DIA DO JORNALISTA
“Pouco para comemorar”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 4/04/03
“No próximo dia 7 de abril estaremos celebrando o Dia do Jornalista. Nesse mesmo 7 de abril, há 95 anos, nascia a Associação Brasileira de Imprensa, a ABI, instituição que, em que pese seus altos e baixos, sempre foi um baluarte na defesa das causas democráticas e da liberdade de pensamento e de imprensa.
É uma data que nunca representou muito para a categoria profissional dos jornalistas, que sempre privilegiou, em suas comemorações, o Dia da Imprensa, agora celebrado em 1? de junho, em homenagem ao início de circulação do primeiro jornal independente, o Correio Braziliense, lançado em Londres no século 19.
Pouco a pouco, no entanto, a data começa a ser ?descoberta? e celebrada, inclusive por instituições e pessoas que aproveitam-na para um trabalho de relações públicas e aproximação, com mensagens diversas de felicitações, pequenos regalos etc. Este ano, por exemplo, há pelo menos duas festividades programadas para celebrar o Dia do Jornalista. Uma delas na ABI, no Rio de Janeiro, contemplando a inauguração de uma exposição de artes comemorativa aos 95 anos da instituição, com direito ainda a coquetel e apresentação do cantor Aloísio Santos e da cantora e tecladista Célia Maria (a programação completa se inicia às 16h30 com palestras do presidente Fernando Segismundo e da deputada federal e juíza Denise Frossard). A outra na verdade se desdobra em várias e será encabeçada pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. A entidade está convocando os jornalistas de sua base para uma concentração no Masp – Museu de Arte de São Paulo, às 11 horas, seguida de caminhada até o prédio da Justiça Federal (Avenida Paulista) para manifestação em defesa da profissão, além de programar reuniões nas redações para leitura de documento, com a mesma finalidade, e a ida de delegações às varas da Justiça Federal, em todas as cidades do Estado que tenham essas instâncias do Judiciário, para abrir um diálogo com o Judiciário em defesa da nossa profissão. Um dia antes, no domingo (6/4), com um show do grupo Clube do Balanço, no Blen Blen (Rua Inácio Pereira da Rocha, 520), dá início às atividades e comemora a reeleição de Fred Ghedini e diretoria, para novo mandato de três anos (sindicalizados pagam R$ 5).
Como ninguém é de ferro, comemorar faz bem para o coração e o espírito, sobretudo para se ter também alguns momentos de alegria e de descontração em meio a tantas notícias ruins, e também para rever os amigos, falar mal dos inimigos, xingar Bush e Saddam etc. No entanto, o momento é mesmo de luta e num 7 de abril como esse que estaremos vivendo não dá para ser outro o sentimento de cada profissional. Temos problemas sérios e graves demais para resolver, pois a crise que se abateu sobre a nossa profissão é a pior da história, no Brasil, e envolve mudanças significativas no perfil da atividade.
Na verdade, não temos muito o que comemorar, a não ser a garra e denodo dos que continuam tentando fazer um bom jornalismo, a despeito das mazelas e infortúnios que nos atacam já há quase dois longos e intermináveis anos.
Além de lutar muito para reconquistar empregos, posições e salários, o que temos pela frente é um desafio imenso: repensar a profissão, refletir sobre os caminhos do jornalismo, buscar soluções que contemplem ao mesmo tempo os interesses corporativos e os interesses coletivos. E esta não é só uma tarefa dos jornalistas, individual ou coletivamente. É também dos veículos de comunicação, das empresas jornalísticas, das universidades, e de quantos mais acumulem responsabilidades sobre questões candentes como democracia, liberdade de imprensa, justiça etc.
Algumas novas condições de mercado já estão aí, explícitas, a nos incomodar. Por exemplo:
* A publicidade está em declínio e nada faz crer que regresse aos patamares anteriores. Ao contrário. Os investimentos em comunicação estão contemplando outras áreas e ferramentas, de forma cada vez mais intensa. Com isso, caíram demais as receitas das empresas jornalísticas;
* Essas mesmas empresas têm pela frente o desafio de buscar fontes alternativas de receitas, seja com a venda avulsa e de assinaturas, e mesmo da elevação dos preços de capa, para compensar parte da receita publicitária;
* Mas com a Internet, há uma clara tendência de declínio de leitores dos veículos impressos. Na web, temos informações online grátis, razão mais do que suficiente para não se gastar com compra de jornal ou revista, ou diminuir a freqüência de leitura;
* Com menos recursos e com menos leitores, os veículos diminuíram suas equipes e seus espaços editoriais, mas ainda não mudaram o ?projeto editorial?. Ou seja, continuam, em sua maioria, cobrindo o dia-a-dia pautados pelos grandes agentes econômicos, políticos e culturais. Sem grandes diferenciais, portanto, do que a Internet oferece ?de graça?. Os veículos estão cada vez mais pasteurizados e por estarem cada vez mais pasteurizados passam a ficar menos atraentes e sem grandes diferenciais. E como enfrentam a concorrência da Web, ficam muito mais vulneráveis ainda;
* As empresas jornalísticas, num processo de diversificação, deixaram de ser só jornalísticas e passaram a ter vários outros interesses. E, mais do que interesses, dívidas vultosas. Muitas estão hoje à beira da insolvência e reféns de governo, de credores etc. Ou seja, sem a necessária independência para fazer jornalismo imparcial e crítico;
* O contrário também começa a ser uma tônica. Empresários de outras áreas aproveitando-se da fragilidade dos veículos para assumir seu controle, não necessariamente por idealismo ou vocação, mas sim para aproveitar-se de um negócio em tese bom e que tem tudo para alavancar outros negócios – não necessariamente muito bons;
* A reportagem, ao estilo antigo, nesse novo formato de jornalismo não tem mais espaço, a não ser como exceção. Seu custo é muito elevado para os atuais padrões financeiros das organizações jornalísticas e na relação custo-benefício não oferecem o retorno desejado;
* O modo de apurar informação e devolver essa informação sob a técnica jornalística também vem passando por transformações profundas. Cada vez menos o jornalista faz matéria de corpo presente, valendo-se muito mais de alternativas impessoais, como telefone, Internet, arquivo etc., para concluir seus textos. Isso é exigência dos veículos que não mais mantêm profissionais para uma matéria só por dia, e nem dispõem de verbas para deslocamentos múltiplos. A carga individual de trabalho praticamente triplicou, afetando a qualidade de vida e do trabalho dos jornalistas.
* Conseqüentemente, a famosa jornada de trabalho de 5 e 7 horas também virou letra morta na grande maioria dos veículos brasileiros e só é respeitada no serviço público ou em organizações não jornalísticas;
* Uma informação apurada e veiculada, dentro de um contexto jornalístico com essas características, não tem, como se vê, a qualificação desejada, ficando suscetível a erros e imprecisões graves. E, o que é pior, sem gerar no meio jornalístico qualquer sensibilidade sobre possíveis desdobramentos. O dia-a-dia é tão massacrante que, sem tempo para avaliar o que foi, os profissionais só têm olhos para o que será. E nessa produção mecânica e mecanicista, vamos perdendo pouco a pouco o contato mais direto e profundo com os fundamentos elementares do que um dia se convencional chamar de bom jornalismo.
Estamos, pois, numa sinuca de bico, com mudanças significativas a caminho, mas sem ter clareza de para onde vamos ou onde deveremos chegar. É fato que precisamos adequar o jornalismo aos novos padrões econômicos, tecnológicos e profissionais, mas é também imprescindível que não se percam de vista seus objetivos e valores intrínsicos, entre eles o de levar para a sociedade informação de boa qualidade, com independência e coragem. Sem isso, perde o jornalismo, perdem os jornalistas e perdem, sobretudo, a sociedade e a própria democracia.
Precisamos, pois, repensar conceitualmente o jornalismo atual, mas sem perder a ternura jamais.”
GZM EM CRISE
“Associação debate ação contra GZM no sábado (05/04)”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 4/04/03
“A Associação de Empregados, Prestadores de Serviços e Credores das Empresas do Grupo Gazeta Mercantil terá uma assembléia, neste sábado (05/04), na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo para falar sobre os próximos passos da ação que estão movendo contra a Gazeta Mercantil e também para debater questões internas. ?Há mais de um mês não temos um informe jurídico sobre o que está acontecendo na Justiça. Este encontro também vai ser importante para aglutinar o pessoal?, disse um dos associados a Comunique-se.
Entre as questões que serão debatidas também estará a demissão de 50 pessoas da área administrativa da GZM, que aconteceu na última segunda-feira (31/03). Fontes contaram que o número seria ainda maior, mas o editor-chefe, Klaus Kleber, pediu à direção que não demitisse o pessoal que trabalha junto à redação. Teriam sido poupadas cerca de dez pessoas. ?Apesar disso, quatro motoristas foram demitidos?, contou uma das fontes.
A direção estaria cortando custos. Uma das possíveis decisões deverá ser a venda da frota de carros. Estariam sendo estudadas novas formas de levar os repórteres para a rua, como táxi ou locadora de carros.
As fontes contaram que quatro pessoas do Centro de Informação, uma espécie de banco de dados da GZM, foram transferidas para a redação.”
IMPRENSA EM CRISE
“Revista Imprensa está em crise”, copyright Comunique-se (www.comuniques.com.br), 4/04/03
“A Revista Imprensa está sem redação. Essa foi a informação dadas por fontes a Comunique-se. Desde dezembro do ano passado, segundo essas mesmas fontes, a revista começou a demitir funcionários em alguns departamentos. O primeiro que sofreu cortes foi o de eventos, que perdeu Sandra Kaetsu, uma das responsáveis pela organização dos Prêmios, dos Fóruns e Seminários. Logo depois foi Paulo Toledo, que era responsável pelo conteúdo do site www.mapadamidia.net além de consultor de tecnologia, um dos que agregam o portal Imprensa.
Ainda segundo informações fornecidas pelas fontes, as funções dos dois profissionais demitidos (que trabalhavam por contrato) foram transferidas para os que já estavam na casa, sobrecarregando-os em alguns momentos. Depois das férias coletivas e da edição que historicamente é bimestral (janeiro/fevereiro), a revista voltou ao normal e não havia nenhuma sinalização de que haveria mais cortes, até que o departamento de assinaturas foi desmantelado, com a desculpa de que o setor agora seria terceirizado.
Além disso, a redação teve uma baixa significativa. Quando o repórter Pedro Paulo Venceslau voltou de férias, depois do Carnaval, foi demitido. Ele era um dos mais antigos na redação, tendo entrado na casa ainda como estagiário. ?A direção se comportou absolutamente silenciosa sobre o assunto, ainda que a presença dele representasse 33% da redação?, disse uma das fontes. O corte afetou a redação porque eram apenas três jornalistas na redação-papel e uma da redação-web.
Quando a edição seguinte foi fechada, – que seria mensal, como sempre – foi avisado à redação e ao departamento de arte que aquela também seria bimestral (como a anterior), por conta do baixo faturamento nestes primeiros meses do ano. No dia 31/03, entregue a edição para a rodagem, os funcionários foram chamados um a um e demitidos sob a alegação de uma reestruturação na revista. ?As demissões foram desde da faxineira ao redator-chefe?, confirmou outra fonte. Foram então demitidos faxineira, a editora de Web, Catarina Ferraz , duas telefonistas/recepcionistas, Rosângela Magalhães a organizadora das oficinas de Web e tele (funcionária mais antiga da casa) e Rodrigo Manzano, redator-chefe.
No dia seguinte, ainda segundo as fontes, a diretoria convocou uma reunião e informou que esta era uma nova fase da revista e que esperava espírito de equipe nos parcos (mas competentes) funcionários que ainda restaram. A redação hoje se resume a apenas um jornalista, Mariana Duccini e o departamento de arte, que é terceirizado e recebe por edição montada. ?Não se sabe do futuro dos dois sites (www.revistaimprensa.com.br e www.mapadamidia.net) e diz-se que, a partir de agora, as edições seriam fechadas apenas com frilas e a colaboração dos colunistas que, ao que parece, permanecem os mesmos. Alguns dos colunistas não ficaram sabendo da situação econômica/estrutural da revista oficialmente. Alguns só souberam através de outros meios?.
Segundo informações recebidas por Comunique-se, toda a estrutura da revista foi concentrada em uma só sala, que era a redação. A medida foi tomada para que a direção possa entregar o resto do conjunto no prédio da Ipiranga com São João. Com isso, vão trabalhar na mesma sala: departamento de assinaturas e comercial, eventos, departamentro executivo e financeiro, redação e diretoria.
Segunda-feira (07/04) está marcada a homologação dos funcionários dispensados.
Comunique-se entrou em contato com a direção da revista e obteve a seguinte resposta (abaixo na íntegra), via e-mail, de Alexandra Itacarambi, responsável pelo departamento financeiro:
?Revista IMPRENSA está se reestruturando em função da crise publicitária iniciada no segundo semestre do ano passado.
A principal decisão está sendo a terceirização de sua redação nos moldes em que foi feita, anteriormente, nos departamentos de arte, circulação e comercialização.
Neste contexto, a próxima edição será bimestral (abril e maio), retornando a periodicidade normal em junho, quando novas parcerias e novos produtos estarão sendo incrementados para fortalecer ainda mais o conteúdo editorial da publicação, inclusive na internet?.”
EDITORA GLOBO
“Proposta da Editora Globo é aceita”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 3/04/03
“Depois de muita negociação entre o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo e a Editora Globo na noite desta quarta-feira (02/04), dois terços dos jornalistas da empresa decidiram aceitar a proposta da direção de não pagar a segunda parcela em troca da estabilidade no emprego. ?Pessoalmente, achei o acordo ruim porque, embora eles digam que há um compromisso de não demitir, nada foi assinado. Eles mesmos disseram que se a economia tomar um rumo negativo, não haverá como evitar cortes?, disse o presidente do SJPSP, Fred Ghedini.
Quem recebe menos de R$ 2.500 conseguiu manter a convenção de 6,5%, a partir de 01/06. Já os que ganham mais do que esse valor só deverão receber a segunda parcela depois de encerrada a negociação da próxima convenção, a partir de 01/12. A parcela não será retroativa.
?Eventuais demitidos e demissionários entre 01/05 e 30/11 têm os percentuais da convenção garantidos e três meses, depois da saída da empresa, de assistência médica?, explicou Ghedini.”