Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Davos e Porto Alegre

FÓRUNS

Na condição de telespectador e cidadão estou indignado com o tratamento dado à questão acerca das divergências entre o Fórum Social Mundial (realizado em Porto Alegre) e o Fórum Econômico Mundial (realizado na cidade suíça de Davos). Na chamada do Jornal da Globo de quinta e sexta (respectivamente 25 e 26/01) a jornalista Ana Paula Padrão deu a tônica da notícia como se as diferenças entre os dois eventos fossem apenas uma questão de semântica, possuindo em ambos os casos "um objetivo em comum: construir um mundo melhor (parece mais o chavão publicitário do Rock in Rio).

Sabemos todos nós que as diferenças entre Davos e Porto Alegre não se reduzem a essa retórica de "meios diferentes para um mesmo fim", mas que nelas residem profundas questões de ordem ética, estética e ideológica entre os dois eventos.

Não sei se meu navegador está com problemas, mas por enquanto não pude acessar no site do Observatório qualquer discussão acerca do referido tema (minha máquina só está conseguindo dados referentes ao dia 20/1/2001).

Fica aqui minha sugestão de tema para se colocar em debate, bem como meu desabafo pelo sentimento de indignação pelo modo como se ainda trata o telespectador nesse país.

Cláudio Márcio Oliveira, professor de Educação Física da Rede Municipal de Ensino de Contagem, MG

Queria sugerir a esse magnífico programa uma extensa divulgação dos debates dos fóruns econômico e social sobre a globalização. Não sei se me engano ou a mídia não o está cobrindo com a devida isenção, apenas focalizando protestos de rua sujeitos a interpretações errôneas.

Fica óbvio, e é auspicioso, que há pessoas do Primeiro Mundo lutando pelos seus irmãos terceiro-mundistas. Não será o caso de dizer que entre nós do Hemisfério Sul do planeta todo homem e toda mulher de caráter (não exatamente estigmatizados pelo pejorativo de socialista ou coisa pior…) deviam estar juntos em torno de um ideal comum?

Fernando Neto

ROCK IN RIO

Rock in Rio "para um mundo melhor" ou "para um bolso melhor"? E não é o meu bolso. Cadê o rock?

Parabéns ao Observatório pela ótima abordagem da nossa imprensa.

Antonio Miranda

Estive no Rock in Rio e pude constatar que o buraco é bem mais embaixo. A atual mentalidade dos jovens da minha idade desanima qualquer ser humano. Em meio àquela poeira seca, milhares de pitboys demarcavam seu território como no mundo animal, avançando violentamente contra qualquer desavisado que quisesse ficar por perto… pela paz…

Meu namorado, um dos últimos jovens que ainda têm alguma vontade de protestar, produziu um cartaz com uma charge que continha a seguinte frase: "Não haverá paz de barriga vazia"; para facilitar o entendimento ele desenhou um garotinho segurando uma chapa de Raio-X com um sinal de vazio no estômago. Pois bem, deixamos estendida no chão, observando a reação das pessoas e pudemos perceber que apenas aqueles aparentemente mais sofridos se sensibilizavam e vinham conversar com a gente. Os demais olhavam e davam risada… como se tivesse alguma graça.

É muito deprimente para nós, que temos noção da real influência a que somos expostos pelos meios de comunicação, disputar o mercado de trabalho com os pré-fabricados novos profissionais sem escrúpulo ou ideal. Hoje os jovens querem ganhar dinheiro para poder usufruir de todos os bens de consumo inúteis vendidos pela publicidade e pelas novelas, pouco se importam com os milhares de pessoas que têm a mesma idade que eles e que não têm nem uma escola decente, que dirá um carro do ano com trio elétrico para obrigar a cidade inteira a ouvir o lixo barulhento que eles adoram.

Espero que os bebês de hoje consigam entender o que é bom e o que é imposição, pois somente desta forma esse planeta terá chance de sair das trevas em que se encontra, e esse país da ditadura camuflada de Rede Globo.

Levamos nossa charge em frente à ala VIP da Cidade do Rock e coincidentemente demos de cara com uma jornalista da Globo fazendo aquelas entrevistas superprodutivas (como de costume). Ela simplesmente virou as costas e foi procurar mais um babaca sem cérebro para falar que o Rock in Rio é pela paz.

Ah, tenha dó!!!

Aline Campoli, 23 anos

Parabéns! Alberto Dines discorreu muito bem sobre a questão. O problema é que por trás da imprensa sempre há interesses inconfessáveis. Tirando os colunistas independentes, não é recomendável acreditar cegamente no que se lê.

Clécio

Assino em baixo o manifesto contra o Porca in Rio. Contudo, até quando ficaremos somente no descontentamento? Ou tomaremos alguma medida contra a todo-poderosa, para não ver e ouvir mais as besteiras da Xuxa, de Sandy e Jr. e companhia?

Mauro

Esse evento foi o que de pior aconteceu nos últimos tempos em matéria de lavagem na mente de vários cabeças-de-bagre. O que fizeram foi empurrar um pacote de lixos musicais, para um público que nem sábia o que estava fazendo; não vou dizer que todas as bandas eram ruins, mas nem todas eram boas, o que interessa é o fato comercial, as cifras circulando para os bolsos dos organizadores. E a cultura, nada.

Luiz, São Paulo

Curioso é que até então não havia percebido a natureza deste festival… o que percebia é que quanto mais tentava procurar um dia de show interessante mais queria ir ver uma boa peça ou tentar um filme no cinema.

Não me considero propriamente um homem de gosto refinado, mas sei que reconheço a diferença entre um "bom prato" e uma "gororoba". Tá explicado agora o porquê de não conseguir engolir nem uma colherada desse tal de Rock in Rio… Obrigado por me retirarem as vendas.

Andre Witer

Com certeza o rock já foi bem mais safadinho e bem mais rock também, aliás quem foi ao primeiro Rock in Rio jamais gostaria desta edição! Nada contra a Sandy, aliás ela é linda, assim como Britney, Five e outros do mesmo estilo. Eles têm seu mercado, seu público, mas misturá-los ao rock acho que não é uma boa fusão. Mesmo com toda essa reviravolta da globalização, acho que não cola!

Sem dúvida o Rock in Rio é um megaevento e está sendo muito bem-administrado, mas a 3? versão deveria ter outro nome: na minha opinião, é uma ofensa ao rock de puro sangue! Curto todos os estilos de música, dando preferencia ao rock, por isso acho que o nome do evento deve mudar.

Eduardo

ELEGÂNCIA NA TV

Por conhecer o trabalho há pouco tempo, estive dando uma olhada nas edições anteriores, e um texto em especial me chamou a atenção. Trata-se de uma comparação feita pelo Sr. Ivan Ângelo (o qual respeito muitíssimo) entre os apresentadores Jô Soares e João Gordo, na qual o primeiro era enaltecido e o segundo… bem, o segundo…

Dias atrás assisti a uma reprise do programa Gordo a Go Go, em que um dos convidados era o Bozo (!!!), que falou sobre sua trajetória dantesca pelo mundo das drogas e da sua recuperação.

Acontece que o palhaço em questão agora é pastor evangélico e prega para os jovens fiéis na pele do Bozo. Até aí, nada de surpreendente, não fosse a conduta do apresentador. O Sr. João Gordo foi de uma elegância (à sua maneira) e educação que, sinceramente, não sei se o outro rechonchudo teria. Manteve seu comportamento escrachado, é verdade, mas em nenhum momento desrespeitou ou ironizou a posição defendida pelo palhaço convidado.

Não sou exatamente fã de um nem de outro, mas diante do texto publicado na edição de 5/12 quis registrar este inusitado ato de cavalheirismo do líder dos Ratos de Porão.

Ana Paula Xavier


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