Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Com nova lei, presidente da RAI renuncia

ITÁLIA

A presidente da televisão estatal italiana RAI, Lucia Annunziata, renunciou ao cargo minutos antes de o Senado aprovar lei que deve favorecer a expansão do império midiático do primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Como informa John Hooper [The Guardian, 23/7/03], a lei prevê que a diretoria da emissora será exonerada em fevereiro de 2004. Assim, Lucia achou melhor para a emissora, declarou, que o caminho esteja livre desde já para a formação do novo comando.

A oposição ao direitista Berlusconi considera que a lei, pretensamente criada para dinamizar o mercado de mídia italiano, abrindo condições para o surgimento de novos canais e a implantação da TV digital terrestre, foi feita sob medida para os interesses do primeiro-ministro. Agora, por exemplo, sua empresa Mediaset não terá de transformar uma de suas três emissoras abertas de TV em canal por assinatura, como determinara a Justiça. Além disso, poderá se expandir ainda mais, avançando no mercado de jornais, uma vez que as limitações à concentração de propriedade de veículos de comunicação foram afrouxadas.

Para fazer frente ao império televisivo da Mediaset existe apenas a problemática estatal RAI, que tem perdido audiência e encontrado dificuldades para conseguir anunciantes. Lucia Annunziata é conhecida centro-esquerdista. Com Berlusconi controlando o parlamento e, em última instância, a própria RAI, ela ficou em posição complicada.

Enquanto o Senado aprova a citada lei de mídia, a Câmara vota projeto para regular o conflito de interesses entre o setor privado e o público. Diretores de empresas particulares podem ficar proibidos de participar do governo. Contudo, os partidários do primeiro-ministro já cuidaram para que seus interesses não sejam prejudicados: apenas os que têm cargo de direção ficariam excluídos ? os proprietários das companhias privadas, não. Como Berlusconi não dirige oficialmente a Mediaset, a lei não o afetará.