THE WASHINGTON POST
"Jornalistas tiram férias, mas jornais diários não deveriam", adverte Michael Getler, ombudsman do Washington Post. Para Getler, a julgar pela cobertura feita pelo jornal na semana anterior à sua coluna de 19/8, o Post parecia mesmo estar de férias.
No sábado, dia 11, uma forte chuva inundou a cidade. Milhares de casas foram danificadas e ficaram sem energia elétrica, algumas estradas alagaram e tiveram que ser fechadas, assim como estações de metrô. A edição de domingo do Post, no entanto, não fazia menção ao assunto na capa, nem trazia fotos. A única reportagem sobre o caso estava na seção metropolitana, sob uma manchete minúscula porque uma coluna planejada anteriormente ocupava quase todo o espaço.
Na terça, duas histórias importantes surgiram: a primeira, a decisão da Corte Suprema no Texas sobre um caso que atraiu atenção internacional – um adolescente de 17 anos, acusado de assassinar o pai de um juiz, escapou afinal da pena de morte porque houve um empate entre os juízes (a pena máxima requer maioria dos votos). A segunda tratava do ataque de um tanque israelense ao West Bank de Jenin, cidade controlada por palestinos.
Enquanto Los Angeles Times e New York Times, entre outros, davam matérias de capa sobre estes casos, o Post os tratou de forma breve, sem maiores explicações. Seguir o bando é, às vezes, um erro, observa o ombudsman, mas estas três histórias mereciam ser apresentadas aos leitores de uma maneira que refletisse melhor sua importância. O Post trouxe uma cobertura mais completa no dia seguinte, "mas isto, afinal, é um jornal diário", lembra Getler.