ELEIÇÃO EM NY
Vencer a eleição para a prefeitura de Nova York foi apenas o primeiro obstáculo para o magnata Michael Bloomberg. Quando assumir, além de tentar substituir com sucesso o bem-avaliado Rudolph Giuliani, terá que prestar contas de seu futuro envolvimento com o império midiático que construiu nos últimos 20 anos.
O empresário controla 72% da Bloomberg Lp., companhia que oferece serviço de notícias financeiras e controla uma estação de rádio em Nova York. Presente em mais de 100 países, a empresa faturou 2,5 bilhões de dólares no ano passado. Michael desistiu da presidência quando decidiu concorrer ao cargo público, mas mantém o título de CEO.
Para Georg Szalai [The Hollywood Reporter, 8/11/01], o prefeito provavelmente terá que se reunir com a Conflicts of Interest Board de Nova York, agência independente encarregada de reforçar a lei que cobre assuntos relacionados ao serviço público, como o uso do cargo para obter ganho pessoal ou a propriedade de firmas que negociam com a prefeitura. Embora alguns analistas afirmem que Bloomberg pode legalmente manter sua função na empresa e suas ações, atentam para o fato de que isto pode prejudicar sua imagem pública.
Keith J. Kelly [New York Post, 12/11/01] comenta o rumor, publicado no London Observer, de que a Thomson Corp. ? proprietária da rede de notícias Thomson Financial ? teria feito uma proposta de 10 bilhões de dólares pela Bloomberg. Ainda segundo o jornal, amigos de Michael afirmaram que ele estaria seriamente considerando a idéia, mas ainda não havia chegado a uma decisão. As duas companhias negaram qualquer transação.
A própria Bloomberg News, o serviço de notícias da empresa, deve enfrentar o dilema: como cobrir objetivamente uma cidade administrada por seu antigo patrão? Sridhar Pappu [The New York Observer, 19/11/01] conta que o editor-chefe Matt Winkler aposta na nomeação de um ombudsman. "Seria alguém que não trabalha na Bloomberg", explica Winkler, "que fosse capaz de fazer uma análise independente de nossa cobertura. Não acho uma má idéia. De tudo o que ouvi até agora, é uma das melhores [sugestões]".
Houve quem conseguisse lucrar com a popularidade de Rudy Giuliani. Depois dos atentados, o New York Daily News incentivou seus leitores a agradecê-lo na seção de classificados, a 16 dólares por quatro linhas. A estratégia foi lucrativa: em um dia, o tablóide imprimiu 17 páginas de anúncios, incluindo 93 classificados. O New York Post não demorou a copiar a idéia, publicando 12 páginas de anúncios em seu tributo a Giuliani.
Howard Kurtz [Washington Post, 12/11/01] conta que o Daily News pediu a um empresário ligado ao político que comprasse um anúncio de página inteira por 16 mil dólares. "É impróprio querer lucrar com a reputação do prefeito", respondeu ele, recusando a oferta. Segundo o porta-voz Ken Frydman, o News irá doar 10% do dinheiro destes anúncios para os familiares de bombeiros e policiais que morreram no World Trade Center.