CAZAQUISTÃO
Desde que foi revelado, há algumas semanas, que o presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, depositou seis anos atrás em sua conta na Suíça US$ 1 bilhão, tirados do erário, a repressão na ex-república soviética aumentou sensivelmente. "O país está entrando num regime autoritário", denuncia Rozlana Taukina, presidente da Associação dos Veículos de Comunicação em Massa Independentes da Ásia Central.
Em 19/5, Irina Petrushova, editora de um jornal de oposição, encontrou no pátio de seu escritório o corpo decapitado de um cachorro com o aviso: "Não haverá próxima vez." A cabeça do animal, junto com outro recado semelhante, foi deixada na casa da jornalista. Três dias depois, sua redação foi destruída por três bombas de coquetel molotov. Irina agora trabalha em espaço emprestado pelo canal de TV Tan, outro veículo ameaçado pela onda de perseguição à imprensa. Emissora das mais conhecidas no Cazaquistão, a Tan está fora do ar há dois meses devido a seguidos ataques ao cabo que possibilita suas transmissões.
Muitas vezes, a repressão não ocorre por obra de vândalos misteriosos, mas de fiscais. Peter Baker, do Washington Post [10/6/02], conta que o governo decidiu fazer cumprir uma lei criada cinco anos atrás que obriga todas emissoras de TV a terem 50% dos programas no idioma cazaque, de uso secundário entre a população. Muitos canais não têm dinheiro para cumprir a norma, pois teriam de produzir atrações novas em vez de comprar enlatados russos. Agentes também passaram a fiscalizar os jornais, verificando seus registros e fechando aqueles que não têm tudo em ordem. Foram proibidos de funcionar, por exemplo, alguns que não haviam informado adequadamente seu endereço ao governo. Uma instituição internacional de defesa da livre expressão calcula que cerca de 20 jornais e 20 televisões já foram ou estão prestes a ser interditados.
SURFE
Em março de 1985, o surfista Sean Collins lançou um serviço telefônico em que se obtém previsão das condições do mar na Califórnia, tendo a sorte de inaugurar seu trabalho na época das melhores ondas da década. No primeiro ano de funcionamento, o inovador "disque-surfe" recebeu mais de um milhão de ligações. A colocação de olheiros nas praias fez com que os surfistas pudessem sempre se dirigir ao melhor lugar do momento. Assim, mesmo os adultos e os mais ocupados ganharam a possibilidade de praticar o esporte sem ter de ficar esperando dias para que o mar ficasse bom.
O negócio de Collins evoluiu com o aparecimento da internet. Hoje, o sítio <www.surfline.com> tem mais de 100 câmeras ao vivo monitorando as ondas em diversas partes do mundo e um serviço único de previsão das condições do mar. Longa parceria com Bill O?Reilly, meteorologista do Instituto Scripps de Oceanografia, e Paul Whittman, especialista em clima da Marinha, permitiu a criação do Lola, sistema que processa dados de satélites, bóias ultramarinas, navios e modelos desenvolvidos pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA. Quando Chris Dixon, do New York Times [13/6/02], foi conhecer o programa, por exemplo, o mapa gerado pelo Lola indicava uma mancha no Pacífico Sul, a sudeste da Nova Zelândia ? uma tempestade ? que se traduziria em grandes ondas na Califórnia alguns dias depois.
Atualmente, o surfline.com tem mais visitantes que o total de leitores de todas as revistas de surfe do mundo. Quinze funcionários trabalham na redação e 30 colaboradores espalhados pelo globo enviam relatórios diários por e-mail. Como a manutenção do grande número de câmeras ao vivo ficou cara demais, o visitante que quiser ver imagens animadas tem de pagar assinatura de US$ 4,95. Gratuitamente, estão disponíveis apenas fotos estáticas.