JORNAL DO BRASIL
Não me espantarei se, em breve, o Jornal do Brasil anunciar uma parceria com a revista Caras. Após ler a edição de domingo, 17 de junho, parece que o jornal já está preparando os leitores para tal fato.
À medida que ia lendo as páginas da editoria "Brasil", já me sentia brindado com matérias interessantes, como uma análise do diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, das perspectivas para as eleições do ano que vem, baseadas em pesquisa da instituição. Apesar das ligações estreitas de Coimbra com Fernando Collor, pode-se dizer que sua exegese é séria e isenta; um artigo do professor Leandro Konder sobre as possíveis conseqüências de uma vitória petista em 2002; e uma entrevista com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann. No meio dessas páginas, eis que surge uma reportagem sobre uma sósia de Marta Suplicy, a "emergente" Wilma Magalhães.
O texto nada fica devendo aos melhores já publicados pela revista de celebridades da Editora Abril. Nele, ficamos conhecendo a marca das peças que preenchem o guarda-roupas da moça, suas extravagâncias culinárias, suas críticas à sociedade tradicional, com argumentos pueris como "eles só servem champanhe choco" e uma complacente autocrítica (crítica?): "Sei que sou linda e perfeita". No único ponto realmente importante da reportagem, sobre um "pavor do Fisco" que a entrevistada teria e que justificaria sua falta de vontade em quantificar seu patrimônio, o texto sai de fininho.
Fofocas e futilidades têm seu espaço na mídia, até mesmo nos grandes jornais. Satisfazem um apetite natural do cidadão. Mas o cidadão também é sério e preocupado. Espera que numa editoria do tipo Brasil sejam publicadas reportagens, entrevistas e artigos que mostrem fatos importantes e tragam reflexões sobre a situação político-social do país. E não matérias inócuas sobre o consumismo e as impressões de uma "emergente em busca do trono", conforme o título do texto.