Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

De olho no consumidor-mirim

GRÃ-BRETANHA

A Disney se juntou à Capital, maior rede de rádio da Grã-Bretanha, para lançar uma estação voltada ao público entre 10 e 16 anos. Estima-se que há potencial mercado de 25 milhões de ouvintes, embora, inicialmente, a emissora terá audiência reduzida porque a transmissão será por rádio digital, ainda não muito difundido.

Na união das companhias, a Disney entrará com conteúdo exclusivo como entrevistas com estrelas de seus filmes e a Capital com sua já consolidada seleção musical. Devem ser executadas músicas como as de Britney Spears, entre outros hits do pop e do metal. Mas a programação não será só comercial. Também terá elementos educativos e ênfase na participação dos ouvintes.

A empreitada é motivada pelo alto poder de compra da juventude britânica e pela quase ausência de concorrência. Pesquisas mostram que as crianças inglesas recebem cerca US$ 1,5 bilhão de mesada por ano, enquanto os pais gastam com elas mais US$ 6 bilhões em supérfluos. Além disso, nove entre 10 ouvem rádio pelo menos uma vez por semana e dois terços têm receptor no quarto. Segundo Disney e Capital, grandes patrocinadores como McDonald’s e Coca-Cola apóiam o projeto.

O horário nobre da nova rádio, que estréia ainda este ano, será de manhã, antes da escola, e à tarde e à noite, até as 22h, quando as crianças estão brincando ou fazendo dever de casa. Durante o horário escolar, a programação será voltada para as mães de crianças pequenas. De acordo com Bill McIntosh [Media Life, 8/8/02], finais de semana e férias também serão períodos nobres.

POLÍTICA AMERICANA

Tom Daschle, senador americano que lidera a maioria democrata no Congresso contra o presidente republicano George W. Bush, fechou com a editora Crown, subsidiária da Bertelsmann, a publicação de livro de memórias sobre os dois turbulentos anos que se passaram após a recontagem de votos na Flórida, na eleição presidencial de 2000. Daschle vai contar como foi sua atuação na época dos atentados de 11 de setembro e a experiência como alvo de cartas contaminadas com antraz.

Contudo, como destaca Alison Mitchell, do New York Times [5/8/02], o livro deve indicar se Daschle tem ambição de ser presidente, pois sairá bem em tempo de o senador fazer um tour de divulgação antes das votações primárias de 2004.

O lançamento de memórias é recurso comum e, geralmente bem-sucedido, para fazer campanha. Em 1992, Bill Clinton e Ross Perot usaram livros para difundir suas plataformas. Em 1995, muitos pensaram que Colin Powell seria candidato quando publicou My American journey (minha jornada americana). Quatro anos depois, o republicano John McCain, com livro que contava sua história de família, ajudou a distrair as atenções do então candidato George W. Bush.

Entre os democratas, Daschle não é o único possível desafiante de Bush nas eleições presidenciais a escrever livro. Al Gore, que perdeu em 2000, foi recentemente a Nova York para negociar a publicação de obra que produz com a mulher, Tippy, para a editora Henry Holt. O tema são as mudanças da família americana.