis, tem a missão de superar a média de 30 pontos no Ibope, considerada satisfatória pela Globo, com ?Chocolate com Pimenta?, e repetir a repercussão de ?O Cravo e a Rosa? (2000/01), também de sua autoria.
Carrasco afirma não se sentir pressionado. ?Ver sua novela não dar certo, receber uma intervenção, é doloroso, mas acontece. Novela é uma obra aberta, o autor vê, sente no dia-a-dia como o público está reagindo. Mas se a minha preocupação for como fisgar o público, não vou fazer um bom trabalho?, diz. ?Não há uma receita para as coisas darem certo. Sou pago para ser criativo. Mas o público é uma caixinha de surpresa.?
Diretor de ?Chocolate?, Jorge Fernando faz coro com o autor: ?Minha busca nunca foi por ibope, nem quando consegui bons índices, nem quando tive baixos?.
Flávio Ferrari, diretor do Ibope, não crê que a crise seja justificada por uma mudança nos hábitos do telespectador. ?Isso só deve pesar se considerarmos um período de 20, 30 anos. O conteúdo da programação tem muito mais impacto nos números do que o comportamento dos telespectadores.?”
“Trama de época volta à cena”, copyright Folha de S. Paulo, 31/08/03
“Com ?Chocolate com Pimenta?, o horário das seis da Globo voltará a ter novela de época -os mesmos anos 20 que foram pano de fundo para ?O Cravo e a Rosa?, uma das últimas bem-sucedidas.
O autor é o mesmo, Walcyr Carrasco. Seu último trabalho na Globo foi uma intervenção na também novela de época ?Esperança?, de Benedito Ruy Barbosa, que passou por problemas de roteiro e ibope. ?Os anos 20 são um tempo ingênuo e malicioso ao mesmo tempo?, diz o autor.
?Chocolate? conta a história de Ana Francisca (Mariana Ximenez), uma espécie de ?Betty, a Feia? (novela colombiana já exibida pela Rede TV!). Ela enfrenta a gozação dos moradores da fictícia Ventura, mas chama a atenção de Danilo (Murilo Benício). Apaixona-se e é correspondida, despertando a raiva de Olga (Priscila Fantin), namorada do galã.
Na segunda fase da história, sete anos depois, Ana volta à cidade, dessa vez rica e poderosa, para se vingar de todos. ?Quero fazer uma novela para as pessoas sonharem, uma história romântica, com lições de moral. E isso não é possível numa trama com temática atual?, diz o diretor de ?Chocolate?, Jorge Fernando.”
“Montezuma era um cara mais do que feliz”, copyright Folha de S. Paulo, 31/08/03
“Chavela Vargas canta, masculina, rosto tenso, o corpo ocupando o palco inteiro: ?Yo soy como el chile verde, llorona y picante?.
Vi num documentário uma história contada por ela, acontecida no casamento de Elizabeth Taylor, onde bebeu-se à larga, e, ao acordar de manhã, Chavela surpreendeu-se por estar na cama ao lado de Ava Gardner, llorona y picante. E ela se ri, rouca.
É isto, uma história apimentada e doce. O chocolate é quase doce, acarinha e escorre fácil pela garganta, a pimenta dá o troco, incendeia, sobe ao nariz e aos olhos.
Chocolate com pimenta são os extremos, pimenta nos olhos dos outros é refresco… Oito toneladas de chocolate te deixam feliz, Montezuma era um cara mais que feliz, tinha chocolate e pimenta.
Um cozinheiro mexicano, flaquito e bonito, que conheço, faz ?moles?. ?Mole? de frango. O que é? Ave temperada com pimenta e chocolate e muita coisa mais, especiarias del flaquito, até pêssegos e cravos.
Há anos fazemos sanduíches de chocolate e pimenta. O pão doce, de miga, o chocolate derretido com pequenos pedaços de pimenta vermelha.
?Pimientos de Padrón, unos pican, otros non????
Na Espanha, um prato grande, cheio de pimentinhas verdes e sem ardor. Umas poucas de ardor intenso e duradouro. A alguns toca a picante, caso de UTI.
Assim vai ser nossa novela das seis, ?unos pican, otros non?.”
BALL OF FIRE
“TV salvou carreira da melhor comediante americana”, copyright Folha de S. Paulo / The New York Times, 31/08/03
“Houve uma época em que o cabelo ruivo era visto praticamente como garantia de humor absurdo. Homens apelidados de ?Red? (?ruivo?) -?Red? Skelton, ?Red? Buttons, etc.- faziam palhaçadas em palcos e nas telas do cinema, seus cabelos brilhando com a promessa de maluquices, como a crista do Pica-Pau.
Mas o maior humorista ruivo do século 20 não foi homem nem tampouco personagem de quadrinhos, e sim uma bela mulher chamada Lucille Ball (1911-1989), que, após uma carreira agitada -mas não exatamente estelar- no cinema, voltou-se para a TV, em 1951, e mostrou aos sujeitos apelidados de ?Red?, ao Pica-Pau dos desenhos e a milhões de telespectadores como se fazia humor.
O veículo para essa demonstração foi, é claro, ?I Love Lucy?, uma sitcom doméstica de meia hora de duração na qual Ball fazia par com seu marido, o bandleader cubano Desi Arnaz. ?I Love Lucy? teve seis temporadas extraordinárias, mais três anos adicionais de especiais de Lucy e Desi de uma hora de duração. A festa só chegou ao fim em 1960, quando os dois se divorciaram.
Cerca de um terço da biografia de Lucille Ball redigida por Stefan Kanfer, ?Ball of Fire? (?Bola de Fogo?), é dedicada aos anos em que Lucille fez ?Lucy?, e está certo que seja assim. Pois foram esses nove anos que Lucille Ball passou representando Lucy Ricardo que justificam sua imortalidade; nada do que ela fez antes ou depois, em seis décadas como atriz, a teria feito ingressar no Hall da Fama da comédia, pelo menos não num primeiro turno de votação.
Ela tivera poucas oportunidades de demonstrar suas habilidades na telona, tanto assim que estava louca para começar. E, pelo fato de não ter chegado à televisão com toda uma bagagem de rotinas cômicas já estabelecidas e gastas, tudo o que ela fazia em ?I Love Lucy? parecia novo e refrescante.
E por que não deu certo no cinema? A resposta é simples: a Hollywood da época não gostava muito de mulheres comediantes, por mais brilhantes que fossem; e a própria Lucille Ball, quando jovem, sendo bonita o suficiente para pelo menos tentar o estrelato do modo convencional, talvez não tivesse desejado isso para si.
Lucille Ball possuía -ou era possuída por- o puro espírito da comédia, qualidade quase inédita numa mulher de sua época e ainda rara hoje. Em ?Ball of Fire?, Kanfer procura defender a tese de que a influência dela continua, mas as evidências a favor são poucas. O humor continua sendo em grande medida coisa de homens.
Tradução Clara Allain
BALL OF FIRE. De: Stefan Kanfer. Editora: Hardcover. Quanto: R$ 110, em média. Onde encomendar: www.livcultura.com.br ou www.amazon.com.”
TV RECORD
“Nos 50 anos, Record fará ?performances?”, copyright Folha de S. Paulo, 30/08/03
“A Record vai tentar inovar no último especial da série comemorativa de seus 50 anos, em 27 de setembro. No lugar de um show musical, a emissora irá exibir uma coletânea de ?performances? de seus programas atuais.
No dia 25, a Record irá montar no Moinho Santo Antônio, em São Paulo, sete espaços temáticos _Adriane Galisteu, Raul Gil, esporte, jornalismo, gastronomia, infantil e ?Domingo da Gente?.
Em cada um desses espaços, serão gravados programas de cerca de 15 minutos na presença de 1.500 convidados. No de Raul Gil, por exemplo, haverá um karaokê. No espaço de gastronomia, Claudete Troiano fará uma miniedição do ?Note Anote?.
Segundo a emissora, serão ?performances?, demonstrações de como alguns de seus programas, em versões mais informais, são produzidos. Os convidados poderão interagir. Todo o elenco da Record será mobilizado. O material será exibido no dia 27.
Desde maio, a Record exibiu quatro especiais pelos seus 50 anos, juntando material de arquivo e depoimento de artistas que fizeram história na emissora. No próximo dia 13, vai ao ar o quinto.”
TV GLOBO
“Globo terá maratona nos 450 anos de SP”, copyright Folha de S. Paulo, 29/08/03
“A Globo vai exibir uma programação de 25 horas de duração, quase toda ao vivo, em comemoração aos 450 anos de São Paulo, a serem completados em 25 de janeiro de 2004. Intitulado ?25X25?, o projeto foi aprovado nesta semana pela cúpula da emissora.
A maratona televisiva começará às 23h do sábado (24) e terminará às 24h do domingo (25). Será ancorada, nos estúdios em São Paulo, por Ana Maria Braga, Fausto Silva, Angélica, Luciano Huck, Chico Pinheiro e Serginho Groisman. Mobilizará os principais nomes do elenco (artistas e jornalistas) da emissora e da música nacional.
Segundo a Globo, o ?25X25? terá shows, gincanas e flashes das comemorações que ocorrerão pela cidade. A área de jornalismo irá montar uma redação especialmente para a cobertura.
Programas de linha, como ?Globo Rural?, ?Esporte Espetacular? e ?Fantástico?, serão temáticos sobre o aniversário de São Paulo. Depois do ?Fantástico?, a Globo irá exibir um show musical. Uma ?chuva de prata? encerrará a programação.
Além de ?25X25?, a Globo terá outras ações pelos 450 anos de São Paulo. A maior delas será uma minissérie, ?Um Só Coração?, ambientada na primeira metade do século 20, sobre os modernistas paulistanos. SBT e Band também já anunciaram séries de eventos para celebrar a efeméride _e faturar com patrocínios.”
MULHERES APAIXONADAS
“?Mulheres? grava cenas no dia de exibição”, copyright Folha de S. Paulo, 28/08/03
“Assim como ocorreu com ?Esperança?, a atual novela das oito da Globo está tendo cenas gravadas no mesmo dia em que são exibidas. A produção de ?Mulheres Apaixonadas? vive clima de correria desde o início, mas nas últimas duas semanas passou a ser comum gravações menos de 12 horas antes da exibição.
Os roteiros de gravações de ontem e hoje só foram liberados aos atores e produtores na tarde de terça. O autor, Manoel Carlos, está há uma semana fora do Rio, isolado, para adiantar textos. A novela das sete, ?Kubanacan?, vive situação semelhante.
Ao contrário de ?Esperança?, que sofreu intervenção da cúpula da emissora, a falta de frente de gravações não tem prejudicado a qualidade da novela de Manoel Carlos, que é um dos maiores sucessos do horário desde 2000. A consequência mais visível é o ?espichamento? de capítulos (cinco podem virar sete), o que pode dar a sensação de trama arrastada.
Até recentemente, elenco e produtores recebiam todo o roteiro de gravações da semana na sexta-feira anterior. Agora, os roteiros só saem no máximo dois dias antes, e ainda com possibilidade de adendos. Isso tem prejudicado alguns atores, que, sem perspectiva de agenda livre, perdem dinheiro que ganhariam em eventos.
A Globo atribui a correria ao grande número de cenas externas e à contemporaneidade da trama, e diz que esse ritmo era esperado.”
TV R.R. SOARES
“Igreja vai lançar TV paga para evangélicos”, copyright Folha de S. Paulo, 27/08/03
“A Igreja Internacional da Graça de Deus, do pastor R.R. Soares, vai lançar em 18 meses a primeira operadora de TV paga do país dirigida ao público evangélico. Será uma operação de DTH (direct to home), via satélite, como Sky, DirecTV, Tecsat e DTH Interactive _as quatro já existentes.
Segundo Luís Mauro Santos, diretor de expansão da RIT (Rede Internacional de Televisão, TV aberta de R.R. Soares em Dourados, MS, com 35 retransmissores em operação), a operadora irá consumir um investimento de US$ 18 milhões nos próximos cinco anos. Sua meta é atingir pelo menos 150 mil assinantes nos primeiros 12 meses de operação.
No último dia 20, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou a outorga de DTH à Rádio e Televisão Modelo Paulista Ltda., empresa de R.R. Soares _que aluga espaços na Band e Rede TV!. Soares deverá assinar contrato com a Anatel na semana que vem, quando irá pagar R$ 370 mil pela outorga.
A operadora, de acordo com Santos, terá 36 canais e mensalidades ?a um preço muito abaixo do que se aplica hoje?, para atingir as classes C, D e E. Uma das linhas de marketing será a de operadora ?dos evangélicos?. A outra será a de operadora comercial, pois terá também emissoras abertas e canais comerciais internacionais. Além da RIT, a operadora deverá distribuir emissoras ?co-irmãs?, como a TV Gospel.”