Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Em pé-de-guerra

MONITOR DA IMPRENSA


ITÁLIA
Em pé-de-guerra

O império midiático de Silvio Berlusconi, líder de oposição de direita na Itália, criticou duramente a prestigiada revista inglesa The Economist, acusando seu editor, Bill Emmott, de lembrar o lendário revolucionário russo Lênin. Il Giornale, diário nacional conservador, disse no fim de abril que Emmott pertence a uma conspiração esquerdista com pretensões de sabotar a esperada vitória de Berlusconi nas eleições gerais da Itália, marcadas para 13 de maio. O jornal também afirmou que o semanário britânico estava se intrometendo na democracia italiana.

Uma fotografia de Emmott, que tem barbicha e é calvo, segurando uma cópia de sua revista, ganhou legenda dizendo que sua imagem lembra vagamente Lênin, segundo Rory Carrol [The Guardian, 30/4/01]. Os três canais de TV de Berlusconi juntaram-se ao Giornale ao acusar a mídia estrangeira de apoiar o governo atual, de centro-esquerda.

A reportagem de capa da Economist de duas semanas atrás causou furor ao declarar que Berlusconi, de 64 anos, não serve para o ofício devido a seu passado em negociações financeiras e a conflitos de interesses entre suas ambições políticas e suas propriedades na mídia. A Fininvest, companhia financeira de Berlusconi, disse que processará a revista por difamação por pormenorizar suposta lavagem de dinheiro, suborno, evasão de impostos e ligações com a máfia.

A coalizão de partidos atualmente no poder na Itália foi atrás de pesquisas de opinião e entusiasmou-se com as críticas, mas a aliança de Berlusconi ainda é a preferida da maioria.

Ecos na Europa

A Economist não está sozinha nesta batalha. Segundo John Tagliabue [The New York Times, 5/5/01], toda a Europa lincha Berlusconi. A virulência dos ataques lembra a campanha dos governos europeus, no ano passado, contra a eleição na Áustria do líder de extrema-direita Jörg Haider. Na França, o diário de esquerda Libération cobriu sua capa com fotos de Mussolini, sob a manchete "Ele é perigoso". Outros ataques apareceram no alemão Süddeutsche Zeitung, no espanhol El Mundo e no francês Le Monde.

Em editorial recente, Le Monde lembrou que Berlusconi é da Aliança Nacional, partido de direita que o jornal descreveu como "pós-fascista", e da Chama Tricolor, grupo siciliano nacionalista de direita, que chamou de "partido explicitamente racista e fascista."

100 DIAS
Bush pouco apareceu

O presidente dos EUA, George W. Bush, fez um bom trabalho ao controlar suas opiniões nos primeiros 100 dias de governo. Apesar disso, não caminhou por solos menos áridos na TV e nos jornais em relação ao ex-presidente Bill Clinton. A conclusão é de um estudo conduzido pelo Project for Excellence in Journalism sobre cobertura noticiosa.

A pesquisa revela que Bush é "dramaticamente menos visível" que Clinton oito anos atrás. No total, houve menos 41% de reportagens sobre Bush na TV. As informações são da Associated Press (30/4/01). "Como um todo, a imprensa interpretou Bush como um administrador capacitado, mais confortável como expert que como homem do povo, perseguidor de uma conduta sincera e ideologicamente conservadora, ainda que controversa", concluiu o estudo. Clinton, ao contrário, foi alvo de maior cobertura televisiva, a qual o descreveu como político do povo, cujas ações eram muito bem calculadas, além de muito populares.

Durante o período estudado, ambos receberam a mesma porção de reportagens negativas ? 28% ?, mas Clinton ganhou mais reportagens positivas do que Bush ? 27% e 22% respectivamente. "Contrariando reclamações democratas, Bush não está tendo um início mais sossegado que Clinton na mídia americana", diz o estudo.

O primeiro mês de Bush foi melhor que o primeiro mês de Clinton. Mas, segundo a pesquisa, a cobertura de Bush tornou-se mais crítica no segundo mês. O estudo é baseado em 899 artigos de jornais e matérias em 7 veículos: ABC, CBS, NBC, PBS, New York Times, Washington Post e Newsweek.

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