THE WASHINGTON POST
O ombudsman do Washington Post Michel Getler comenta, em artigo de 20/1, a série de reportagens que teve início no dia 13, intitulada "The rise and fall of Michael Saylor" (Ascensão e queda de Michael Saylor). Escrita por Mark Leibovich, a série conta de modo fascinante o caso da empresa de tecnologia MicroStrategy: outrora nas alturas do mercado de ações, a companhia começou a despencar em março de 2000 ao admitir que havia declarado falsos rendimentos. Seus acionistas perderam US$ 11 bilhões em um dia e 1.600 funcionários foram para a rua; Saylor, chefe da MicroStrategy, e alguns outros executivos, no entanto, venderam US$ 82 milhões em ações da empresa meses antes do anúncio.
Mas não é esta jogada financeira que Michael Getler quer questionar. O que chama sua atenção é que o vice-presidente de tecnologia do Washington Post Co., Ralph Terkowitz, fazia parte do quadro de diretores da MicroStrategy e lucrou US$ 866.460 com a venda de ações que realizou com base nas informações privilegiadas de que dispunha. O Post, antes da série publicada agora, mencionou apenas uma vez que um de seus executivos trabalhava para a companhia, e isto foi em 1998, em uma linha. Um leitor questionou a idoneidade do jornal, que estaria comprometido com a MicroStrategy, de certa forma. Segundo Getler, a explicação de Don Graham, presidente do Post Co., foi a seguinte: "A política do Post tem sido, por décadas, que ninguém com responsabilidades jornalísticas tem permissão para ingressar no quadro de diretores de uma outra companhia. Aqueles que têm apenas responsabilidades de negócios precisam de permissão para ser diretor em outra corporação; isto pode ser concedido quando não houver um conflito aparente. A companhia e seus gerentes podem aprender com o que outras empresas estão fazendo".