DANE-SE O LEITOR
Você pode flagrar de duas maneiras os problemas da imprensa brasileira: a) examinando suas linhas mestras e comportamentos fundamentais; b) monitorando o picadinho.
As conclusões serão as mesmas só que do exame em profundidade você tirará um ou, no máximo, dois diagnósticos ? o resto será repetição. Enquanto que da miuçalha você tirará dezenas de retalhos para costurar uma fascinante colcha sobre o universo cultural, profissional e espiritual do nossos bravos pulitzers, Convenhamos, é mais divertido.
Na Veja (edição 1748, 24/4, pp. 98-99), matéria sobre o formidável site de busca, o Google, fenômeno empresarial na internet. Lê-se a matéria (como sempre leve e indolor) e, evidentemente, ocorre perguntar: como é que se acessa o tal site, qual seu endereço eletrônico? Ou sua URL, como preferem os mais técnicos? Nenhuma linha. Então você olha a retranca onde foi publicada (Economia & Negócios) e aventura-se a uma explicação: sendo hoje tudo segmentado, a seção deve ser dirigida a um público-alvo diferenciado, os empresários ou executivos que só estão interessados no lado business da vida.
Sendo assim, como se trata de um dos poucos sucessos da bolha internáutica, a matéria sobre o Google certamente informará qual a fórmula financeira que os jovens fundadores aplicaram para atrair 1,2 milhões de acessadores diários e ganhar aquela grana preta. Negativo, nenhuma linha.
Você então perde a paciência e reclama em voz alta: pombas, quanto custa a assinatura do Google?! Ou o acesso é gratuito?
Não seja curioso, leitor, não é da sua conta.