PROPAGANDA DIRIGIDA
Os gigantes da TV a cabo e a satélite dos Estados Unidos estão instalando nova tecnologia que permitirá a seus sistemas transmitir comerciais de acordo com o perfil dos telespectadores, disse Edmund Sanders [Los Angeles Times, 11/6/01]. Os "alvos" serão demarcados com base em idade, sexo, etnia, salário e até mesmo nos programas que os assinantes assistem.
Restam dúvidas, no entanto, sobre se os consumidores adotarão a nova tecnologia ou reclamarão da invasão de privacidade. A indústria aposta na primeira opção, enquanto Jeff Chester, presidente do Centro para a Democracia Digital, acha que a novidade pode levar as TVs a cabo a reunirem informações em excesso sobre os assinantes, sem seu conhecimento. Além disso, disse Chester, as empresas teriam condições de saber quando os consumidores costumam estar em casa ? o que pode ser até perigoso ?, baseados nos horários em que assistem à TV. Para ele, o Congresso precisa endurecer as leis federais sobre o setor para assegurar que nenhuma informação seja coletada sem o esclarecimento total e a permissão dos telespectadores.
É possível que algumas empresas ofereçam incentivos àqueles que assinarem o novo contrato, como descontos mensais e canais de brinde. A AT&T, maior operadora a cabo do país, pretende testar a "propaganda dirigida" no próximo semestre em 30 mil consumidores do Colorado que já têm o sistema a cabo digital, necessário para a implementação do novo sistema.
NOTÍCIAS FINANCEIRAS
Christos M. Cotsakos, presidente e executivo-chefe do E*Trade Group, empresa de corretagem financeira online, resolveu apostar numa estratégia digital para a mídia de negócios. Ex-jornalistas do canal de finanças a cabo CNBC já foram contratados, e a construção de um estúdio está em andamento, disse Patrick McGeehan [The New York Times, 13/6/01].
A E*Trade é apenas uma na corrida entre as empresas financeiras para oferecer vídeos de entrevistas com executivos, analistas e gerenciadores de fundos a suas programações. Eles estão transmitindo também notícias colhidas por companhias como WebFN, JAGfn e ON24. O esforço acontece ao mesmo tempo em que os grandes nomes da mídia financeira enfrentam tempos difíceis. Espera-se que o faturamento com anunciantes caia 10% este ano, e cortes já estão sendo feitos.
A E*Trade já se aventurou em transmissões ? webcasting ? na rede. Seus visitantes podem ouvir E*Trade On Air, produzido pela WebFN, das 9h às 10h. Cotsakos pretende concluir seu estúdio de transmissão e levar os vídeos produzidos pelo próprio site até o fim de agosto. Segundo ele, a nova programação pode ajudar a dar voz própria à empresa e permitir que levem notícias direcionadas a suas audiência de investidores individuais. Sua intenção não é imitar a CNBC, disse, mas criar uma alternativa mais simples e relevante para seus clientes.
CAÇADORES ANÔNIMOS
Um serviço de ajuda a jornalistas para anonimamente encontrar fontes para suas matérias espalhou parte de seu conteúdo confidencial na internet, tornando-o facilmente acessível pelo site de busca Google.com. O ExpertSource, uma colaboração entre a Business Wire e a Round Table Group Inc, deixou vazar pedidos de jornalistas ? com nomes, telefones e detalhes de matérias de repórteres. A maioria, disseram Stephanie Miles e Timothy Hanrahan [WSJ.com, 13/6/01], era considerada confidencial.
O serviço é protegido por uma senha para cada jornalista que acessa a base de dados, e a lista não fica disponível ao público. Para Richard Smith, que trabalha com casos de privacidade na internet, aparentemente ocorreu um erro.
Parte das informações que foram ao ar continuarão disponíveis no Google.com ? que guarda páginas por pelo menos 30 dias após uma companhia remover o conteúdo de um servidor ? até que o dono da página em questão peça a remoção. A Business Wire ainda não encaminhou seu pedido, mas diz que ele está a caminho.
As informações requisitadas no ExpertSearch vinham de publicações online como MarketWatch.com, Salon.com e Inside.com, além de grandes jornais como Los Angeles Times e The Wall Street Journal. Aproximadamente 7 mil jornalistas estão registrados no serviço, que diz ter mais de 8.500 acadêmicos e especialistas da indústria em sua base de dados e cobra 100 dólares pela assinatura anual.