REVISTAS
Na primeira edição pós-atentado, a revista People decidiu não retirar os anúncios programados para publicação, como outras fizeram, e está arcando com as conseqüências. Anunciantes como Toyota e Procter & Gamble ficaram furiosos com a atitude da revista e exigem anúncios gratuitos como forma de compensação. Outra conseqüência, revela Keith J. Kelly [New York Post, 5/11/01], foi a demissão de Kathy O?Shaughnessy, uma das principais produtoras da People.
Uma das responsabilidades da produtora era evitar que a localização de anúncios na publicação fosse embaraçosa para a empresa. Mas na confusão de refazer a revista em 24 horas, depois dos atentados, os funcionários de Kathy, que poderiam ter consultado os anunciantes, haviam sido liberados, já que a equipe editorial estava cuidando da nova edição.
A Toyota se enfureceu por ter recebido um anúncio de página inteira ao lado de uma foto dos bombeiros erguendo a bandeira americana em cima dos destroços do World Trade Center. A imagem lembra a de fuzileiros navais americanos fazendo o mesmo na ilha japonesa Iwo Jima, na Segunda Guerra Mundial. Embora a presidenta da People, Nora McAniff, tenha assegurado aos executivos da empresa que isto jamais aconteceria de novo ? bem, aconteceu.
Na semana seguinte, uma matéria informava que o Talibã dirige Land Rovers da Toyota em Cabul, o que irritou ainda mais a empresa. A Toyota, que gasta sete milhões de dólares anuais em anúncios na People, cancelou propaganda por várias semanas após a edição de 11 de setembro.
Life, a revista de fotos que pode parecer anacrônica na era da internet, volta a mostrar sinais de vida. Nesta semana, devem sair nas bancas americanas duas edições simultâneas: America?s Parade, sobre o ritual do Dia de Ação de Graças da loja Macy?s, e In the Land of the Free, uma retrospectiva dos eventos de 11 de setembro.
Os lançamentos representam o novo formato da publicação: uma revista semestral sem anúncios, dedicada a um único assunto, de 128 páginas, ao preço de US$ 9,95. Os executivos descobriram o poder da marca no ano passado, quando venderam 675 mil cópias do livro Our Century in Pictures, apesar do salgado preço de capa (US$ 60). A companhia então testou o formato de "livro-revista", publicando especiais sobre temas como a Segunda Guerra Mundial e Pearl Harbour, que venderam bem. Para os que questionavam se era possível ir além da Segunda Guerra, o editor Robert Sullivan diz acreditar que sim. De acordo com David Handelman [New York Times, 5/11/01], as próximas edições, que aproveitarão o arquivo de 10 milhões de fotos da Time Inc., serão sobre rock?n?roll, o programa espacial e a coroação da rainha Elizabeth.