JORNAL DA NOITE
"Maria Cristina Poli sai do ônibus para ser âncora do ?Jornal da Noite?", copyright Valor Econômico, 18/10/01
"A jornalista Maria Cristina Poli trocou o ônibus do ?Circular?, do Canal 21, pelos estúdios do ?Jornal da Noite?, da Band. Mas o novo papel, de âncora, não vai lhe tirar a liberdade de locomoção, pois continuará fazendo reportagens de rua, nem a de criar em cima de um programa de fórmula fechada, como costumam ser os jornais do fim de noite de todas as emissoras.
Conhecida justamente por dar um tom diferenciado a seus programas e entrevistas, ela garante que o ?Jornal da Noite?, atualmente apresentado por Sérgio Rondino, vai ser completamente diferente de outros noticiários do gênero. A atração, reformulada pelo diretor de Jornalismo do canal, Fernando Mitre, estréia no começo de novembro, ainda sem data definida, às 23h. A ?nova? atração da emissora de Johnny Saad tem como ênfase política e economia.
Dividido em três blocos, o jornal será apresentado no meio da nova redação da Band, com produtores e redatores trabalhando como pano de fundo. Apelidada de ?new center?, a nova área do jornalismo da emissora tem 1.100 metros quadrados. Rondino continua na emissora, mas ainda não foi definido qual projeto ele deverá comandar.
O primeiro bloco do ?Jornal da Noite? trará o que Maria Cristina chama de ?matéria de capa?: reportagens feitas por ela. ?Esse foi um pedido meu, pois não queria abandonar a reportagem?, explica. ?Apresentar e editar é muito legal, mas a reportagem é a matéria-prima do jornalismo.?
No segundo bloco, haverá um panorama rápido sobre os acontececimentos no Brasil e no mundo. A última parte do programa é a mais flexível. Em um outro cenário, Maria Cristina coordenará uma mesa de debates com jornalistas e especialistas no tema a ser debatido. Se o assunto for um político, por exemplo, um telão vai servir de apoio para mostrar como era aquele personagen no começo de carreira e como está hoje. ?Queremos explorar ao máximo o arquivo de imagens da emissora, que é muito rico.?
A repórter pretende estabelecer contato com outros veículos jornalísticos. No quadro ?Editor-Chefe?, a âncora entrará em contato com diretores de redação de jornais impressos para uma rápida discussão sobre a manchete do dia seguinte.
A possibilidade de poder dar a sua cara ao jornal é o que a deixa mais entusiasmada. É a primeira vez que Maria Cristina apresenta um noticiário nesse formato. Na Cultura, comandou a revista eletrônica cultural ?Vitrine?. Dali foi para dentro do ônibus, no Canal 21. Além de apresentadora, sempre atuou como documentarista.
Entre seus trabalhos mais conhecidos está o ?São Paulo, Memória em Pedaços?, idealizado por ela e Neide Duarte, exibido na Cultura. A série, que resgatava a história de bairros paulistanos, e o ?Circular? fizeram da jornalista uma especialista da cidade mais agitada do Brasil. Foram tantos quilômetros rodados dentro do ônibus que ela mostrou lugares que destoam da imagem cosmopolita da cidade, como uma aldeia indígena em Santo Amaro.
Paralelamente ao novo desafio na Band, Maria Cristina continuará a mediar os esporádicos debates do ?Movimento GNT?, evento temático promovido pelo canal fechado. O último, realizado em setembro, teve como tema a auto-estima dos brasileiros.
Apesar de se sentir estimulada com o novo trabalho, o fim do ?Circular? a deixou chateada. Além de ter concebido o programa, com o diretor Marcelo Firangelo, foi dentro do popular ônibus que ela viveu as situações mais inusitadas de sua carreira.
No dia em que levou João Gordo para dar uma volta pela cidade, por exemplo, um bando de fãs do músico e apresentador começou a gritar da rua. Ela abriu a porta do ônibus para os metaleiros entrarem. ?Eram jovens de periferia?, lembra. ?Eles entraram e começaram a contar suas histórias.? A entrevista mudou de rumo naquele momento.
O ônibus era um espaço democrático que dava voz aos paulistanos. ?Ele (o ônibus) é que era o personagem, as pessoas davam tchau para ele e não para mim.? Políticos, artistas, funcionários públicos e inúmeros anônimos que queriam mostrar seus trabalhos passaram pelo talk-show ambulante.
?Para mim o ?Circular? é um produto simpático, diferenciado, mas se acabou, a emissora deve ter suas razões?, acredita. Uma das explicações é a de que a produção, barata se em comparação aos programas de grandes emissoras, dava muita despesa para o pequeno Canal 21, primo pobre da Band.
Enquanto grava os pilotos do ?Jornal da Band?, Maria Cristina tenta resolver, jornalisticamente, uma invasão de cupins em seu apartamento. ?Falei com técnicos e especialistas, inclusive com o responsável pela eliminação do problema no Teatro Municipal, e descobri que são cupins de solo, que se adaptaram ao concreto com a urbanização da cidade. Não é incrível? Taí uma boa pauta.?"
TV JUSTIÇA
"Judiciário quer lançar TV própria em 2002", copyright Folha de S. Paulo, 16/10/01
"O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio de Mello, anunciou ontem que prepara o lançamento de uma TV do Poder Judiciário.
A idéia é começar as emissões a partir do início de 2002, depois que o projeto for aprovado pelo Congresso.
O anúncio foi feito durante palestra de Marco Aurélio em um seminário promovido pela Escola da Magistratura do Rio de Janeiro para discutir a reforma do Judiciário. Durante o seminário, ele reafirmou sua posição contrária ao controle externo da Justiça.
?Por que não praticar um controle interno? Sou favorável à formação de um órgão composto por membros do próprio Judiciário. O projeto que está em discussão no Senado, que admite dois advogados e dois membros do Ministério Público, pode vir a se tornar um instrumento de inibição da Justiça?, afirmou o presidente do STF.
O projeto a que Marco Aurélio fez referência é o da criação de um Conselho Nacional da Magistratura. A oposição do STF à participação de membros externos à Justiça no conselho já foi passada ao senador Bernardo Cabral (PFL-AM), relator do projeto de reforma do Judiciário.
Ao mesmo tempo em que é contra o controle externo, Marco Aurélio enfatizou que é necessário que o Judiciário preste contas à sociedade, dando transparência às suas ações. Um dos instrumentos para isso seria a criação de uma estação de TV a cabo, nos moldes das que já funcionam com o Poder Legislativo e com o canal universitário.
O projeto da TV do Judiciário já está pronto e será agora submetido à análise e aprovação dos ministros do STF, órgão que terá o papel de coordenar e gerar nacionalmente a programação do canal. Depois dessa fase, será encaminhado à Câmara dos Deputados para que comece a tramitar em forma de projeto de lei.
A produção dos programas deve ser descentralizada. ?Podemos, por exemplo, transmitir julgamentos, que tenham relevância nacional, feitos pelos Tribunais de Justiça dos Estados?, afirmou Marco Aurélio.
A TV teria também um papel didático, na medida em que seria usada para treinamento e cursos de aperfeiçoamento. Uma das idéias é treinar o pessoal convocado pela Justiça Eleitoral para os trabalhos ligados às eleições do próximo ano.
Segundo Marco Aurélio, 80% dos equipamentos necessários para o funcionamento da TV já foram comprados em administrações anteriores do STF, o que permite uma implantação rápida do projeto.
Durante sua palestra, ele criticou os membros do Poder Executivo que se recusam a cumprir decisões judiciais, principalmente o pagamento de títulos precatórios.
?Há um verdadeiro calote oficial. O não pagamento dessas dívidas traz descrédito não somente para o governante, mas também para a Justiça, que é desrespeitada?, afirmou."
FLASH NA RECORD
"Cacique da noite", editorial copyright IstoÉ, 22/10/01
"Quem está acostumado a zapear a tevêecirc; em horas avançadas já deu por falta de um clássico das madrugadas. Desde o início da semana o Flash, de Amaury Jr., que tinha endereço certo há 16 anos na Rede Bandeirantes, não vai mais ao ar. Mas os fãs do charme discreto do apresentador paulista não perdem por esperar. A partir do dia 20 de novembro, Amaury Jr. passa a entrevistar suas celebridades de casa nova, a Rede Record, com quem assinou, na segunda-feira 15, um contrato de dois anos. Ele aproveita a mudança para dar uma repaginada no programa, coisa que sempre faz em intervalos calculados. Segundo ele, este é o segredo de sua longevidade como o primeiro colunista social da televisão. ?Há cada dois anos a gente mexe no formato, senão cai na mesmice, fica cansativo?, afirma.
A primeira alteração acontece no horário. Agora, Flash – apesar de a marca estar registrada junto ao nome de Amaury Jr., ainda não se sabe se ela será mantida – vai começar uma hora antes, à meia-noite, uma reivindicação antiga do apresentador. ?Este é o horário adequado para o meu perfil. O público que me interessa está hoje mais voltado para o culto do corpo, dorme e acorda mais cedo.? Se dependesse de Amaury, que costuma se levantar religiosamente às sete horas da manhã, as festas e eventos que ele transmite deveriam começar no início da noite e terminar por volta das 21h30. Não que Amaury Jr., 50 anos, esteja cansado de envergar o seu smoking pelas altas horas. ?Posso dormir tarde que acordo sem problemas. Cinco horas de sono me bastam?, afirma. Dos hábitos antigos, Amaury Jr. cortou apenas o cigarro. O vício, que largou há dois anos, quando fumava 30 cigarros por dia, estava lhe causando problemas na voz. Orgulhoso, rapidamente ele contabiliza que deixou de dar no mínimo 220 mil baforadas.
Com a mesma velocidade, Amaury Jr. chega à conclusão de que, se faz cerca de 30 entrevistas por noite, já deve ter somado mais de 20 mil. Apesar de ser bom de contas, ele faz questão de frisar que sua saída da Rede Bandeirantes não foi resultado de uma operação matemática. ?Meu problema na Bandeirantes nunca foi financeiro. Era mais editorial e de horário. Preferi sair em razão do desgaste de 16 anos de casa.? Com a elegância que lhe permite abordar até as mais inacessíveis celebridades, Amaury Jr. prefere dizer que, por uma cláusula de confiabilidade de seu novo contrato, não pode revelar a soma envolvida. ?Mas é melhor que o antigo?, garante. Entre os privilégios adquiridos, está a possibilidade do uso de uma unidade móvel, que permite inserções ao vivo, e o sonhado programa de domingo, também sem nome, que irá ao ar até o final do ano, das 20h30 às 23h. Amaury tinha um projeto parecido na Band, o Pizza club, que vinha sendo adiado desde junho. Mas ele não guarda mágoas da antiga emissora. ?Sou muito grato à Bandeirantes. Foi graças a ela que hoje tenho esta visibilidade.? Já pensando no novo programa, ele mergulhou em leituras de biografias, um de seus hobbies, e de compêndios de curiosidades, como Vaticanerías, sobre escândalos papais, que servirão de fonte para a nova atração. Ele não percebeu, mas os bispos da Igreja Universal, donos da emissora, com certeza vão adorar."