QUALIDADE NA TV
TVE: SEM JORNALISMO
"‘Nosso foco será o comentário’, diz presidente da TVE", copyright Folha de S. Paulo, 15/01/01
"A falta de estrutura da TVE levou a emissora pública, com sede no Rio de Janeiro, a jogar a toalha e extinguir seus telejornais diários.
A cobertura dos fatos do dia, o chamado ‘hard news’, cedeu lugar, desde a semana passada, a uma programação de análise das notícias.
‘Não temos condições de cobrir o jornalismo factual, do dia-a-dia. Nosso foco será o comentário’, disse Mauro Garcia, presidente da TVE.
O ‘Rede Brasil’, que ia ao ar de segunda a sexta-feira, às 18h30, está fora da programação.
No lugar do telejornal, serão apresentadas reprises de outros programas da emissora.
Apenas a edição das 22h foi mantida, mas, em vez de trazer reportagens, ela será capitaneada por comentaristas.
O esportivo ‘Stadium’, que era exibido de segunda a sexta-feira, às 18h15, ficou reduzido a apenas uma edição, aos domingos, às 14h.
As mudanças da cobertura jornalística atingiram também a rádio MEC e ocasionaram um corte de 635 funcionários.
Desse total, 62 foram demitidos, pois não são servidores públicos.
O restante deverá ser realocado em outros órgãos da União.
Tanto a TVE quanto a rádio MEC são controladas pela Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), ligada à Secretaria de Comunicação de Governo da Presidência da República.
O corte dos 62 funcionários vai representar uma economia de R$ 2,5 milhões ao ano, que serão utilizados na compra de equipamentos mais modernos, disse o presidente.
As demissões, ainda segundo Mauro Garcia, foram necessárias porque o orçamento de 2001 da Acerp, estimado em R$ 40 milhões, depende da chegada de recursos do governo federal (R$ 13 milhões) e de mais R$ 27 milhões, a serem captados em publicidade e na venda de programas.
‘O primeiro trimestre é quando não arrecadamos. Os recursos do governo só devem chegar em março. E o mercado publicitário só começa a esquentar depois de janeiro e fevereiro’, disse.
As verbas aprovadas pelo governo para este ano, porém, superam em R$ 3 milhões as do ano passado, que foram de R$ 10 milhões.
O enxugamento tem outras razões, como a de evitar um novo rombo de R$ 5,5 milhões, ocorrido em 2000.
A ata da reunião do conselho de administração da Acerp, realizada em 24 de novembro, menciona o ‘alto custo de sacrifício’ e a necessidade de a organização ‘aprender a viver dentro se seus próprios limites’.
Revolta
As demissões geraram a revolta dos funcionários da TVE e da rádio MEC que, em reunião realizada na semana passada, decidiram formar uma comissão com o objetivo de entrar na Justiça contra o corte de pessoal e a nova linha de programação definida pela Acerp.
Os funcionários afirmam que a extinção dos telejornais diários não respeita a cota de 5% de jornalismo que as emissoras deveriam exibir em sua programação. ‘É preciso mobilizar a opinião pública para mostrar o que está acontecendo’, disse o senador Saturnino Braga (PSB-RJ), manifestando seu apoio durante a reunião.
Outra reclamação dos funcionários é de que as emissoras estão sendo comandadas por pessoas que não entendem da área e que a TVE e rádio MEC deveriam voltar para a alçada do Ministério da Cultura ou da Educação."
TV CULTURA EM CRISE?
"TV Cultura", copyright Folha de S. Paulo, 15/01/01
"Jornalista que sou há 14 anos, fiquei chocado com a matéria de capa da Ilustrada (‘TV Cultura, um castelo em ruínas’, 11/1). A matéria sobre a TV Cultura compara índices de audiência de antanho, antigos como os programas reportados. A matéria não repercute (para o bem ou para o mal) a nova programação (no ar há quase seis meses), o chamado ‘jornalismo público’ da emissora. Enfim, uma matéria sem novidades que chora, em coro com os lamurientes, uma TV estatal que não existe mais. O resultado fez do caderno de cultura da Folha uma ‘desilustrada’ publicação. É triste! PS: Há dois anos sou repórter da TV Cultura e nunca recebi um salário atrasado. (Davi Molinari – São Paulo, SP)"
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