THE NEW YORK TIMES
Ao comentar a polêmica gerada pelo corte de dois artigos contrários à posição editorial do New York Times sobre o Augusta National Golf Club, William Powers [National Journal, 13/12/02] observa que hoje é impossível para um veículo deixar um erro passar batido. Graças à competição feroz entre os veículos, atentos a qualquer erro cometido pelos rivais, assim que se soube das colunas rejeitadas houve grande divulgação. Quando o Times finalmente decidiu publicar uma versão editada dos textos, todo mundo já sabia o que os autores tinham dito ? um deles, Dave Anderson, chegou a ser entrevistado pela CNN.
Para muitos críticos, isso é uma evidência de que o Times, nas mãos de Howell Raines, já não é o paper of record moderado de antigamente. Mas cruzadas como esta, contra o Augusta Club, que decidiu não mais aceitar mulheres como sócias, tem atraído público. Para William Powers, todas as instituições jornalísticas são falíveis, e o que ajudou a moldar a busca pela verdade foi a competição entre os diversos veículos e a vigilância mútua, o que os mantêm alertas e prontos a corrigir qualquer gafe o mais rápido possível.
O autor afirma que um dos mais eloqüentes críticos do Times é Jack Shafer, da revista online Slate. Em sua coluna, Shafer argumenta que, se o Times tolerasse mais crítica interna, como o Washington Post na coluna do ombudsman, poderia acalmar os ânimos dos críticos. Mas, na opinião de Powers, trata-se de uma proposta tão respeitável quanto desnecessária, pois a mídia atenta funcionaria como um ombudsman de todas as partes.