QUALIDADE NA TV
DIVERSIDADE ÉTNICA
Continua a segregação
Mais de um ano após o acordo entre as principais redes de refletir a mistura étnica dos Estados Unidos, as emissoras continuam marginalizando minorias e mulheres, segundo estudo do grupo Children Now: a TV ainda é parte do universo do homem branco. A pesquisa, divulgada no dia 1o de maio, analisou grandes emissoras como ABC, CBS, NBC, Fox, UPN e Warner Brothers.
As sitcoms (comédias de situação) do horário nobre, voltadas para o público jovem, oferecem a menor diversidade, informou a Associated Press (1/5/01). É muito provável que um telespectador de horário nobre assista a um programa no qual estrela um homem branco, na casa dos 30, em emprego especializado. Minorias aparecem para prover "serviços, informações ou para uma pequena fala", afirmou o estudo.
"Acreditamos que a CBS deu tremendos passos para aumentar a diversidade na telinha, atrás das câmeras e nos setores executivos", disse Chris Ender, porta-voz da emissora, "mas reconhecemos que mais pode ser feito ? e será."
Elencos com boa mistura étnica só aparecem em programas exibidos a partir das 22h. É nesse horário que há menos crianças em frente à TV. O estudo questiona a imagem que o público jovem processa vendo as sitcoms, que passam a mensagem de segregação. Para Alex Nogales, presidente da Coalizão de Mídia Nacional Hispânica, nada mudou. "Estamos no mesmo mundo visto em 1999", diz. "Ainda é um mundo de homens brancos."
VIOLÊNCIA NA TV
NBC contra HBO
Na semana retrasada, Bob Wright, presidente da rede americana de TV aberta NBC, enviou pelo menos 50 fitas de um episódio recente de The Sopranos ? no Brasil, Família Soprano ?, série de sucesso da HBO, a seus funcionários e a profissionais de Hollywood ligados à emissora. Junto, uma carta solicitando opiniões sobre o episódio, que alarmou críticos e fãs do programa, no qual um personagem espanca até a morte uma jovem stripper grávida.
Na carta, Wright disse: "Quero que me ajudem a pensar sobre uma questão que, creio, tem grande impacto em nosso setor ? a natureza do conteúdo de The Sopranos. Como sabem, o programa é amplamente aclamado por críticos de mídia e líderes de opinião em Nova York e Los Angeles. (…) Dito isso, trata-se de um programa que não poderíamos e não transmitiremos na NBC por causa da violência, da linguagem e da nudez."
Segundo Stephen Battaglio [Inside, 1/5/01], Wright não condenou o programa na carta. Jeffrey Bewkes, presidente da HBO, defendeu o episódio. "O programa não existe para retratar a violência", disse. "É a violência que acontece nos 13 episódios". Sobre a declaração de Wright de que não transmitiria um programa daqueles, Bewkes acrescentou: "Se ele está dizendo que não se pode colocar o conteúdo de uma TV por assinatura na TV aberta, está certo."
Wright disse que sua intenção não era criticar The Sopranos ou a HBO, e descreveu a reação de Bewkes como "defensiva". O presidente da NBC disse que o episódio serviu como ponte para um diálogo sobre o horário nobre de sua emissora.
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