ROBÔ JORNALISTA
“O robô-editor substitui o editor-robô”, copyright
Folha de S. Paulo, 6/10/02
“Uma boa notícia para quem detesta jornalistas. Pelo menos uma parte dessa espécie pode estar a caminho da extinção. São aqueles que, com os mais diversos títulos, vivem de selecionar as notícias trazidas pelos outros. Começou a funcionar na internet um sítio chamado Google News. Ele trabalha sem qualquer participação humana. O computador fica o dia inteiro no ar catando notícias em quatro mil publicações e emissoras. A qualquer momento, oferece cerca de 200 assuntos, divididos em seis categorias (mundo, EUA, negócios, ciência, diversão e saúde).
Por exemplo. Na manhã de sexta-feira, oferecia 102 notícias relacionadas com a eleição brasileira. Ia do ?New York Times? ao ?The Scotsman?. À mesma hora, na seção de saúde, havia 35 notícias sobre a pesquisa australiana que revoga a tese segundo a qual as mulheres são o lado tenso e explorado dos casamentos.
O Google News seleciona as reportagens e leva o curioso às páginas dos veículos que as oferecem. Não avalia nem julga. Isso às vezes leva-o a produzir escolhas desconexas, mas uma coisa é certa: faz uma coisa que nenhuma estrutura humana poderia fazer com o mesmo grau de eficiência.
O editor-robotizado tem também um mecanismo de pesquisa que permite chegar à edição do jornal canadense ?The Globe and Mail?, onde Francisco Gros teria insinuado que deixaria a Petrobras por conta de pressões políticas. Lendo-o, percebe-se que, se a notícia é falsa, como diz Gros, ?ataque de loucura do jornalista? também não foi. Foi coisa de quem sabia muito bem o que estava fazendo. O repórter, ao publicar o que Gros disse (ou não disse). Ou Gros, ao desmentir o que não disse (ou disse).
Infelizmente, a base de busca do Google limita-se a veículos de língua inglesa. De qualquer forma, aqui vai o bem-aventurado endereço:
http://news.google.com/”