Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Difamação séria na BBC

TV BRITÂNICA

Executivos da BBC estão brigando para ver quem é culpado pelo erro que pode resultar na maior multa por difamação já paga pela corporação. Um inquérito foi aberto para apurar por que o programa Ten O?Clock News acusou a Oryx, firma de diamantes africana, de ter ligações com Osama bin Laden.

Os advogados da Oryx processam a BBC e o repórter envolvido, David Shuckman, de acordo com Lisa O?Carroll e Matt Wells [The Guardian, 10/12/01]. Estima-se que a companhia africana perdeu cerca de 6 milhões de libras esterlinas em negócios desde a alegação, feita em 31 de outubro. Três semanas depois, a BBC fez um pedido de desculpas inédito no ar, durante o Ten O?Clock News. Mesmo assim, a Oryx entrou com ação contra a emissora, exigindo o valor total de todos os negócios que perdeu.

Na reportagem, Shuckman inferia que parte do faturamento da firma africana estava sendo desviado para a al-Qaeda, rede terrorista de bin Laden. Mark Damazer, vice-diretor da BBC News, está chefiando a investigação. Seu relatório será encaminhado ao diretor geral, Greg Dyke, e à comissão reguladora da BBC.

O Channel 5 foi condenado por reguladores da TV britânica por um programa em que a vítima de um acidente de motocicleta descobria, erroneamente, que nunca mais poderá andar. O "protagonista" do acidente ainda está no hospital se recuperando de uma fratura no pescoço quando ouviu o prognóstico em comentário acompanhado de um documentário chamado Crash.

Segundo Louise Jury [The Independent, 10/12/01], médicos e fisioterapeutas não haviam contado nada à vítima ? que não quis se identificar ? e a sua família, e a informação obtida pela telinha foi recebida com angústia e desespero. Na verdade, o motociclista já pode andar com a ajuda de muletas.

As informações foram dadas por um policial e não verificadas, segundo disseram à Independent Television Commission (ITC), órgão regulador da TV britânica. Em sentença publicada no dia 10 de dezembro, a comissão registrou uma reclamação do acidentado de que o programa burlou normas de respeito à privacidade. O Channel 5 afirmou que a privacidade não foi infringida porque a vítima não foi identificada.

DUNCAN SMITH

As emissoras britânicas foram acusadas pelo líder conservador Iain Duncan Smith de concederem certo grau de "legitimidade" a grupos como o Hamas, da Palestina, ao deixar de tachá-los de terroristas. O líder conservador disse que grupos como Hamas e Jihad Islâmica tencionam destruir Israel.

De acordo com Smith, não faz sentido amenizar a imagem de tais grupos, e o ato de não identificá-los como terroristas deforma o assunto. Segundo a BBC (10/12/01), Duncan Smith afirmou que apóia o presidente americano George W. Bush quando afirma que é tempo de as pessoas que querem paz "se levantarem e combaterem o terror".

"Sob este cenário", disse Duncan Smith, "é tempo de nossas emissoras nacionais, incluindo a BBC, pararem de descrever o Hamas e a Jihad Islâmica com eufemismos do tipo "radical" e "militante". "É um absurdo, quando até palestinos moderados em Jerusalém descrevem os homens-bomba como terroristas."

Para Smith, os terroristas querem "nada menos que a destruição de Israel e tudo a que o país estiver relacionado". O líder conservador chamou a atenção para a luta mais ampla contra o terrorismo, suscitada a partir dos ataques aos EUA em 11 de setembro. "Nossa luta contra o terror não deve acabar no Afeganistão. Os dias de porto seguro terminaram. Não podemos mais suavizar ou fingir que não vemos regimes que apóiam o terrorismo."