TV DIGITAL
"Brasil deverá fazer novos testes de TV digital", copyright Folha de S. Paulo, 16/09/02
"Prevista para começar a ser implantada neste ano, a TV digital no Brasil deve dar um passo atrás. Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e Ministério das Comunicações estão agora defendendo a realização de novos testes para a escolha do padrão a ser adotado _japonês, europeu ou norte-americano.
Os três sistemas já foram testados em 1999 pela SET/Abert (Sociedade de Engenharia de Televisão/Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV), a um custo de R$ 2,5 milhões. Os testes indicaram o padrão japonês como o mais apropriado para o país. Na Anatel, no entanto, já é dada como definitiva a decisão de realizar novos testes. O principal argumento é que os padrões americano e europeu evoluíram muito de três anos para cá.
Falta definir quem, quando e como serão feitos os testes. ?Se for ter novos testes, a SET/Abert está disposta a realizá-los?, diz Roberto Franco, presidente da SET.
Na semana passada, o governo federal editou, por decreto, a política nacional para TV digital. Diz que o padrão a ser escolhido deverá oferecer recepções móvel (no carro) e portátil (televisor sem antena externa), como o japonês. Os americanos dizem que estão desenvolvendo essas aplicações apenas para satisfazer os brasileiros.
Os defensores da TV digital afirmam que a tecnologia irá revolucionar a televisão, com alta definição e internet no televisor."
"A vez da TV digital", Editorial, copyright Folha de S. Paulo, 15/09/02
"As diretrizes para a implantação do sistema digital de TV no País, anunciadas nesta semana, revelam a opção do governo por um serviço acessível à população no médio prazo e a estratégia de fazer desse processo uma oportunidade para o desenvolvimento da indústria nacional. A exposição de motivos, que fixa as diretrizes, estabelece que a TV digital será gratuita, aberta e acessível a quem utiliza o atual sistema, analógico; e que o fornecedor de tecnologia capacitará técnicos brasileiros, transferirá know-how a fabricantes brasileiros e possibilitará a fabricação local de pelo menos metade dos televisores, em prazos a serem negociados com as indústrias.
Esses critérios são fundamentais para que, a partir de agora, autoridades e técnicos aprofundem as negociações com europeus, americanos e japoneses, que oferecem ao Brasil os seus sistemas – DVB, ATSC e ISDB, respectivamente. Até o ano que vem, o governo brasileiro escolherá o fornecedor que oferecer maior transferência de tecnologia para a indústria nacional, menores encargos com royalties, maiores investimentos em fábricas locais, melhores perspectivas de exportações de aparelhos e serviços para os países vizinhos – além de garantir melhor qualidade de transmissão de som e imagens e a interatividade com o público, condição necessária para fazer da TV um veículo de comércio e serviços eletrônicos.
A pauta de negociações será extensa, até pelos impactos dessa indústria em toda a economia. Calcula-se que a implantação do sistema digital no Brasil gerará negócios no valor de US$ 100 bilhões nos próximos dez anos, com a produção de 60 milhões de aparelhos, além de abrir todo o mercado sul-americano para a nova tecnologia. A rigor, qualquer um dos três sistemas pode cumprir as exigências técnicas de qualidade de transmissão e interatividade, e é por isso que as negociações mais complexas estarão no campo da cadeia produtiva industrial.
Mais do que exigir um sistema aberto, gratuito e acessível – com exceção dos serviços interativos, que serão pagos -, as diretrizes determinam que o dono de um televisor analógico poderá comprar um conversor que lhe permita receber o sinal digital. É um benefício também para a economia, pois permite o surgimento de um mercado de conversores, e para as próprias emissoras, que poderão contar com um público espectador, mesmo sem nível de renda suficiente para comprar TVs digitais, mais caras.
Prevê-se um período de transição, de cerca de dez anos, em que cada canal analógico terá em paralelo um canal digital. Será um período de testes, capacitação de pessoal e investimentos em equipamentos. Produtoras de TV, empresas de software de interatividade, serviços de suporte e assistência técnica já se preparam para as mudanças e novos negócios. Um deles seria a criação, no Brasil, de uma fábrica de chips para televisores, que requer investimentos de cerca de US$ 300 milhões.
Também haverá novas oportunidades para setores como o de TV paga, cujo público estagnou em 3,6 milhões de usuários, deixando subutilizada uma rede de 60 mil km de cabos, que pode ser integrada ao sistema digital."
"Governo fixa política para TV digital", copyright Folha de S. Paulo, 12/09/02
"A implantação da TV digital no país irá começar pelos grandes centros urbanos. A decisão faz parte da política do setor, definida ontem pelo governo. A política também atende a principal reivindicação das emissoras: modelo de negócios flexível -a televisão digital poderá ser de alta definição em um local e, em outro, não.
O governo decidiu também que as emissoras não precisarão pagar mais para obter faixa extra de frequência para operar a TV digital. A transição da TV analógica para a digital, segundo o ministro Juarez Quadros (Comunicações), deverá durar cerca de dez anos.
Quadros disse que o padrão tecnológico -japonês, europeu ou americano- será decidido pelo próximo governo. De acordo com a política, a escolha levará em conta, por exemplo, a participação brasileira nos responsáveis pelo desenvolvimento das tecnologias e suporte tecnológico."