CIÊNCIA
Pesquisadores da Escola de Jornalismo, Mídia e Estudos Culturais de Cardiff, na Grã-Bretanha, concluíram que a imprensa e o sistema educacional pouco ensinam sobre ciência, mas formam a opinião das pessoas em assuntos ligados a ela. Mais de 1.000 pessoas de 10 cidades britânicas tiveram seus conhecimentos de três temas científicos ? alteração climática, vacina tríplice contra rubéola, caxumba e sarampo e biotecnologia ? testados. Além disso, de acordo com The Guardian [4/9/02], o que opinavam sobre cada um dos temas foi registrado.
De 12 perguntas, foram acertadas, em média, apenas 4,42. Ficou demonstrado que o público sabe mais sobre as questões políticas que envolvem a ciência do sobre que seus fundamentos teóricos. Quantidade considerável ? 67% ? sabe, por exemplo, que a vacina tríplice é ligada, por alguns cientistas, ao autismo. Contudo, a maioria também pensa que as evidências de relação entre as duas coisas são equilibradas ou majoritárias. A verdade é que a maioria dos trabalhos científicos a respeito nega que haja ligação. "Essa pesquisa confirma que as pessoas tendem a absorver associações que ouvem muito repetidas na mídia, como a relação da vacina tríplice com o autismo ou do aquecimento global com problemas ambientais", analisa o professor Justin Lewis, especialista em formação da opinião pública.
Leitores de jornais comuns tiveram pontuação maior que os de tablóides e pessoas que assistem TV com freqüência também se saíram melhor que as que não têm este hábito. Para o professor Ian Hargreaves, integrante da equipe de pesquisa, há evidências de que "a formação da opinião e do conhecimento públicos em assuntos científicos é muito mais complexa que comumente sugerido por ministros e cientistas quando culpam a histeria dos meios de comunicação de massa ou a educação inadequada pela resposta das pessoas a questões controversas".