ESTILO VEJA
Tom Taborda (*)
Como detesto os ?fecha-aspas-vírgula-verbo? e os debiques da revista Veja! Seus repórteres e editores parecem estar sempre procurando jeito de desdenhar dos entrevistados ou retratados. Eles têm que achar um jeito de dar o piparote final. No processo de edição do texto a ser publicado, não sossegam enquanto não conseguem dar a impressão de que a revista conseguiu acuar os entrevistados (mesmo que nada parecido tenha ocorrido durante a entrevista) ? em inglês, "outsmart them" ?, mostrando o quanto são mais inteligentes, mais espertos.
Assim, exercendo a prerrogativa unilateral de editar o texto que seguirá para as bancas, vão tascando os detestáveis "…, reconhece fulano", "…, admite cicrano", esbanjando pueril superioridade e deslocada condescendência. Caso não seja uma entrevista, apenas uma nota, a tônica é encontrar algo bobamente desmerecedor a ser comentado, como num infantil debique.
No entanto, com o passar do tempo e para os leitores que criticamente percebem a artimanha, a revista, ao invés de inteligente, apequena-se, mostrando-se insegura, ainda sofrendo de Complexo de Inferioridade, freudianamente incompatível com sua inegável estatura e importância. Quando passarem a apreciar e a dar valor ao mundo fora dos limites (mentais) da redação, talvez a revista melhore. Tantos anos depois de sua estréia, ainda continua detestável. Como diria Caetano Veloso (um dos muitos e inexplicáveis desafetos da redação), ainda é a "pórcaria da révista Véja".
E, "Franklin, meu querido, eu não me importo a mínima" (estou citando de memória esta antológica tradução de Veja para notinha sobre as 10 frases mais famosas do cinema, de "O vento levou": "Frankly my dear, I don?t give a damn").
(*) Jornalista