DIPLOMA E EXCELÊNCIA
A mídia pede responsabilidade
social às empresas mas não cumpre com a sua
Alberto Dines
O patronato está exultando com a liminar concedida contra a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. Mais felizes estão com o desgaste enfrentado pelas entidades profissionais atreladas às palavras de ordem das centrais sindicais.
Qualquer que seja a decisão da Justiça no tocante ao diploma, esta é a hora ideal para uma revisão das políticas empresariais no tocante à formação profissional.
Sobretudo, se consideramos as seguintes premissas:
** O ensino do jornalismo num determinado país está ligado à qualidade do jornalismo que lá se pratica. Se o modelo vigente é falho será impossível criar um paradigma alternativo, laboratorial, na sala de aula.
** Assim como o mercado não ensina coisa alguma às empresas (razão pela qual os seus executivos vão obter os seus MBA?s em instituições habilitadas), assim também não se pode esperar que os profissionais de jornalismo sejam formados apenas pelo mercado.
Admitidas estas premissas e aproveitando esta oportunidade, a corporação patronal tem diante de si um repertório de ações que não entra em conflito com as instituições de ensino superior privadas e de cujos anúncios tanto depende. A saber:
** Estabelecer um programa único de formação e desenvolvimento profissional ao qual se associariam as diferentes associações patronais de forma a adotar uma política de excelência que fatalmente irá enriquecer a própria mídia.
** Reunir os recursos (materiais e humanos) dispersos nos diferentes cursinhos de estagiários para montar um curso modelo de pós-graduação profissionalizante destinado a graduados de qualquer área.
** Criar programas sabáticos para estimular os profissionais mais experientes a transformarem-se em docentes de cursos de graduação de escolas públicas ou privadas. Alunos e professores sairiam beneficiados.
Ao longo de quase duas décadas, o patronato foi tão leniente e omisso como as entidades sindicais no tocante à formação profissional. E nesta hora em que as empresas de mídia estão incentivando a disseminação do conceito de responsabilidade social, não podem fugir da obrigação de mostrar que sabem praticar o que pregam.