Friday, 29 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Em nome dos Josés da Silva

JORNAL NACIONAL

Jarmeson de Lima (*)

Nada como assistir TV e colocar os pés no chão para constatar que estamos no Brasil e que nada mudou. Não há nada mais interessante que ver o Jornal Nacional e o poder que eles têm de reverter uma notícia mostrando apenas e tão-somente um lado do fato. Nem é preciso dizer muito, isso já é público e notório. Todos sabem como a Rede Globo via Jornal Nacional adora distorcer/manipular os fatos de um jeitinho que só eles fazem. Já virou uma fórmula.

Tomemos um exemplo simples: a greve dos servidores públicos federais. Ao invés de mostrar como foi a repercussão da greve em nível nacional (afinal, a greve está ocorrendo em todo o país), a cobertura se restringe a um único local e com uma única finalidade: associar a greve à baderna. Mostram imagens fortes do confronto dos grevistas com a polícia no Pará e ignoram as manifestações pacíficas e mais relevantes que aconteceram no resto do país. Para contrapor ainda mais esse quadro de truculência e baderna, mostram logo depois uma pacífica reunião ministerial onde mais uma vez repetem que o governo propôs aumento e gratificações aos servidores. Parcialidade total, desinformação geral.

Onde está a ética? Até que ponto podem chegar? Eis um belo problema… Eles podem tudo, podem chegar a qualquer lugar. Afinal, fazem um dos programas de maior audiência do país. E quem há de discordar e se fazer ouvir de forma a reverter esse quadro? Enquanto as outras emissoras de TV tentam fazer um jornalismo, se não completo e eficaz, mas pelo menos mais honesto, eis que os anos de tradição e servidão ao poder mostram que nada mudou no formato jornalístico global que agora tenta ser mais popularesco, ao explicar didaticamente cada termo de difícil compreensão pela sua audiência.

De que adiantam programas de TV que debatem a questão da ética jornalística brasileira se os representantes da TV Globo continuam a ignorar o clamor da verdade e preferem se fazer de surdos? Surte algum efeito? Que efeito pode fazer se a audiência do próprio Observatório da Imprensa já entende exatamente essa insistente questão? É chover no molhado. Infelizmente estamos falando para poucas pessoas que já sabem o que vão ver e que vêem justamente porque querem ver isso. De que adiantam colunas de jornais, editoriais, reportagens em revistas, se todas elas sucumbem ao poder minimizador do Jornal Nacional? Somos reféns de uma mídia que continua com suas táticas mercadológicas e que, por ter consciência de seu poder de alcance, jamais dará o braço a torcer.

De que adianta tudo isso, se o sr. José da Silva continua a assistir o Jornal Nacional sem ter a mínima noção de que a visão que eles trazem da realidade brasileira é completamente distorcida? De que adiantam telejornais mais completos e programas de debates em diversos canais ou até mesmo TV por assinatura, se o sr. José da Silva é incapaz de mudar de canal no horário do Jornal Nacional, por manter uma tradição de muitos anos? E agora José?!

(*) 23 anos, recém-formado em Jornalismo, desempregado e residente em Camaragibe (PE)

Caro Jarmeson, Recebi com surpresa sua mensagem. O Jornal Nacional tem coberto a questão salarial dos servidores do executivo federal atentamente.

O tratamento que demos à oferta presidencial de 3,5% de reajuste ? e só no ano que vem ? jamais poderia ser visto como "governista".

As imagens que destacamos foram exatamente da truculência policial no tratamento dispensado aos manifestantes em Belém.

A linha editorial da Central Globo de Jornalismo, que seguimos sob a direção do jornalista Carlos Henrique Schroder, foi traçada há seis anos ainda na gestão de Evandro Carlos de Andrade, recentemente falecido: publicar assuntos de interesse público com a preocupação de sermos precisos e corretos.

Não recebemos nenhuma queixa relativa ao tratamento que demos ao caso ? a não ser sua mensagem.

Tenho a certeza de que você não acompanhou com atenção o noticiário do Jornal Nacional daquela noite. E, a julgar pelo tom de sua crítica, nenhuma das edições em que tratamos da dramática situação do funcionalismo.

Minha resposta, em atenção à sua mensagem, serve também como um convite: que você assista ao resultado do nosso trabalho como fazem milhões de brasileiros, na certeza de que estará vendo o que de mais importante se de deu no Brasil e no mundo. É um compromisso do Jornal Nacional que temos procurado honrar- em nome de trinta e dois anos de história e de nossa consciência profissional. Atenciosamente [William Bonner e equipe JN].

    
    
                     

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