Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Custo de um mau negócio

REVISTAS

A Emap, editora inglesa da revista masculina FHM e da Motor Cycle News, anunciou no dia 29 a saída de seu executivo-chefe, Kevin Hand. Segundo Nadja Hahn [Financial Times, 29/5/01], ele será substituído por Robin Miller, antigo dirigente da empresa. Os acionistas da editora pressionaram a decisão, afirmando que Hand teria pago um preço excessivo à publisher americana da Peterson, agora Emap USA, comprada em 1998.

A companhia pretende vender a filial americana, em crise devido à fuga de anunciantes, e divulgará em breve sua decisão. Os lucros da Emap USA caíram 25%, e as vendas, 7%. A Emap pagou US$ 1,5 bilhão no negócio, aproximadamente duas vezes mais do que deve conseguir pela venda hoje.

A edição americana da FHM, no entanto, permanecerá no grupo. Suas vendas alcançam atualmente um total de 800 mil cópias por mês, acima da meta de 750 mil estipulada no final de março. A revista também passará a ser o foco de expansão internacional da empresa.

JORNAIS

Como praticar um bom jornalismo em meio ao caos econômico? Essa foi a principal questão levantada pelos grandes chefes da Knight Ridder, que terá que demitir cerca de 2 mil de seus 22 mil funcionários. A dúvida reflete o abismo, na empresa, existente desde que duas companhias muito diferentes se fundiram, há 27 anos disse Felicity Barringer [The New York Times, 29/5/01].

O executivo-chefe Tonny Ridder é conhecido na indústria como herdeiro, vítima e teimoso nesse estado de tensão, por ser constantemente pressionado para escolher entre jornalismo de qualidade ? coração histórico da Knight Newspapers ? e performance financeira, que era prioridade da Ridder Publications. Ridder diz acreditar em ambos mas, na tentativa de agradar aos dois lados, tem recebido críticas tanto de Wall Street como de seus colegas editores.

Nos últimos dois meses os anúncios de classificados caíram quase 50% em alguns mercados, e os preços de impressão subiram 20% em relação à média do ano passado. Diante destes dados, Ridder ficou ainda mais determinado a cortar gastos, e ordenou corte permanente de pessoal de 10% em praticamente todos os 32 jornais da empresa.

Ainda assim, o esforço em agradar ao mercado financeiro não tem dado muito certo, principalmente por causa do perfil homogêneo da empresa. Desde que tornou-se executivo-chefe, há seis anos, o retorno anual para os investidores foi de 13,4%. "Nós certamente somos penalizados por não ter a diversidade das outras", disse Ridder, comparando sua empresa a gigantes como Times e Viacom, que têm outros veículos de mídia além dos jornais impressos. Mesmo assim, Ridder garante que manterá a histórico de qualidade editorial de suas publicações, marca da empresa desde a fusão das duas vencedoras de prêmios Pulitzer, em 1974.

IGREJA & MÍDIA

A entrada da Igreja Católica no terceiro milênio despertou a discussão sobre a importância do uso da mídia como instrumento de comunicação da mensagem de fé. O esforço, segundo Michael Paulson [The Boston Globe, 26/5/01], é mundial ? a Reunião Católica dos EUA oferece workshops para treinamento de mídia para bispos, ensinando a abordar assuntos como aborto, ordenação de mulheres etc.

Em maio, em paróquias por todos os EUA, solicitou-se que católicos assinassem uma petição sobre "Renovação da mente da mídia", voltada para o combate do sexo e da violência, principalmente na mídia de entretenimento. Na semana passada, no entanto, a igreja pareceu tropeçar ao pôr em prática seus objetivos.

Repórteres não tiveram acesso a algumas áreas do Consistório Extraordinário de Cardeais ? o que não é uma grande surpresa, uma vez que reuniões da elite clerical sempre foram realizadas em segredo. Mas os cardeais pareceram impossibilitados de decidir o quanto poderiam falar ao explicar à mídia o que foi discutido.

Diversos cardeais distribuíram folhetos com suas observações, incluindo o principal funcionário do Vaticano, cardeal Roger Etchegaray, da França, que se aproximou de repórteres franceses para ter certeza de que teriam cópia de seu texto em sua língua. Alguns cardeais improvisaram coletivas, outros apareceram destacadamente na TV, e pelo menos um cardeal, Jean-Marie Lustiger, de Paris, publicou suas observações do sítio do Vaticano. Os repórteres, claro, abordaram cardeais tagarelas a caminho do almoço ou na volta ao hotel.

As companhias de mídia que cobrem o Vaticano frustraram-se tanto com a falta de informações oficiais que Robert Blair Kaiser, repórter sênior do Vaticano e colaborador da Newsweek, enviou carta aberta à assessoria de imprensa do papa: "Gostaria de saber se você realmente quer alguma cobertura de imprensa inteligente nesse consistório."

    
    
                     

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