MONITOR DA IMPRENSA
VEXAME ELEITORAL
Forçados a reviver o pesadelo da cobertura da noite eleitoral em audiência no Congresso, os principais executivos de notícias das emissoras de TV admitiram em 14 de fevereiro o que todos já sabem: que pisaram na bola feio por duas vezes ao lançar suas projeções de voto na Flórida.
"O vaivém das transmissões na Flórida foi profundamente embaraçoso para nós", disse Andrew Heyward, presidente da CBS News. "Desapontamos nossos telespectadores", afirmou Roger Ailes, presidente da Fox News. "Não tenham dúvida de que estamos envergonhados com os erros", disse Andrew Lack, presidente da NBC News.
Mas, segundo Howard Kurtz [The Washington Post, 15/2/01], Ailes estranhou o tom de hostilidade do republicano Billy Tauzin, presidente da Comissão de Energia da Câmara e do Comitê de Comércio, afirmando que se ressentiu de ter de "fazer juramento, como se tivesse algo a esconder." Tauzin afirmou que o modelo de pesquisa de boca-de-urna adotado pelas emissoras contém "tendências estatísticas a favor de democratas e contra republicanos", apesar de ter reconhecido que "não houve evidências de partidarismo intencional". O democrata Ed Markey, no entanto, considerou absurdas as insinuações de uma "ampla conspiração de esquerda."
O democrata Henry Waxman condenou a Fox News por empregar o primo de primeiro grau de Bush, John Ellis, cuja projeção na Flórida "criou a presunção de que o candidato republicano teria vencido as eleições e desencadeou eventos que devastaram as chances de Al Gore". Em seu discurso, Ailes defendeu Ellis, que diversas vezes conversou com seus primos George e Jeb Bush na noite eleitoral. Ailes chamou Ellis de "profissional perfeito" que, ao utilizar suas "conexões familiares" agiu como "um bom jornalista conversando com suas melhores fontes."
Os executivos, que incluíram o diretor da CNN Tom Johnson e Louis Boccardi, presidente da Associated Press, apoiaram a regra de exigir que todas as urnas fechem ao mesmo tempo, e prometeram não transmitir ou publicar nada sobre qualquer estado antes disso. Um dos momentos mais curiosos da audiência ocorreu quando Tauzin disse: "Americanos não gostam de pesquisas de boca-de-urna. Talvez adotem uma estratégia simples – mentir sobre seu voto."
RÚSSIA
O governo Bush, republicano, interferiu em favor dos interesses de Ted Turner, democrata fundador da CNN, que quer comprar uma fatia substancial da maior emissora independente da Rússia, a NTV, salvando-a do controle do Kremlin. Recentemente, em conversas particulares com funcionários moscovitas, o secretário de Estado, Colin L. Powell, e o embaixador James Collins enfatizaram a importância de manter a independência da NTV, sugerindo a adesão à proposta de 300 milhões de dólares de Turner.
Afirmou reportagem de Peter Baker e Steven Mufson [The Washington Post, 10/2/01] que agentes da lei russa novamente invadiram as instalações da Media-Most no dia 9 de fevereiro, o que originou as reuniões de Powell com os russos. Seu dono, Vladimir Gusinsky, está em prisão domiciliar na Espanha, lutando contra possível extradição para a Rússia.
O interesse de Bush pode ajudar o fundador da CNN. Turner lidera um consórcio que compraria 25% da NTV, entre outras propriedades da Media-Most, permitindo que Gusinsky pague sua dívida com a estatal Gazprom, que afirma ter mais da metade da empresa devido a empréstimos não-quitados.
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