CRISE NO NYTIMES
Parece inevitável que, atualmente, todas as medidas de Joseph Lelyveld, editor-executivo interino do New York Times, sejam encaradas como um antídoto para os erros de Howell Raines, seu predecessor, e num dos períodos mais tumultuados na história do jornalão. Durante o mandato de Raines ocorreu o escândalo de Jayson Blair ? além de outros desgastes considerados mais brandos ?, que trouxe à tona a insatisfação da redação com seu estilo de administração e culminou com seu pedido de demissão.
De repente, Lelyveld, um senhor de 66 anos geralmente quieto, está respondendo freneticamente aos pedidos de socorro do jornal mais prestigioso dos EUA, diz Mark Jurkowitz [The Boston Globe, 18/6/03].
Assim que Lelyveld saiu de sua confortável aposentadoria para substituir Raines temporariamente, uma onda de alívio tomou conta da redação: agora estariam sob o comando "da mão estável de um agricultor", como disse um funcionário. Em seu segundo mandato como editor-executivo, que promete ser breve, a primeira medida de Lelyveld foi ? e está sendo ? restaurar a estabilidade.
Como editor-executivo, Lelyveld sempre foi muito respeitado no Times, apesar de não ser do tipo amável, como Lou Grant. Intelectualmente rigoroso, valoriza a boa redação. Sua ambição é envolvente, e já rendeu ao jornal um Pulitzer em 2001, por uma série de reportagens sobre raça. Com a introdução de cores e novas seções, presidiu o jornal durante um período de mudanças significativas, no qual o Times pôde expandir seu alcance nacional.
Lelyveld sempre preferiu Bill Keller, seu editor-administrativo entre 1997 e 2001, para sucedê-lo como editor-executivo. Mas Howell Raines ganhou a corrida. Agora, graças a uma estranha manobra do destino, parece que conseguiu uma segunda chance de influenciar nessa escolha, talvez a mais crucial que o jornal terá de fazer ? e urgente.