CONGRESSO EM HAVANA
Congresso de Jornalistas da América Latina e do Caribe, Havana, 11 de outubro de 2001
1. Nossa condenação ao processo que vive a humanidade após os atentados criminosos de 11 de setembro, ao mesmo tempo em que expressamos nossa solidariedade ao povo norte-americano. A declaração de guerra do dia 20, por parte do presidente dos Estados Unidos, elimina a independência das nações e transforma aceleradamente a hegemonia neoliberal, chamada globalização, em um estado mundial configurado por uma nova dominação política, econômica e militar, imposta de maneira imperial.
2. Nossa repulsa a esse modelo que desconhece a legalidade internacional, rompendo-a por uma decisão unilateral, de corte macartista, que utiliza como pretexto "a guerra contra o terrorismo". Essa guerra, em nome de uma pretendida legítima defesa, alimenta um círculo vicioso que responde ao terror com terror e tende alcançar a dimensão de um terrorismo de estado, agora planetário. Consideramos que o combate a esse flagelo deve privilegiar a justiça, com uma concepção humanista, e se manifeste respeitosa com a vida.
3. Nosso alerta para os efeitos dessa nova política que, em nosso continente latino-americano e caribenho, aprofunda a dependência. Nesse sentido, consideramos que a implantação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), do chamado Plano Colômbia e do Puebla-Panamá, atendem a interesses militares e anexionistas, como já ocorre em Vieques, Porto Rico. Advertimos que está emergindo uma ameaça de enfraquecimento dos processos democráticos, da revitalização do autoritarismo e da direitização de nossas sociedades, nestes momentos onde se exacerbam as desigualdades e injustiças.
4. Nossa posição a respeito do papel determinante que os grandes meios de comunicação, sob controle oligopólico, têm na imposição de uma política militarista, realizada através de ampla propaganda que, baseada na desinformação, na censura, na autocensura, na manipulação e nos silêncios, pretende consolidar o pensamento único, numa escala universal e sem fissuras.
5. Que diante da ameaça que representa a mentira organizada, redobramos o compromisso de defender o direito do povo à informação correta para promover em nossas sociedades a consciência que o momento exige.
6. Estar em sessão permanente, num congresso virtual voltado para a ação, nos comprometendo a fortalecer as organizações de nosso setor, vinculando-as cada vez mais às causas populares.
7. Render nossa homenagem aos mais de 600 jornalistas assassinados em nossa região no último quarto de século e ressaltamos que um dos sustentáculos de nossa luta é a solidariedade entre os jornalistas e todos os trabalhadores. Nesse sentido, em reconhecimento aos seus esforços e conquistas, saudamos os anfitriões desse Congresso e manifestamos nossa condenação ao bloqueio e a guerra econômica que atinge seu povo há quatro décadas.
8. Ratificar a luta pela preservação de nossa identidade cultural, da igualdade de direitos dos povos indígenas, do compromisso com as lutas dos trabalhadores, do empenho na solidariedade e na defesa da independência de nossas nações, apoiados em nossa ética e em nossos princípios.