Friday, 10 de January de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 25 - nº 1320

Em defesa da reforma

UNIVERSIDADE DE COLÚMBIA

Lee Bollinger, presidente da Universidade de Colúmbia, foi muito criticado quando suspendeu há um mês a busca pelo novo reitor da Escola de Jornalismo, alegando ser necessário repensar sua missão. Em artigo para o New York Times [17/8/02], Michael Janeway, diretor do National Arts Journalism Program, da universidade, e um dos integrantes do comitê de busca, defende a decisão de Bollinger, observando que as transformações sofridas pelo público e pela imprensa tornam a reforma do curso urgente, ao mesmo tempo em que trabalha contra ela.

“Há uma tensão entre as demandas da sociedade e os hábitos da indústria”, escreve, lembrando que os repórteres precisam aprender lidar com os cortes de custos nas redações, o aumento de lucro exigido pelas corporações que dirigem o jornal, o predomínio das “soft news” no noticiário e a atuação de consultores que vivem de plantar notícias. Mesmo sabendo cobrir eventos como o 11 de setembro e o colapso da Enron, é preciso reconhecer o ponto de vista do leitor e do telespectador e perguntar-se porque assuntos como terrorismo e fraude contábil só merecem atenção quando tais histórias explodem.

Além disso, Janeway lembra que as empresas jornalísticas não investem na educação de novos jornalistas como outras investem em escolas de administração. O autor acredita que neste ofício a graduação não é tão necessária quanto para os profissionais de direito e de medicina, já que nos Estados Unidos a área não exige certificados, mas isto não deveria afastar as organizações da universidade, que pode colaborar com o fortalecimento da própria indústria. O autor afirma que a reforma do currículo, da convocação de alunos e da extensão do curso de Jornalismo beneficiaria os estudantes, que usariam o tempo extra para se especializar em diferentes campos, mas com professores que tratam o assunto de forma jornalística, ressalta; segundo Janeway, as especulações de que Bollinger pretende introduzir uma abordagem teórica de estudos da comunicação não têm fundamento.