Friday, 29 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Confissão tardia

GRÃ-BRETANHA

A confissão do ex-premiê britânico John Major de que teve relacionamento com a funcionária de gabinete Edwina Currie antes de chegar ao poder pode reacender caso de justiça que acabou com a revista Scallywag. No começo dos anos 90, Major processou a publicação por repetir rumores de ele que teria tido um caso com Clare Latimer, o que se descobriu não ser verdade. Segundo David Price, advogado da Scallywag, o processo fez com que a revista jamais se recuperasse. Ele afirma que a recente admissão de Major demonstra que o caso foi um "abuso das leis de difamação". Sua equipe está checando arquivos para verificar se o ex-primeiro-ministro afirmou em algum momento que não era adúltero. Major não chegou a ir a tribunal porque antes fechou acordo com a Scallywag, que se comprometeu a não repetir os boatos de adultério. Os irmãos proprietários da revista já morreram, mas sua família pode querer ressarcimento.

A lei britânica permitiu que gráfica e distribuidores da Scallywag também fossem processados pelo caso Clare Latimer. Deste modo, mesmo após feito o acordo, esses parceiros ficaram com medo. "Algumas edições não puderam sair. Quando saíam, era aquela revista indecente que tinha sido processada pelo primeiro-ministro e não conseguia ganhar circulação", conta Price, à Reuters [28/9/02]. O golpe de misericórdia foi uma ameaça de novo processo contra os distribuidores feita por outro político do Partido Conservador, alguns anos depois.

Clare diz que foi usada por Major para esconder suas verdadeiras puladas de cerca: "Sempre suspeitei de que ele tinha algo com alguém e que eu era usada como isca. Ele sabia que havia rumores de que ele tinha um caso e ficava feliz demais quando um par de publicações dava o nome errado, porque sabia que podia processá-las e acabar com a história. Esse homem arruinou minha vida. Acho incrível que ele tinha um caso enquanto me via passar por aquilo tudo ".