MÍDIA AMERICANA
Pesquisa do Pew Research Center for People and the Press, instituição de estudo da mídia [4/8/02] diz que a imprensa tem hoje, entre os americanos, status semelhante ao anterior aos atentados de 11 de setembro.
Atualmente, apenas 49% das pessoas acreditam que as organizações jornalísticas são "altamente profissionais". Em novembro, 73% compartilhavam dessa opinião. Também a crença no patriotismo da imprensa caiu, de 69% para 49%. Cerca de um terço dos americanos acha que a mídia é muito crítica dos EUA. A maioria das pessoas sequer acredita que ela se importe com as pessoas alvo das reportagens.
A vigilância do jornalismo, no entanto, continua sendo valorizada pela opinião pública. Em novembro, 54% achavam que o olhar da imprensa fazia com que políticos deixassem de fazer algo que não devem. Hoje, 59% são dessa opinião. Mesmo na crítica às forças armadas há uma maioria favorável: 49% entendem que ela mantém o exército preparado, em oposição a 40% que acham que o excesso de crítica acaba por enfraquecê-lo. Ainda assim, seis em dez americanos consideram a mídia um obstáculo para que a sociedade resolva seus problemas.
Tradicionalmente, os republicanos sempre acharam, mais que os democratas, que a imprensa é politicamente tendenciosa. Dado aferido pelo Pew Research Center mostra que isso ainda é assim: 69% a 57%. Contudo, foi entre os democratas que a desconfiança aumentou mais. Em novembro, 17% a menos eram dessa opinião. Desde meados da década de 80, mais de metade dos americanos acredita que o poder da mídia está crescendo.
A rede de TV CNN é o veículo de maior credibilidade, com 37% das pessoas referindo-se a ela como fonte em cujas notícias se pode acreditar totalmente ou quase totalmente. O Wall Street Journal ficou pouco atrás, com 33%. Apenas 21% atribuíram o mesmo grau de confiabilidade a algum jornal local.
GLS
A HBO americana interrompeu no meio a gravação de documentário orçado em US$ 1 milhão sobre cinco homens homossexuais que vivem numa casa de veraneio na comunidade de Pines, na Ilha Fire. Segundo a emissora, a comunidade local reagiu negativamente ao projeto, fazendo com que a equipe de produção não tivesse acesso à verdadeira cena gay da ilha. Rebecca Traister [The New York Observer, 5/8/02] reporta que o Pavilion, clube gay mais freqüentado dali, bem como Low Tea e High Tea, festas regulares da comunidade GLS, não permitiram a presença das câmeras.
O reitor da Escola de Direito da Pensilvânia, Gary Clinton, e seu parceiro Don Millinger, conselheiro especial do Museu Guggenheim, que costumam passar férias no local, escreveram carta à HBO na qual se diziam preocupados com a possibilidade de que fosse revelada a homossexualidade de pessoas que não a assumiram publicamente, causando-lhes danos a elas. A equipe não estaria avisando de modo adequado os residentes da ilha de que estavam sendo filmados. Os protagonistas do programa disseram que ouviram que a HBO e sua proprietária, AOL Time Warner, teriam sido ameaçadas de processo pela dupla.
Porta-voz da rede confirma que o cancelamento teria sido motivado por respeito à privacidade dos moradores de Pines. Os cinco homens, no entanto, acham que a verdadeira razão é a falta de material sensacionalista gerado nas gravações até agora. "Não somos um ponto de drogas. Não usamos isso. Ademais, temos 30 e poucos anos, então não somos um bando de promíscuos. Dois de nós estão juntos há oito anos. Estava claro desde o começo quem somos", diz Robert Kushner, um dos objetos da produção da HBO, sobre o eventual desapontamento que seu estilo de vida pacato pode ter causado.