ÉPOCA
"Um olho nas eleições, outro na liderança" copyright Comunique-se, 12/12/01
"A chegada de Paulo Moreira Leite mexeu efetivamente com a vida de Época e do mercado das semanais. Desde o início ele garantiu que chegava à revista disposto a torná-la mais nervosa, mais aguerrida e que o objetivo final é a liderança do mercado das semanais, desbancando Veja de seu reinado de quase 35 anos.
De cara, mexeu na equipe, buscando no mercado profissionais de sua confiança e com o perfil mais adequado ao novo espírito da revista. Foi buscar na concorrência alguns dos melhores, alguns dos mais premiados, alguns dos mais investigativos. Expedito Filho e Andrei Meireles, em Brasília, por exemplo, são jornalistas que impõem respeito e muito receio aos políticos que não andam direito. Tem excepcionais fontes e um talento para descobrir maracutaias como poucos. Em São Paulo, manteve apenas dois nomes do staff herdado de Augusto Nunes e Aluisio Maranhão – Laura Greenhalgh e Fábio Altmann – e contratou David Friedlander (ex-Veja e um dos principais repórteres especiais da Folha de S. Paulo), Delmo Moreira (ex-editor-chefe da Gazeta Mercantil), Kaíke Nanne (outro ex-Veja e que foi redator-chefe da Playboy) e Angélica Santa Cruz (também originária dos quadros de Veja, onde fez capas históricas, como a confissão do Maníaco do Parque, e ultimamente comandando a redação do site NO. em São Paulo).
É da lavra de Angélica, por exemplo, a polêmica capa, que repercutiu em todo o País, sobre o uso da maconha por personalidades conhecidas do grande público. Foi dela também (salvo engano) outra capa polêmica – nos tempos de Veja – em que arrancou depoimentos emocionados de mulheres famosas assumindo a prática do aborto. Andrei foi, ao lado de Mino Pedrosa, autor das matérias que culminaram com as renúncias dos senadores Antonio Carlos Magalhães e José Carlos Arruda, podendo ser bi no Esso, onde em 2000 ganhou o Prêmio de Reportagem, ao lado de Isabela Abdala, com a matéria Defesa Aberta. Expedito também é velho frequentador do Esso, tendo dois já na galeria, um de 1986 (de Informação Política, com o Grampo de Sempre) e outro de 1990 (idem, com Collor chega à praia, integrando equipe à época liderada pelo próprio Paulo Moreira Leite).
Nesta semana, integrou-se à equipe Ernesto Bernardes, como editor de Sociedade. Bernardes era o editor de Finanças da Dinheiro, e esteve anteriormente em Veja e Quatro Rodas.
Época efetivamente mudou. A capa da Petrobrás, de duas semanas atrás, por exemplo, mexeu com a gigante estatal, provocando desconforto geral por ter tocado numa ferida que todos viam, mas poucos falavam. Curiosamente, e numa coincidência infeliz, a mesma edição que pôs em cheque a capacidade do comando da empresa (e de seu presidente Henri Philippe Reichstul) trouxe um anúncio de página dupla da companhia.
Com isto começou a obter, por força da ênfase e dos assuntos abordados, a tão almejada repercussão na opinião pública, rivalizando nesse quesito com Veja e IstoÉ. Faz parte do jogo, obviamente, questionamentos sobre o estilo de jornalismo praticado (agressivo, inconveniente inconsequente? – depende obviamente da ótica e da leitura que se faça). Mas quem não se lembra da capa de Veja com Cazuza (esquelético e notoriamente às vésperas da morte) em foto que chocou o País, para ficar em apenas um exemplo?
Sob o comando de Paulo, o estilo ?nervoso? será a tônica em Época e ele aposta muito nas eleições do próximo ano. Montou um time com forte cacoete político (como se viu pelos nomes acima) e certamente vai querer oferecer aos seus leitores a mais completa e crítica cobertura da imprensa brasileira na sucessão presidencial em 2002, o que, em outras palavras, sinaliza que os políticos deverão deixar as barbas de molho, pois virá chumbo grosso pela frente. Como Veja e IstoÉ não vão dormir de touca, teremos certamente um ano com a perspectiva de muitos furos.
Em termos de mercado de trabalho, também pode ser um fator a favor de um movimento de reabertura de vagas. É o que todos queremos."
MERCADO
"Mercado estabiliza-se (em baixa), mas passaralho ainda ameaça" copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 12/12/01
"O mercado estabilizou-se nos últimos dias, mas isso não é garantia alguma de que o pássaro aziago deixe de fazer seus estragos. Houve uma certa trégua nas demissões, mas isso não é consolo algum, já que as únicas poucas vagas criadas estão no mercado corporativo. Ou seja, temos um déficit gigante e um trabalho enorme para ajudar a reconstruir o mercado, buscando recolocar as centenas de colegas desempregados.
Para estragar ainda mais o final de ano da categoria, os patrões de jornais e revistas do Estado de S. Paulo, aproveitando a situação e o momento de desestabilização da categoria, fizeram simplesmente uma proposta ridícula e indigna de quem tem responsabilidades com seus colaboradores: zero por cento de reajuste salarial, nas negociações com o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, relativas ao dissídio coletivo. Com um irônico detalhe: aceitam retomar a conversa em março.
Essa posição levou a entidade a chamar publicamente os prepostos dos patrões de ?caras-de-pau?, no informativo Mural do último dia 11/12, buscando, desse modo, mobilizar os colegas. Será difícil, sabemos, pois em situação de normalidade já é difícil mobilizar jornalista, que dirá numa situação de pressão como a que estamos presenciando agora na maior parte dos veículos de comunicação.
Enquanto isso, o pássaro vai procurando novos ambientes para pousar sua saga defenestradora. Por informações obtidas com colegas de Minas Gerais, ele ameaça fazer um vôo por lá, talvez ainda em dezembro, talvez em janeiro.
Muitos rumores também davam conta de que o Diário do Grande ABC estaria prestes a anunciar um corte. O clima andou pra lá de tenso nas últimas semanas, com a expectativa de lista de corte, inclusive na redação. Jornalistas&Cia apurou duas notícias sobre o assunto, uma ruim e outra boa. A ruim é que o corte efetivamente ocorrerá e é de 20% dos custos da empresa e a boa notícia, a ser confirmada, é que a empresa poupará a redação e essa economia sairá de outros núcleos e custos.
Obviamente não se deve esquecer que o Diário, em termos de equipe, não é hoje uma pálida sombra do que foi em seu auge, no ano de 1997, quando a redação chegou a ter 154 profissionais. Hoje está reduzida a 80 profissionais que trabalham num ritmo frenético fazendo praticamente o mesmo jornal (e talvez até um pouco mais) de quatro anos atrás. A garantia de que não haverá corte de pessoal veio na noite desta terça-feira (10/12), após reunião com os editores – para alívio geral.
Há uma informação de que os cortes já rondam, agora de forma efetiva, a redação de A Gazeta Esportiva, jornal que desapareceu em sua versão impressa para continuar apenas em edição virtual, na web, como Gazeta Esportiva.Net. Comenta-se que as demissões começam no dia 19 e que as primeiras vítimas serão os funcionários terceirizados. Além de colunistas, seis jornalistas da redação deverão deixar seus empregos. A promessa do superintendente da área de Internet (ex-jornais), Júlio Deodoro, é a de que haverá recontratação em 2002. Os cerca de 30 estagiários da redação do jornal devem ser dispensados até o final do ano.
No mar de más notícias em que o mercado se transformou para os jornalistas, saindo do paraíso para o inferno num intervalo de um ano, vale a dica de um colega empregado, vendo o desespero dos que foram demitidos: ?Frilas, agora, só para desempregados. Não adianta insistir?.
É o que poderíamos chamar de solidariedade informal, ou seja, aquela que independe e se dá às margens do alto comando das empresas. Seria, no caso da indústria, a chamada solidariedade do chão de fábrica."
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"Editora Peixes será a quarta do mercado" copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 12/12/01
"Com a incorporação de cinco dos seis títulos da Camelot (Gula, Speack-Up, Automóvel & Requinte, Automóvel Aventura e Viver Bem), a Editora Peixes, de Ângelo Rossi, sobe para a quarta posição entre as editoras de revistas do País, abaixo de Abril, Globo e Três, mas já acima da Símbolo (empresa que hoje integra o Grupo Abril).
O negócio não envolveu dinheiro, segundo as empresas, e sim troca de ativos. A Peixes incorpora os títulos e cede, por eles, 44% das ações da empresa ao Grupo Patrimônio. Com isso, as redações da Camelot, hoje situadas num prédio às margens da Av. Nações Unidas e próximo a Cidade Universitária de São Paulo, mudam-se para a Vila Olímpia, onde fica a Peixes, num prédio localizado à Rua Helena, 260. As obras por lá já começaram e o prazo final de mudança é 30 de janeiro de 2002. Todo o 2? andar e o pedaço do 4? andar onde hoje está o comercial serão ocupados pelas redações que a empresa passará a ostentar em seu portfolio a partir de agora.
A revista Sexy, da Peixes, ficou de fora da negociação, pois o Grupo Patrimônio – dirigido por mormons – não quer associar a imagem da organização a uma publicação erótica. Bom para Ângelo Rossi, que ficará com ela, criando uma nova empresa para administrá-la (localizada no mesmo endereço). Também a Forbes Brasil, pelo lado da Camelot, não entrou no acordo. O Grupo Patrimônio tem interesse em firmar outra parceria para o título, saindo de vez da administração direta do negócio. Poderá ser através da chegada de um novo investidor ou de parceria semelhante à realizada com a Peixes, pelo qual se faça troca de ativos. Isso significa, segundo fonte ouvida por Jornalistas&Cia, ser pouco provável que entre os candidatos à Forbes esteja a Editora Globo, como se tem propalado.
As revistas Automóvel & Requinte e Automóvel Aventura deverão fundir-se num único título, visto que o segundo de certo modo concorre com Caminhos da Terra, publicação nascida na Abril e recentemente incorporada pela Peixes.
A partir de fevereiro, portanto, quando a mudança já estiver concluída, a Peixes terá em seu portfolio oito títulos: os cinco que deverão virar quatro vindos da Camelot, mais Caminhos da Terra, Set, Fluir e Próxima Viagem. Forbes e Sexy seguem independentes, até que algum fato novo surja.
Uma mudança como essa poderá ter impactos positivos no mercado, seja pela força da empresa, inclusive no mercado publicitário, seja pela sinergia obtida com a fusão. O que não chega a ser animador é o fato de a Peixes tradicionalmente trabalhar com equipes super enxutas, complementando suas necessidades editoriais com a contratação de frilas. De qualquer modo, há uma aposta no crescimento e se ele vier certamente o mercado será beneficiado."