MÍDIA & GUERRA
A edição de 7/4/03 do New York Observer analisa os esforços dos conservadores em desmoralizar o New York Times. O jornalão sofreu ataque frontal do New York Post, tablóide pró-guerra de Rupert Murdoch, duas semanas após o começo da invasão do Iraque. Com a intenção de provar que o NY Times também é "ideológico", o Post publicou, em 29/3, a primeira página, comentada, do Times do dia anterior. O jornal intitulou a página de "Notícias por Saddam". "É o tipo de análise textual que poderia ser feita pelo Pravda em plena Guerra Fria, compara Sridhar Pappu, autor da matéria do Observer.
Para o Post, a manchete "Lutas isoladas no deserto se estendem por 350 milhas" diz aos leitores que "o Times quer que você pense: o Iraque está queimando em combate". Já a manchete "Guerra deve continuar até que regime caia, dizem Bush e Blair" sugere que "a guerra pode nunca terminar ? de fato, pode ser impossível de vencer. Ecos do Vietnã?". "Por favor", ironiza o Post.
"Muitas pessoas esqueceram o que foi conquistado", disse a Pappu o editor administrativo do Post, Colin Myer. "Enfatizam a linguagem e o uso de imagens que podem dar ao leitor uma impressão errada do que acreditamos ser a situação. Há muito pessimismo, e achamos que isso não é justo ou razoável." Howell Raines, editor-executivo do Times, reduz: "Entendo que haja os que lidam com a tarefa [de cobrir a guerra] com diferentes tipos de motivação. E vivemos num tempo em que há muito jornalismo ideológico. Considero isso interessante, mas sem relação com o que fazemos, que é o jornalismo mais objetivo, vigoroso e competitivo que pudermos fazer."