Eliakim Araújo

“A TV Globo e Fausto Silva, o Faustão, acabam de ser condenados em ação de indenização movida por Ivalino Raymundo da Silva, um operador de câmera que durante alguns anos trabalhou no Domingão do Faustão. A notícia está no excelente portal Espaço Vital, destinado ao mundo jurídico.

Ivalino, apelidado Gaúcho, ficou famoso nacionalmente ao aparecer todos os domingos na tela da Globo. Durante muitos anos, enquanto Faustão gozava o funcionário, outras câmeras focalizavam Gaucho em sua posição de trabalho, obrigado a engolir as brincadeiras e chacotas do apresentador. Sentindo-se ofendido, Gaucho entrou na Justiça cobrando indenização por danos morais e materiais.

Depois de perder nas instâncias estaduais do Rio de Janeiro, a Globo recorreu ao Supremo Tribunal que decidiu em favor de Gaúcho, condenando a emissora e o apresentador a indenizarem o funcionário em quantia equivalente a 150 salários mínimos. Um valor relativamente pequeno, mas que levou a Globo a brigar até o fim para evitar o precedente que pode trazer em seu rastro um punhado de outras reclamações.

Corretíssima, a meu ver, a decisão da Justiça. O Gaúcho, funcionário humilde de um programa de luxo que deve render alguns milhões de reais à emissora, acumulou durante muito tempo as funções de câmera e de atração do programa. Como câmera, recebeu mensalmente o salário que lhe era devido. Entretanto, como atração dominical do Domingão do Faustão não recebia nenhum centavo. Além de ficar exposto a brincadeiras do apresentador, incluídas aí algumas inocentes e outras de mau gosto. Nunca lhe foi perguntado se aceitava participar naquela situação. A inciativa partiu do apresentador e da produção do programa.

É claro que, num programa ao vivo, uma ou outra referência a funcionário que atua atrás das câmeras, não daria ensejo à cobrança indenizatória. É até simpático que a TV mostre vez por outra aquelas pessoas mais humildes, os técnicos, que ganham pequenos salários e prestam um grande serviço. Sem eles, muitos ?gênios? da TV não teriam sucesso.

Mas, no caso do Gaúcho, a referência virou um hábito e transformou-se em atração do programa. Com isso, ele passou a ter direito a uma indenização material, pelo serviço prestado. E as gozações que passaram do limite, transformaram-no em vítima, deixando-o numa posição vexatória diante dos telespectadores. Nesse caso, é justa a indenização moral.

Depois do que aconteceu recentemente no programa do Gugu, quando a ética foi mandada pro espaço e o telespectador desrespeitado em seu direito à informação verdadeira, é bom que as pessoas que se sintam ofendidas recorram à Justiça na busca de seus direitos.

Antes que os patrulheiros de plantão venham a se manifestar, quero deixar claro que não estou aqui defendendo nenhum tipo de censura aos veículos de comunicação. Meu protesto é contra a desigualdade de forças. De um lado, jornalistas, colunistas e apresentadores, despreparados alguns, debochados outros, que se prevalecem da força do veículo que têm nas mãos para inventar, achincalhar e humilhar seres humanos, muitas vezes destruindo-lhes a honra (vide o célebre caso da Escola Base). De outro, a vítima, que não dispõe do mesmo espaço na mídia para se defender.

Nesses casos, Justiça neles.”

“Serão cinco cotas a R$ 18 milhões; Bradesco, Brastemp, Grendene, Intelig e UOL terão preferência por terem patrocinado Olimpíadas em 2000

A TV Globo lançou ontem o pacote comercial para as Olimpíada de Atenas, que serão realizadas entre 13 e 29 de agosto. Serão cinco cotas a R$ 18 milhões que darão aos anunciantes 638 inserções entre 1? de junho e 30 de agosto, mais 30 no horário nobre durante o primeiro semestre. Bradesco, Brastemp, Grendene, Intelig e UOL terão prioridade por terem sido os cotistas em Sidney 2000. Os patrocinadores do comitê Olímpico Internacional (COI): Coca-Cola, Mc Donald?s e Visa, entre outros, também terão preferência. O prazo para todos é 17 de novembro. Depois, as cotas vão ao mercado.”

“Crianças que passam muitas horas em frente ao televisor têm mais dificuldades para aprender a ler. A conclusão é do primeiro estudo realizado nos Estados Unidos sobre o efeito dos meios de comunicação em menores de idade. A pesquisa, divulgada pela Fundação Kaiser para a Família, constatou que as crianças dedicam uma média diária de pelo menos duas horas à telinha, assistindo programas de TV, jogando video games ou operando um PC, mais tempo do que para um livro (39 minutos).

Segundo o estudo, na faixa de idade de seis meses a seis anos em muitos lares americanos a televisão é ?uma companheira onipresente? e 65% das crianças vivem em lugares onde o aparelho fica ligado boa parte do dia, mesmo que ninguém esteja assistindo.

Além disso, a pesquisa assinala que as crianças que têm televisor em seus quartos ou em cujos lares se vê muita TV, dedicam, em conseqüência, menos tempo a brincar ao ar livre e a ler livros, de acordo com nota da Agência EFE.

?Estes resultados devem servir de alerta sobre o impacto da TV nos hábitos de leitura das crianças e, claramente, isto merece ser melhor pesquisado?, afirmou a pesquisadora Vicky Rideout, também diretora do programa que estuda a relação entre saúde e o hábito de ver televisão.

Segundo o relatório, os novos meios digitais fazem parte ?essencial? da infância americana, ao ponto que 48% dos menores de seis anos já utilizaram um computador, e destes, 70% tiveram acesso ao computador quando tinham entre quatro e seis anos.

As crianças menores de dois anos de idade estiveram expostas a diversos meios eletrônicos e 43% delas vêem televisão todos os dias, contrariando as recomendações da Academia Americana de Pediatria.

Ainda sobre esta faixa de idade, 68% dessas crianças utilizam diariamente algum meio eletrônico por um pouco mais de duas horas, em média. O estudo, que se baseia em entrevistas com 1.065 pais, confirma o que os pesquisadores notaram há algum tempo: cada vez mais, as crianças utilizam mais cedo os meios de comunicação e entretenimento.”