Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Correspondente ou testemunha?

CRIMES DE GUERRA

O Washington Post protestou contra a intimação do ex-repórter Jonathan Randall para depor no tribunal da ONU que julga crimes de guerra nos Bálcãs. Randall, correspondente do jornal na Bósnia no conflito de 1992 a 95, foi convocado pela promotoria no caso contra Radoslav Brdjanin e Momir Talic, acusados de perseguição e execução de mais de 100 mil não-sérvios.

Em artigo publicado no Post em 1993, o repórter cita Brdjanin defendendo a expulsão de não-sérvios. Ele foi intimado porque um jornalista local que serviu como tradutor do réu na entrevista com Randall não usou o que traduziu em sua própria matéria.

Segundo Arthur Max [AP, 10/5/02], o advogado de defesa, Geoffrey Robertson, disse reconhecer a necessidade das evidências contra criminosos de guerra, mas argumenta que forçar repórteres a testemunhar prejudica a apuração de notícias, "preocupação importante em zonas de guerra". Para ele, correspondentes de guerra que servem como testemunhas se arriscam a ser vistos pelas fontes como "braço da Justiça, governamental ou de partidos políticos".

THE BOSTON GLOBE

Na coluna de 13/5/02, a ombudman do Boston Globe, Christine Chinlund, alerta para a necessidade de verificação das informações disponíveis em sítios da internet. O que ficou evidenciado na página do jornalista Steve Morse. Em artigo sobre gravação caseira de CDs, o repórter indicou uma página que tem ferramenta de busca de capas de discos. O problema é que seu patrocinador é um sítio pornográfico, e os anúncios de garotas nuas estão mais visíveis do que as capas de disco. "Minha preocupação é que meu filho ? ou qualquer pessoa ?, que tem 13 anos, acesse o sítio", escreveu o leitor Michael Cudahy. Para ele, o jornalista descumpriu "regra básica do jornalismo da era eletrônica", que é "sempre verificar endereços".

Christine consultou Morse e soube que houve a verificação. A falha ocorreu porque foi feita com muita antecedência. Escreve a ouvidora: "O problema é a atualização, as redações precisam se manter em dia com a revolução online." O jornal já fez circular a recomendação para que seus repórteres confiram o conteúdo das páginas indicadas adequadamente. Fazer isso no momento do fechamento pode não ser tarefa agradável, "mas o leitor que convida o Globe para entrar em sua casa toda manhã tem o direito de exigir que ele se comporte como um bom convidado", diz Christine.