LEITURAS DE ÉPOCA
Luiz Egypto
A edição n? 209 de Época (20/5/02) traz no índice (pág. 6, segunda coluna) a seguinte chamada:
Privatização. Aloizio Mercadante, do PT, apoiou a entrada da Previ na compra da Vale do Rio Doce pelo amigo Benjamim Steinbruch
E remete o incauto leitor à página 42.
Na página 42, porém, necas de pitibiriba: linha alguma sobre o momentoso rumor. Lá estão as matérias "Números de guerra", que sugere cautela ao pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva em razão dos seus altos índices nas pesquisas de intenção de voto ? só faltou dizer "quanto mais alto, maior o tombo"; e "Instituição usou BB para golpe", que trata de operações irregulares com Letras Financeiras do Tesouro nas quais estariam comprometidos funcionários do banco.
O míssil contra do deputado Aloizio Mercadante (PT-SP), pré-candidato do partido ao Senado por São Paulo, foi abatido em pleno vôo, sabe-se lá a que altura do fechamento.
Na edição seguinte da revista (n? 210, 27/5/02),
nenhuma correção, nenhum pedido de desculpas, sequer
uma reportagem previsivelmente bem apurada em função
da gravidade do assunto.
Nada. Era como se não tivesse sido com Época.
Neste episódio envolvendo o deputado paulista, o semanário de informação das Organizações Globo ? que na edição corrente comemora quatro anos de circulação ? deixou mais uma marca inovadora em sua trajetória: inventou a denúncia indexada. E não se fala mais nisso.