Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

"Duas cenas", copyright Coleguinhas, uni-vos (www.coleguinhas.jor.br)

ASPAS

JORNALISMO CULTURAL
Ivson Alves de Sá

"Duas cenas", copyright Coleguinhas, uni-vos (www.coleguinhas.jor.br), 1/05/01

"Morreu Maria Clara Machado. Fiquei triste: a primeira peça de teatro que vi na vida, lá pelos oito anos, foi Maria Minhoca. A tristeza acabou por me levar a perpetrar o pequeno esquete abaixo:

Personagens: o Poderoso Diretor de Redação, a Repórter e a Assessora

Cena 1 (o Poderoso Diretor chama a Repórter, que fora ver o ensaio de peça clássica estrelada por global que estrearia na semana seguinte)

Poderoso Diretor de Redação – E aí, como foi?

Repórter – Tudo bem. Foi um ensaio sem compromisso , mas parece que a montagem vai ser boa.

Poderoso Diretor de Redação – E o Fulano como está?

Repórter – Muito bem. Ele pareceu à vontade.

Poderoso Diretor de Redação – Ótimo. Então você vai escrever que ele está muito bem, mas o resto do elenco não fica a altura dele.

Repórter – Mas a peça ainda não estreou! Não deu pra ver como os outros estão num ensaio!

Poderoso Diretor de Redação – Não interessa! Você vai escrever isso!

Repórter – Mas eu não posso!

Poderoso Diretor de Redação – Pode! E se não fizer, o beltrano faz.

Cena 2 (Informada por amigos da redação do que estava sendo preparado, a Assessora, depois de muito insistir, consegue falar com o Poderoso Diretor de Redação)

Assessora – Poderoso, me disseram que a XXXXXX (nome da publicação) vai malhar a peça. Mas ela nem estreou ainda…

Poderoso Diretor de Redação – Não vamos malhar. Vamos dizer que o Fulano está bem, mas o resto do elenco é fraco.

Assessora – Mas a peça não estreou! Como vocês podem dizer isso?!

Poderoso Diretor de Redação – Olha, agora não se elogia mais ninguém aqui. O jornal está em nova fase. Agora é um jornal contestador!

Pano rápido.

PS.: Esta é uma peça de ficção. Qualquer semelhança entre os personagens e pessoas da vida real é…. bem… uma vergonha, não é mesmo?

Picadinho à Coleguinhas

As novas normas do JB – O diretor de redação do JB, Mário Sérgio Conti, comunicou a seus comandados, através de email, as normas que passam a valer a partir de agora no jornal de São Cristóvão. Ei-las:

?(…)Algumas padronizações e normas. Exceções serão abertas com o consentimento do Flavio, do Maurício ou meu.

1. Estão proibidos os palavrões e termos chulos. Inclusive em colunas.

2. Informar a idade de todos os personagens novos e relevantes. Pelo menos nos primeiros três dias em que estivertem no noticiário. É o caso dos suspeitos do crime em Santa Tereza, da noiva de Popó e do cineasta iraniano detido nos EUA. Assim: ?Fulano de Tal, 35, foi preso ontem etc?.

3. Não publicar mais de uma foto de um personagem numa edição (sem contar as fotos da primeira página).

4. Ninguém pode aceitar viagens pagas por empresas, entidades, governos, ongs etc.

5. Consultar o chefe acerca de convites para palestras, mesas-redondas, entrevistas etc.

Profissão perigo – Nada menos de 51 jornalistas foram mortos em 2000 por estarem em locais de reportagem de alto risco ou como retaliação pelo seu trabalho. De acordo com a Associação Mundial de Jornais (WAN – World Association of Newspapers), 81 profissionais da imprensa foram presos no ano passado e mais de 200 publicações foram censuradas. Em 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, os apelos ao respeito pela liberdade de expressão foram repetidos. A data foi criada há dez anos, quando jornalistas e editores africanos se reuniram numa conferência na Namíbia, e redigiram um manifesto – batizado depois de Declaração de Windhoek – clamando pela necessidade de uma imprensa independente, pluralista e livre como fundamento da democracia. Para marcar a data, a WAN disponibilizou extenso material sobre o tema em site (www.wan-press.org).

A organização francesa Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.fr) decidiu marcar a data denunciando a censura à de liberdade de imprensa por alguns chefes de Estado. Publicou 30 fotos dos ?inimigos da imprensa? em todas as lojas da cadeia Fnac, na França. Denominada ?Nome e Vergonha?, a campanha apresentou as fotos de autoridades como os presidentes Vladimir Putin (Rússia), Fidel Castro (Cuba) e Kim Jong-Il (Coréia do Norte). Também foram citados o grupo separatista basco ETA, os grupos paramilitares colombianos e chechenos, além de líderes religiosos. O secretário-geral dos RSF, Robert Menard, afirma que ?estes predadores da liberdade de imprensa têm o poder de prender jornalistas, raptá-los, torturá-los e, em último caso, de os fazer desaparecer?.

O futuro do rádio, segundo Barbeiro – Um dos responsáveis pela criação da rádio CBN, o jornalista Heródoto Barbeiro, acredita que o futuro do rádio está na internet. Segundo ele, a migração para a rede mundial de computadores será o fim das antenas e transmissores e de sua propagação por ondas eletromagnéticas. Toda transmissão, argumenta em entrevista à revista ?Imprensa?, será feita através da web. Com isso, se repetirá por aqui um fenômeno interessante que, segundo o jornalista, já está ocorrendo no mundo. Quando a Internet tiver a função de ser a grande via de comunicação no mundo, a rádio da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, vai ter o mesmo alcance que a CBN. O conteúdo da programação será o fator decisivo na hora do usuário optar por qual rádio ouvir. Barbeiro argumenta que os profissionais ainda precisam ser preparados para atuar nessa nova configuração de rádio. Além disso, ainda é preciso que haja uma maior popularização dos computadores.

A coleguinha e as gírias – Não são só os surfistas, rappers e funkeiros que se comunicam usando gírias. A maioria das pessoas, conforme seus grupos sociais, possuem códigos ou jargões técnicos. Sobre as especificidades das linguagens debruçou-se a jornalista Kárin Fusaro para lançar o livro ?Gírias de Todas as Tribos? (Editora Panda Books). Depois de um ano e meio de pesquisas, ela reuniu as palavras mais usadas por 52 grupos. São 2.154 expressões presentes no cotidiano de coveiros, carteiros, taxistas, caminhoneiros, presidiários, entre outros. ?Eu trabalhava em rádio e tinha contato com os ouvintes. Dependendo da profissão de cada um, eles tinham uma linguagem diferente?, explica Kárin. Para a jornalista, as gírias surgem, provavelmente, da necessidade que cada um sente ao se comunicar. ?Os grupos mais jovens são os que mais falam gírias, o que acaba sendo um jeito de um se sobrepor ao outro. Geralmente, as pessoas mais respeitadas do grupo são as que inventam?, explica."

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