CRISE EM CURSO
Victor Gentilli
A crise da Faculdade Cásper Líbero agravou-se bastante na semana passada. Por um lado, a Congregação da Faculdade aprovou para a Coordenação de Jornalismo uma dupla de professores derrotados numa escolha democrática. Por outro, diante dessas novas circunstâncias, um grupo expressivo de professores manifesta publicamente sua inconformidade com a nova situação e, em documento público, dispõem inclusive do seu emprego de professor. Os desdobramentos são imprevisíveis. Mas é com tristeza que se vê um projeto inovador no ensino de Jornalismo fracassar em decorrência de picuínhas burocráticas e jogo de poder na mantenedora, a Fundação Cásper Líbero.
As crises na Faculdade Cásper Líbero são recorrentes nas últimas décadas. Os momentos de esplendor e de descrédito oscilam conforme mudam as orientações na Fundação.
O documento dos professores
Aos estudantes, professores, funcionários e amigos da Cásper Líbero
1. Os abaixo-assinados, professores de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, declaram não reconhecer a nomeação de Welington Andrade e Carlos Costa para os cargos de coordenador e vice-coordenador de Jornalismo. Welington Andrade obteve 8 votos nas eleições, contra os 19 conferidos ao professor Luiz Costa Pereira Jr., e Carlos Costa obteve 7 votos, contra os 20 conferidos a Marcelo Coelho.
2. Consideram que essa nomeação, claramente contrária à vontade da maioria dos professores, constitui mais uma grave agressão da Diretoria da Faculdade, cujas atitudes vêm desrespeitando as nossas instituições representativas e objetivam a destruição dos padrões de qualidade conquistados nos últimos anos no curso de Jornalismo.
3. Lembram que a nomeação de dois candidatos inventados no gabinete da Diretoria não é um ato isolado e inscreve-se numa política de agressões a este corpo de professores e a toda a comunidade Cásper Líbero. Num claro sinal de que a mercantilização do ensino é a prioridade número um desta diretoria, nos últimos meses ela determinou arbitrariamente o aumento do número de alunos por sala de aula, desrespeitou o compromisso assumido publicamente junto à Congregação de reverter essa decisão e demitiu de forma truculenta o coordenador de Jornalismo Marco Antonio Araújo, que liderou um movimento de repúdio ao aumento do número de vagas. Por fim, a criação de um curso de Turismo, também fruto de decisão desastrada, resultou em fracasso.
4. Os abaixo-assinados anunciam então que, se nada for feito para reverter tal linha de ação, não enxergam mais possibilidade de seguir como professores da Coordenadoria de Jornalismo.
5. Por último, declaram-se em mobilização permanente a partir de segunda-feira, 17 de fevereiro, de forma a esclarecer e debater com os estudantes e outros interessados as razões de sua atitude em defesa do ensino de excelência.
São Paulo, 14 de fevereiro de 2003
Subscrevem o documento
Adriana Garcia; Domingos Fraga; Eduardo Marini; Eugênio Bucci; Igor Fuser; José Américo Dias; José Arbex Jr.; Luciana Bistane; Luiz Costa Pereira Jr.; Marcelo Coelho; Mario Andrada e Silva; Mário Vítor Santos; Maurício Stycer; Paulo Nassar; Rosane Baptista; Sidnei Basile. Também os professores Sérgio Rizzo, Éverton Constant e Clóvis de Barros Filho, da Coordenadoria de Rádio e TV, manifestaram seu repúdio à situação denunciada nesta carta, pedindo afastamento da Coordenadoria de Jornalismo.
Leia também