Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cuidado com os enlatados

LÁ E CÁ

A revista Information Week, em sua edição de 20 de junho, publicou matéria sobre o mercado de trabalho para deficientes físicos com o título "Barreiras vencidas". Entre os destaques, a informação de que "apenas 52% dos americanos portadores de deficiência física estão empregados". A matéria baseia-se em depoimentos de deficientes americanos que discorrem sobre as dificuldades que encontraram para conseguir emprego, os preconceitos que enfrentaram; sobre a ajuda de avançadas ferramentas de auxílio disponíveis nos EUA e sobre a postura das empresas americanas, cada vez mais preocupadas em abrir espaço para deficientes em seus quadros profissionais.

Em 27 de junho, o jornal Valor Econômico publicou matéria sobre o mesmo tema com o título "Mercado de trabalho dificulta acesso a portadores de deficiência". E a primeira frase do lead é: "Apenas 2% dos brasileiros com algum tipo de deficiência estão inseridos no mercado de trabalho formal, com carteira assinada e direitos previdenciários garantidos".

Baldur Schubert, gerente de projetos da Diretoria Colegiada do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), classificou este índice como "indiscutivelmente baixo" e esclareceu que "há países onde 30% dos deficientes estão inseridos no mercado de trabalho". Na matéria da Information Week, o texto lamenta a colocação de 52% dos deficientes americanos no mercado. Segundo a matéria do diário Valor, o principal problema do deficiente brasileiro é a falta de qualificação adequada. Ou seja, de um lado um mercado cada vez mais exigente, de outro uma estrutura educacional pior a cada dia.

A boa notícia veiculada pela IW é que muitas barreiras estão sendo vencidas para que pessoas portadoras de deficiências físicas ocupem seu espaço no mercado de trabalho. A má notícia, que a revista omitiu, é que isso só está acontecendo lááááááá nos EUA, pois aqui no Brasil, como informou posteriormente o Valor, a realidade é bem diferente.

É difícil saber em que medida a crise na internet está afetando as publicações voltadas para o segmento de tecnologia da informação, mas é certo que, em alguns casos, os leitores dos veículos dessa área estão engolindo notícias estrangeiras enlatadas, traduzidas a custo baixo e que retratam realidades que nada têm que ver com o Brasil.

É importante saber como se comportam os americanos diante do problema de empregar seus deficientes, mas essa informação só é válida, para nós brasileiros, se tivermos as informações relativas ao Brasil diante da mesma questão.

(*) Webwriter e roteirista multimídia

    
    
              

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