Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Como se forja uma manchete

DOSSIÊ PERFÍDIA

Alberto Dines

Quem inventou a originalíssima forma de enfiar uma declaração num texto e, depois, despachar o repórter para encaixá-la na boca de algum entrevistado, foi justamente o Capo, amigo do peito de ACM, durante as duas décadas em que mandou, ostensiva ou disfarçadamente, na Veja. Alguns de seus discípulos estão no Globo, outros na Época.

A famigerada manchete do ex-vespertino global (quinta-feira, 8 de fevereiro, pág. 8) não foi fruto da pressa ou afobação. Foi cuidadosamente planejada. Premeditada. Aproveitou-se do episódio do adiamento da entrevista de Joca no Observatório na TV para apagar as luzes do tribunal e, na escuridão, colocar outro culpado no banco dos réus.

A explicação cabal e minuciosa sobre a suspensão do próprio programa estava na internet desde a noite de terça-feira, 6 de fevereiro [clique aqui para ler a íntegra da nota]. Logo depois do almoço do dia seguinte, uma repórter da sucursal paulista do Globo, sem considerar o comunicado, caçava este Observador para extrair dele uma confissão de censura. Apesar das provocações, não conseguiu. Tentou segunda vez, foi-lhe sugerido que escrevesse um editorial com a sua acusação, desistiu. Logo depois veio o chefe, editor de Política da sucursal, mais refinado, com o mesmo reles objetivo – arrancar uma confissão. Não queria discutir o comunicado, queria algo parecido como uma confissão para ser encaixada numa matéria que já estava articulada e, assim, dar o sinal para o linchamento.

Em nenhum momento das três entrevistas informou-se ao entrevistado de que havia uma acusação do Joca contra ele. Se quer saber como a repórter – provavelmente a mesma –procedeu para arrancar a "acusação" do Joca, manipulando suas palavras e intenções, clique abaixo, em Próximo Texto, para ler comentário do autor de Memórias das Trevas sobre o episódio.

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