Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Credibilidade comprovada

MÍDIA IMPRESSA

(*)

Recente pesquisa do Instituto Datafolha, ao revelar que metade da população considera os jornais como o meio de comunicação de maior credibilidade do país, só veio corroborar a derrota da teoria que tem sido muito discutida em faculdades de jornalismo e em redações de todo o mundo ? qual seja, a de que internet veio para decretar o fim dos veículos impressos como forma de propagação de informação e cultura.

Quando se trabalha com informação, o fator que dá credibilidade a um jornalista e a um veículo é, sem dúvida, a exatidão na reprodução e análise dos fatos. Isso só é possível se o jornalista tiver tempo de se inteirar dos acontecimentos e checar todas as informações que lhe são passadas para, aí sim, levar a verdade como ela é ao público. Como nos jornais esse tempo é relativamente superior ao dos veículos eletrônicos, este tem sido o mais notável diferencial competitivo da mídia impressa.

Os profissionais que atuam nos meios eletrônicos (TV, rádio ou internet) trabalham com o momento, pois têm agilidade técnica para isso. O homem vive com a notícia no momento que ela acontece ? e isso vem desde quando Neil Armstrong pisou pela primeira vez na Lua, 33 anos atrás, com transmissão ao vivo para todo o mundo. Tamanha agilidade, porém, tem feito com que os jornalistas se tornem meros reprodutores de palavras, e não os profissionais que vão ouvir os dois lados da questão para depois procurar as evidências necessárias para comprovar qual lado diz a verdade. A última linha de defesa desses profissionais com tal compromisso e responsabilidade são os jornais. Nos veículos impressos, o jornalista tem um tempo a mais para apurar melhor os fatos. Além disso, há o recurso das grandes reportagens investigativas, que levantam fatos de forma abrangente e questionadora, induzindo seus leitores à reflexão.

A pesquisa do Datafolha, encomendada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), só disse o óbvio. Por isso, não deveria nortear as discussões do 3? Congresso Brasileiro de Jornais. O que os proprietários de jornais deveriam estar debatendo são as mudanças editoriais que têm levado grandes jornais a ficarem ?modernos?. Essa modernização às avessas tem transformado os jornais em meras versões impressas de notícias de internet. Tal fato é tão marcante que, visando obter mais lucros, já estão proliferando pelo Brasil jornais com o conteúdo mastigado.

O que é o melhor para a população? Saber tudo de quase nada ou estar informado, de maneira abrangente, dos principais fatos que realmente influem no seu dia-a-dia? Estas, sim, deveriam ser as questões debatidas na ANJ. Na verdade, já passou da hora de a instituição jornal lembrar que vende informação. E informação de qualidade. Algo que, infelizmente tem sido uma raridade.

(*) Jornalista, publicitário e diretor da Conceito Comunicação; e-mail <aldonet@uol.com.br>

    
    
                

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