ITÁLIA
A oposição italiana está em pé de guerra desde 6/9, quando o governo apresentou projeto de reforma da lei de comunicações, informou a AP em 7/9. Para os opositores, o homem mais rico do país, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, de extrema-direita, quer mudar a lei em benefício próprio. Pelo projeto, o conglomerado Mediaset, de Berlusconi, manteria uma de suas emissoras de TV; seria consentida a propriedade casada de emissoras e jornais, hoje proibida; e haveria uma gradual privatização da estatal RAI. A lei precisa ser votada pelo Parlamento, onde Berlusconi tem sólida maioria.
Lei já existente obriga a Mediaset a converter uma de suas três emissoras num canal por satélite, mas a empresa resiste. A nova lei abole a exigência. Embora atualmente seja proibida a propriedade casada de mídia eletrônica e impressa, os desafetos garantem que Berlusconi controla Il Giornale, de Milão (dirigido por seu irmão Paolo). A nova lei apenas legalizaria a irregularidade. Pelo projeto, a privatização da RAI começaria em 2004, e ninguém poderia deter mais de 1% das ações, garantindo o controle do governo.
Após a divulgação do projeto, as ações da Mediaset subiram 6,57%. Berlusconi retirou-se da reunião do gabinete que debateria o projeto ? mas isso de pouco adiantou para abafar as acusações de conflito de interesses. "É um escândalo", resumiu à agência Ansa Vicenzo Vita, líder oposicionista. O ministro de Relações Européias, Rocco Buttiglione, defendeu Berlusconi, dizendo que o projeto cria "condições para que uma terceira rede de TV surja na Itália".
Além de dono dos três principais canais privados da Itália, Berlusconi, no governo, tem influência indireta sobre a RAI, cujos três canais são os únicos concorrentes sérios da Mediaset. O conglomerado ainda inclui revistas, publicidade e estúdios de cinema. Berlusconi afirma ter se afastado dos negócios em favor da política, mas se recusa a vendê-los, como exigem os críticos.